Por Maxmilliano Reis
Em um cenário onde a maioria das empresas não possuem um plano de cargos e salários para guiar seus empregados na elaboração do plano de desenvolvimento individual, os colaboradores ficam perdidos e sem rumo a seguir. Resta o poder da observação, que demanda tempo, para trilhar um planejamento minimamente viável. Para te auxiliar nessa jornada (árdua! sejamos sinceros), veja a seguir o que geralmente é esperado para cada cargo em finanças, desta forma, você pode se orientar e buscar meios de se desenvolver.
O mercado de trabalho, para a área de finanças, funciona geralmente como uma escada, cada degrau importa para escalar o próximo. A estruturas mais comuns são compostas por: menor aprendiz, estagiário, auxiliar, assistente e analista.
O conteúdo abaixo é reflexo da minha experiência, portanto, é uma visão limitada do que acontece no ecossistema empresarial, pois parte das observações de uma única pessoa, desta forma, leia o texto como reflexos da experiência de alguém que passou pela mesma jornada, mas não se limite a isso, vá além e busque de outras fontes para embasar sua visão.
1 Menor aprendiz
Esse cargo é geralmente ocupado por jovens de 14 a 18 anos. Esta é a hora de entrar em contado com profissionais mais experientes e aprender atividades básicas, que exigem pouco conhecimento específico, que podem ser facilmente repassados pelos profissionais experientes.
Em termos de técnicas, pouco pode ser esperado do menor aprendiz, entretanto, é esperado comprometimento com as atividades que serão ensinadas e, que o jovem faça perguntas para aumentar seu entendimento das atividades que ele desenvolverá.
Em termos de salário, o mais comum é o jovem receber meio salário-mínimo.
2 Estagiário(a)
Essa é uma das fases mais exploratórias e enriquecedores para a formação da bagagem profissional de uma pessoa. É nesse momento que você deve aplicar as várias técnicas que aprendeu em seu curso de graduação. Geralmente, os estagiários escolhem uma das áreas do curso para se especializar e acumular experiências.
Do estagiário, é espero que ele ou ela tenha um conhecimento técnico elevado, além de uma boa dose de curiosidade e vontade de contribuir com as atividades da equipe no geral.
Um gestor, quando decide contratar um estagiário, geralmente está buscando alguém para ser treinado e crescer dentro da empresa e, assim levar consigo as características importantes do “jeito de trabalhar” na empresa.
A remuneração de um estagiário pode variar muito de empresa para empresa. Em geral, em multinacionais varia entre 2 e 3 salários-mínimos e, em empresas locais, pequenas e grandes varia entre 1 e 2 salários.
3 Assistente: júnior, pleno e sênior
É aqui que começar uma fase interessante na carreira, a possibilidade de ser contratado com carteira assinada e assumir responsabilidades dentro do cronograma de atividades da equipe. Antes de adentramos nas atividades em si, é importante fazer um adendo para explicar as faixas de experiências, formação técnica e domínio de habilidades técnicas e comportamentais.
Cada empresa opta por um sistema diferente, seja cargo I, II e III, ou júnior, pleno e sênior. Ainda podem existir variações para cada faixa, já vi empresas com cinco faixas para cada cargo (fica até um pouco complicado de definir como alcançar cada posição, mas vamos lá).
A estrutura de fato mais comum é em três faixas por cargo. O profissional júnior, tem alguma experiência geralmente de 1 a 2 anos na área, além disso é normal essa experiência ser associada a alguns anos de estudo na graduação. Ele ou ela assumem atividades das mais operacionais, como por exemplo alimentar o sistema de contas a pagar, preparar arquivos de pagamentos para envio aos bancos e etc.
É claro que a complexidade das atividades, ou o acúmulo delas vai depender do tamanho da empresa. Geralmente empresas grandes (acima de 300 milhões de faturamento ano) têm atividades bem definidas para cada cargo. Empresas pequenas e médias, o cenário é outro. Atenção a isso, saiba em qual cenário você está, para poder agir em função do seu crescimento.
Já a faixa de pleno, exige mais anos de experiência, sendo de 3 a 4 quatro anos na área e, nos últimos anos de graduação ou terminado a faculdade. O pleno assume responsabilidades mais analíticas e não tão operacionais, como ela ou ele já passarem pelas atividades operacionais isso dá bagagem para seguir adiante, atividades analíticas podem incluir, mas não se limitam: i) elaborar relatórios de análise (aging-list do contas a receber), ii) participar de projetos dentro da empresa (implantação de um ERP), iii) auxilio na preparação de políticas internas e por ai vai.
É comum passar de 2 a 3 anos nessa faixa, sendo o próximo objetivo: sênior. O profissional sênior costuma ter 5 anos ou mais de experiência na área, é formado há 1 ano ou mais, faz análises e assumir responsabilidades de liderança da equipe. É aqui que se inicia o preparo para supervisionar equipes. O gestor geralmente delega projetos mais complexos para o sênior, essa é uma maneira de prepará-lo para o próximo cargo, além disso ajudar o gestor na operação do departamento. Se você é sênior, meus parabéns, você cresceu muito na carreira e seu próximo passo será desafiador.
A remuneração entre os níveis de experiência irá variar de empresa para empresa, os níveis de diferenciação de cada faixa serão definidos de acordo com a estratégia. Geralmente é possível observar diferenças de 3% a 5% para cada faixa de experiência. Mas isto não é a regra.
4 Analista
A diferença entre assistente e análise, esta, de certa forma explicita no nome de cada cargo, enquanto um assiste na execução de determinas atividades, o outro produz relatórios, tendências, projetos etc. A pessoa promovida a assistente demonstrou alto grau de compreensão da empresa, do negócio e do mercado. Ela está apta a permear pelos diversos departamentos e, liderar projetos.
