*Por Daniel Minozzi
O mundo empresarial está girando sobre novas órbitas. Isso acontece, porque conforme o contexto muda, o comportamento e as prioridades do mercado mudam com ele.
Uma dessas órbitas é a ESG (“Environmental, Social and Governance”, que significa “Ambiental, Social e Governança”). Esses princípios têm se tornado condições fundamentais para as companhias que querem crescer e sobreviver no futuro.
A indústria química tem sofrido forte pressão da sociedade na última década para reduzir o impacto ambiental de suas atividades. Isso porque esse setor industrial é fundamentado em inovação e pesquisa, e precisa adotar uma postura inovativa para desenvolver novas soluções ideais aos contextos, ao alimentar as demais indústrias.
A adoção da agenda ESG por parte das empresas do setor tem sido um importante norte para encontrar esse caminho, adotando alternativas mais sustentáveis.
Por mais simples que possa parecer, a questão da sustentabilidade no setor envolve muito mais do que simplesmente colocar no mercado um produto que não agride o meio ambiente. O processo industrial é composto por diversas etapas, e para uma postura adequada, as preocupações com sustentabilidade devem fazer parte de todo esse processo.
Muita gente esquece de olhar esse cenário de forma mais abrangente. Não adianta ter um produto, mas não fabricá-lo em uma linha de produção que siga as premissas da sustentabilidade.
Trata-se de sensibilizar nosso olhar para os impactos reais das nossas atitudes, até mesmo aqueles que não conseguimos sentir os efeitos imediatamente. A indústria química busca incansavelmente soluções para minar e prever os impactos de toda a escala produtiva.
Mas é claro que isso requer apoio e investimento, inovar em processos industriais e desenvolvimento de novos produtos é muito custoso. Normalmente esse investimento parte de iniciativas privadas que têm algum interesse mercadológico na novidade.
Mas o que a maioria esquece de olhar é o papel fundamental da inovação para propor soluções industriais. Isso requer um esforço conjunto, com ações governamentais, investimentos e regulamentação, pois a adoção da agenda ESG deve ser democratizada para todos os mercados, em prol de uma preocupação mundial com os impactos ambientais.
A omissão de instituições competentes, atrasa a modernização de todos os processos e trata como secundária, preocupações que deveriam ser primordiais.
A forma de se trabalhar com nanotecnologia tem uma relação íntima com a sustentabilidade para os processos da Indústria Química e já é uma realidade. A nanotecnologia promove um uso menor e mais consciente de insumos químicos e de suas aplicações menos tóxicas para o consumo e para o meio ambiente. Portanto, sua produção é obtida em padrões mais modernos, práticos e, atualmente, os mais sustentáveis e promissores para nossas indústrias.
De acordo com uma pesquisa feita pela Union + Webster, 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis. Além disso, 70% dos entrevistados dizem que não se importam em pagar um pouco mais por produtos mais sustentáveis.
Aplicando as práticas ESG, as empresas conseguem mitigar perdas, conquistam uma imagem mais positiva e obtêm eficiência no uso de recursos naturais. Além disso, conta com colaboradores mais engajados e apoio das comunidades para desempenhar suas atividades, gerando resultados melhores ao longo do tempo.
O papel da indústria química na agenda ESG é fundamental, afinal ela alimenta as demais indústrias com produtos para os mais diversos fins.
Entendemos que temos que manter uma conversa aberta com os diferentes atores da sociedade e fazer parte da solução dos problemas ambientais, sociais e de governança. Isso fará a diferença no futuro.
Daniel Minozzi
Químico, mestre em ciências de materiais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e fundador e Diretor da Nanox, empresa especializada em nanotecnologia.