Campo Grande Empresas (MS) – Porto Murtinho será a entrada da Rota Bioceânica e, após o anúncio da concretização do projeto, já começa a vislumbrar novos investimentos. A cidade deve ganhar dois novos portos com investimentos que superam R$ 400 milhões.
O projeto mais adiantado é da Docas Fluvial de Murtinho, que já está autorizado na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O outro que está sendo viabilizado é o de Porto Saladero.
Com o início da construção da ponte que liga o município à Carmelo Peralta (Paraguai) o município espera receber diversos investimentos.
Segundo a secretaria de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) além dos dois portos, outros grupos estudam empreendimentos, e já adquiriram áreas próximas ao terminal do Governo.
“Os empreendimentos são de empresas com amplo conhecimento de navegação do rio Paraguai, com outros terminais portuários ao redor do Brasil e do mundo.
Ou seja, tem bastante expertise de escoamento por via marítima”, salientou o titular da Semagro Jaime Verruck.
Em entrevista ao Correio do Estado, em 2021, o prefeito de Porto Murtinho Nelson Cintra (PSDB) já havia afirmado que muitas empresas esperavam o pontapé inicial da obra para começarem a investir na cidade.
“Agora os investidores começam a acreditar. Porque do outro lado [Paraguai] as rodovias estão sendo construídas”.
O prefeito informou ainda que entre os empreendimentos estão armazéns de grande rede varejista, frigorífico, os dois novos portos, entre outros.
Investimentos
A Docas Fluvial de Murtinho terá aporte acima de R$ 100 milhões na construção de um terminal de granel sólido (para produtos agrícolas, fertilizantes e insumos) com capacidade de movimentar mais de 2,2 milhões de toneladas no ano. A previsão é gerar 450 empregos diretos e indiretos.
A empresa já possui área de cinco hectares na barranca do rio Paraguai onde vai construir as linhas de carregamento, três silos de 15 mil toneladas cada e um armazém para 35 mil toneladas de fertilizantes.
O grupo já opera outros três portos (dois no Uruguai e um no Paraguai) .
“Estes portos vão diversificar nichos de produtos de exportação e importação. A ideia é movimentar mercadorias variadas”.
“A tendência é fazer um ou dois terminais para grãos e outros voltados para combustíveis, fertilizantes e produtos de valor agregado”, ressalta Verruck.
Lei dos portos
Com a nova Lei dos Portos nº 12.815 de 2013, caiu a exigência de que novos terminais privados movimentassem predominantemente cargas próprias. Ficou liberada, assim, a movimentação de cargas de terceiros.
Segundo o Ministério da Infraestrutura, a prateleira de terminais privados atualmente à espera de autorização chega a 53 projetos e prevê aportes de R$ 38,8 bilhões.
“O Estado deixa de ser a amarra para o investimento. O desafio do investidor passa a ser o licenciamento ambiental e a viabilidade econômica do projeto. Está nas mãos dele resolver”, avalia o secretário nacional de Portos, Diogo Piloni.