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40 anos das Diretas Já

Manifestação pedindo eleições diretas (Diretas Já) em Brasília (DF) Crédito: ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Por Marcos Freitas Pereira

Em 2023, completam-se 40 anos do início do movimento das Diretas Já. Em 1983, a Emenda Constitucional das Diretas Já, conhecida como Emenda Dante de Oliveira foi apresentada na Câmara dos Deputados.  A emenda permitia a eleição direta para presidente da República. Foi uma conquista importante do povo brasileiro, que lutou bravamente contra a ditadura militar que governou o país por mais de duas décadas.  Eu vivi essa época e participei ativamente do movimento. Lembro-me com clareza do comício na Praça da Sé, em São Paulo, e da palestra do Dante de Oliveira na PUC, momentos de grande mobilização popular que mostravam a força do povo e a sua vontade de ter voz ativa na escolha dos seus representantes.

Em abril de 1984 a Emenda Constitucional não foi aprovada pelo Congresso Nacional, faltaram apenas 22 votos. Artistas, cientistas, políticos, estudantes, jogadores de futebol e outros participaram desse movimento que deve ter sido o maior movimento político que o Brasil já teve. Apesar da Emenda não ter passado a luta continuou pelo povo brasileiro e em novembro de 1984, depois de muita pressão, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional no. 26 que estabeleceu as eleições diretas para presidente da República a partir de 1989.

É emocionante pensar na coragem e na determinação daqueles que se opuseram ao regime autoritário, muitos deles pagando um alto preço por essa luta. É por isso que a minha experiência no movimento só aumentou minha convicção de que a democracia é um bem precioso e deve ser preservada a todo custo.

Hoje, infelizmente, vemos um apagão da memória em relação a esse período sombrio da nossa história. Principalmente ao constatar que apenas 25% da população atual viveu aquele período. Essa falta de consciência histórica abre espaço para o ressurgimento de ideias autoritárias e perigosas, como vimos recentemente. A tentativa de obscurecer esse período nos levou aos acontecimentos do dia 08 de janeiro de 2023.

Nesse momento o STF iniciou o julgamento para tornar réus os denunciados por atos golpistas daquele 8 de janeiro de 2023. Que a justiça seja feita exemplarmente.

Por tudo isso, é fundamental que comemoremos essa data e falemos sobre ela. A grande imprensa, as escolas, as universidades e todas as instituições responsáveis pela formação da opinião pública têm um papel crucial nessa tarefa. Não podemos permitir que a memória se apague e que a luta pela democracia seja esquecida.

Como opositor sistemático que fui do governo Bolsonaro, reforço a importância dessa reflexão. Quem já viveu uma ditadura sabe o horror que é. E é justamente por isso que nunca podemos deixar que ela volte a acontecer. As Diretas Já representaram um passo importante nessa direção e devem ser lembradas e celebradas sempre.

Viver em uma democracia não tem preço.

Marcos Freitas Pereira

Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.

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