Foi divulgada pelo IBGE a inflação, medida pela IPCA, do mês de maio nessa terça feira. O índice foi de 0,46%, acima do que o mercado previa 0,40%, superior ao mês de abril que foi de 0,38% e superior ao mesmo mês do ano anterior que foi de 0,23%.
O acumulado do ano ficou 2,27% e nos últimos 12 meses em 3,93%, superior a abril de 2024 que ficou em 3,69%. Os grupos que mais impactaram a inflação de maio foram: alimentação e bebidas com impacto de 0,13%, quase 30% do índice de 0,46%; habitação com 0,10% de impacto e transportes e saúde e cuidados pessoais com 0,09% respectivamente.
É necessário fazer uma análise um pouco mais detalhada do índice de maio, para isso existem duas variáveis importantes, a difusão e o núcleo do índice. Essas duas variáveis demonstram se o indicador foi influenciado sazonalmente por algum grupo. Tudo indica que o grupo alimentação foi influenciador principal do IPCA do mês.
A difusão do índice demonstra como ele se comportou em todos os itens coletados, ele foi de 57% em abril e passou para 57,3% em maio, o índice se espalhou um pouco mais em maio entre os itens coletados, porém, não de forma significativa, o que nos leva a constatar que não há um processo generalizado de aumento de preço dos produtos.
Outra variável é o núcleo de inflação, este retira do indicador os preços que porventura tenha sofrido aumento em função da sazonalidade, o núcleo medido para o mês de maio foi de 0,39% e para os últimos 12 meses foi de 3,55% contra 3,53% em abril de 2024, mais uma constatação que não há nenhum processo de aceleração da inflação.
Independente das análises do índice acima, acende-se uma luz amarela sobre a inflação brasileira, é importante um acompanhamento dos indicadores nos próximos meses. Para contribuir com as explicações acima o mercado financeiro prevê para os próximos 12 meses uma inflação de 3,63%, reduzindo em relação a semana anterior que era 3,64%, nem o mercado está prevendo um processo de aceleração inflacionária.
As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 07 de junho trouxeram variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024, houve um aumento de 2,05% para 2,09% e manutenção das previsões para os anos de 2025, 2026 e 2027 em 2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 aumentou de 3,88% para 3,90%; 2025 aumentou de 3,77% para 3,78%, 2026 reduziu de 3,60% para 3,58% e 2027 manteve-se a projeção de 3,50%. O banqueiro André Esteves do BTG em pronunciamento no último dia 08 de junho disse textualmente “o Brasil nunca atravessou um momento tão positivo economicamente em sua história”, e ainda projetou um crescimento para 2024 do PIB em 2,5%. Um banqueiro relevante no mercado financeiro destoa as previsões que o próprio mercado tem realizado semanalmente.
As projeções da Taxa Selic também sofreram alterações, 2024 manteve-se em 10,25%, 2025 aumentou de 9,18% para 9,25%, 2026 e 2027 mantiveram-se 9,00%. Com as previsões da Selic e a redução da previsão da inflação para os próximos 12 meses de 3,64% para 3,63%, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna aumentou para 6,26% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 10,25%, equivalerá taxa de juros reais de 6,52%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%. Portanto essa é a tendência das taxas de juros reais do Brasil. O mercado continuam projetando aumento nas taxas de juros 2024 e 2025, enquanto ele prevê queda na inflação para os próximos 12 meses. Incompreensível!
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado elevou um pouco as suas previsões: janeiro de 2025 em 10,605%; janeiro de 2026 em 11,205%; janeiro de 2027 em 11,52%; janeiro de 2028 em 11,755%; janeiro de 2029 em 11,88% e janeiro de 2034 em 11,97% (Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 7,35% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos negociadas para 2 anos são de 4,864% e para 10 anos são de 4,44% ao ano, apresentando aumento em relação à semana anterior.
Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,70% do PIB, 2025 de -0,67%, 2026 de -0,50% e 2027 de -0,50%.
Marcos Freitas Pereira
Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.
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