No cargo de analista, também existe a diferenciação por níveis de faixa, iniciando em júnior, pleno e sênior. O júnior geralmente receber atividades de analises não tão complexas e, talvez não dialogue tanto com outros departamentos, ficando sua interação mais limitada ao departamento que trabalha. Já o pleno, assume projetos mais complexos, ele precisará dialogar com os profissionais de outros departamentos, preparar reuniões de alinhamento, apresentações e entregar resultado. O sênior, é aquele que sabe interagir com facilidade entre os departamentos, preparar relatórios, alinhar o entendimento entre diversos departamento e a atores externos (fundo, acionistas, banco etc.).
O crescimento dentro de uma política de analista está fortemente baseado em se poder em realizar análises, conduzir projetos e entregar resultados significativos para a gestão. Quanto maior sua capacidade em agir desta maneira, mais cotado você está para ser promovido(a) a especialista ou supervisor.
A remuneração para uma analista pode variar muito, porém é comum, ao menos no mercado de Goiânia e região, ofertas entre 3 e 4 salários. Variações positivas ou negativas são uma realidade, o importante é você se preparar da melhor maneira e buscar uma posição que se encaixe no seu plano de carreira e necessidade financeira atual.
4 Dicas que podem fazer a diferença na sua carreira
Espero que esteja aproveitando este artigo até aqui, comente abaixo se o conteúdo te ajudou a ter maior clareza para preparar seu plano de carreira. Agora, vamos discutir um pouco, algumas habilidades e conhecimentos que podem alavancar seu crescimento profissional.
Fale inglês
Quando comecei a trabalhar na Ernst & Young, tive acesso a um novo mundo de trabalho, onde uma serie de conhecimentos e habilidades importavam muito para que eu pudesse ser promovido. O primeiro deles era o inglês, a empresa tinha diversos manuais e conteúdos em inglês e, portanto, falar bem inglês era primordial, a sorte era que tinha começado o inglês há dois anos e, conseguia me virar nos manuais e conteúdo, segui firme e conclui meu curso e, então o inglês passou a ser um diferencial na minha carreira. Foi somente através do inglês que consegui ser convidado para projetos internacionais dentro da empresa, depois fui transferido para São Paulo e, na sequência a França. I inglês abriu todas essas portas para mim e pode abrir para você também.
Comunicação assertiva
Comunicar-se bem é uma arte. Aprendi cedo que quanto mais clara fosse minha mensagem mais eu poderia crescer. É natural não darmos importância a comunicação clara, diante de uma cultura que não valoriza o conhecimento.
Entretanto, você pode ser excluído ou incluído em grupos, atividades, conversas interessantes que facilitarão seu crescimento. Desenvolver a comunicação clara, é possível através da seguinte pergunta: como posso me comunicar de maneira que o outro entenda facilmente minha mensagem? Reflita sobre isso e, implemente mudanças que garantam que outro te compreenderá.
A comunicação assertiva é essencial para o trabalho em equipe.
Faça o que os outros não querem fazer
Note que dentro de um departamento, existem diversas atividades, aquelas tidas como boas (ou fáceis), a grande maioria quer fazer, entretanto, aquelas que são tidas como ruins (ou complexas), as pessoas geralmente correm delas. Entretanto, aqui mora uma oportunidade de você e destacar.
Me lembro como se fosse hoje, enquanto era menor-aprendiz na Irmãos Soares, tinha uma atividade que ninguém gostava de fazer e todos deixavam para a última hora. Observando isso e, querendo me destacar para ser contratado como estagiário, pedi ao analista sênior para ser responsável por aquela atividade: era o controle de vale transporte de 35 filiais e mais de 600 empregados. De fato complexo, demais. Precisa tickar quem recebeu o VT, quem não recebeu, quanto recebeu, e definir o valor a ser descontado. Sempre tinha erros e, me dava medo fazer aquela atividade, mas sabia que “se eu dominasse aquela atividade, diminuísse a quantidade de erros e reclamações, eu iria me destacar”, assim o fiz. No primeiro mês houve sim alguns erros de conferência, porém a partir do segundo ninguém mais reclamava, decidi fazer daquela atividade o meu diferencial e, assim o foi.
Observe o seu ambiente e veja se tem uma atividade assim, acredito que você pode se destacar resolvendo esse pepino que todos querem fugir.
5 Considerações finais
Sei que é desafiador assumir um plano de carreira num contexto em que as empresas não possuem um plano de cargo e salários definido, entretanto, de maneira informal, todas empresas possuem um plano de carreira, estar atento a como este plano funciona, te possibilita crescer e concretizar seu planejamento de carreira. Mesmo que não seja claro, ou que até mesmo a estrutura comentada aqui não seja perceptível no seu ambiente, tudo pode acontecer e, caso o cargo não exista ele pode ser criado para você.
Espero que estas singelas orientações possam ser úteis a você e, que seu plano de carreira decole. Tem algo a adicionar, fique a vontade e compartilhe nos comentários. Adoraria ler sua visão. Um abraço e até logo.
Maxmiliano Reis
Administrador, Contador e Professor. Atua com Controller Financeiro na Lallemand Brasil (Agronegócio), contribuindo como Coordenador de FP&A, M&A e Controladoria para o Agrogalaxy (B3 listed) e Gerente de Auditoria pela Ernst & Young na França, São Paulo e Goiânia. Estudioso de gestão, carreira, sociedade, finanças e educação.