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A contabilidade e a pandemia

Crédito da imagem: Freepik

Por Leo Moreira

Quem um dia poderia imaginar que as empresas seriam obrigadas a se reinventarem e realizarem mudanças em processos internos – e principalmente na tão falada “cultura organizacional” – sem ter como origem uma demanda estratégica ou em função de uma exigência legal oriunda das determinações do poder público por meio de alterações na legislação?

Não é fácil mensurar e muito menos de determinar com precisão quais serão as reais consequências deste tsunami chamado de “Covid-19” no mundo empresarial, haja vista imaginarmos que o trabalho de um simples cargo, como a de “copeira” ter tido a necessidade de ser avaliado e redesenhado. Agora, imaginemos a complexidade e a insegurança que profissionais dos recursos humanos, logística, suprimentos, marketing, produção, vendas, jurídico, financeiro, contábil e outros passaram e ainda estão passando devido a pandemia insistir assombrar a população e, neste caso, a “economia brasileira”.

Neste momento, gostaria de expor um pouco deste imbróglio usando como exemplo a contabilidade, uma função de natureza imprescindível. Isso pois ela se faz necessária em qualquer tipo de organização, seja de grande ou pequeno porte, de iniciativa pública ou privada. Não importa onde seja, a contabilidade é uma exigência legal.

Qualquer indivíduo com um mínimo de conhecimento sabe que a legislação tributária do Brasil é de difícil compreensão e provida de parâmetros legítimos que fazem do contador, até o momento, um estudioso eterno e sem medo de novos desafios – pois todos sabem que a qualquer momento as regras do jogo mudam.

Se já era difícil acompanhar as mudanças na legislação sem a pandemia, diante do novo cenário, os profissionais desta área, assim que instauradas pelo governo as tais medidas de restrição e controle sanitário no país (março de 2020), se depararam com a necessidade imediata de rever softwares para atender as flexibilizações promovidas pelos governos estaduais e municipais e ainda pelo governo federal. Como se não bastasse, tiveram ainda que viabilizar investimentos em tecnologias para atendimentos em “home office” e promover mudança de cultura de relacionamento com os clientes. Enfim, o atendimento presencial estaria vetado.

A área contábil navegou no escuro em um primeiro momento para entender como seria o atendimento dos órgãos públicos que eram imprescindivelmente feitos em sua maioria de forma presencial e tal situação criou uma lacuna momentânea no entendimento e comunicação entre as partes.

Para garantir a legitimidade e eficiência dos serviços, a criação de grupos de estudos com foco no entendimento das novas diretrizes (prorrogação de prazos, medidas provisórias, decretos e outras flexibilizações), resumo e transmissão das informações aos clientes não foram uma opção, passaram a ser uma necessidade.

Não sendo diferente de outros negócios, vale salientar que a área também sofreu e vem sofrendo com inadimplência de seus clientes que tiveram as atividades econômicas afetadas com a política do “lockdown” (As enquadradas como “não essenciais”) e ainda tiveram que administrar o “stress” das suas equipes em consequência da sobrecarga de trabalho para promover tantas mudanças em um curtíssimo espaço de tempo.

Diz o ditado, “tempos difíceis criam pessoas fortes”, e é com esta afirmação que a área contábil, como a de outras áreas também, procuraram se reestabelecer para continuar cumprindo com suas obrigações nas formas e prazos legais, porém, agora contando com:

– Equipes nos escritórios e em home office, fazendo jus a novas ferramentas de relacionamento com os clientes que antes eram predominantemente presenciais.

– Uso de novas tecnologias, com a integração dos sistemas de informação e controle as novas demandas.

– Equipes com hábitos de higiene e distanciamento, que neutralizam os riscos de contágio pelo COVID-19, enquanto persistir a ameaça da circulação do vírus nos ambientes.

– Novos desenhos para rotinas simples, como a do envio e recebimento dos documentos e informações junto aos clientes e ao poder público. 

Contudo, é unânime entre os profissionais da área que as mudanças vieram para ficar e todos aguardam que haja uma melhora contínua das práticas contábeis e que ampliem mais o atendimento virtual para serviços prestados pelos órgãos do governo.

Enfim, mais que a necessidade de sobreviver a isso tudo, está a satisfação em poder lidar com paradigmas e saber que o profissional contábil tem capacidade técnica e emocional, para manter-se ativo e prestigiado junto a sociedade.

Leo Moreira

Empresário do ramo de serviços e Professor de Graduação e Pós Graduação. Profissional especialista em Gestão Estratégica de Serviços (FGV) Finanças/ Controladoria (FGV), Gestão Empresarial (CAMBURY) e Gestão Estratégica e Inteligência de Negócios (IPOG) com módulo internacional em Técnicas de Negociação na Harvard University (EUA).

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