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“A forma segue a evolução”*: a arquitetura na nova era industrial

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Por Luana Lousa

Já pensou em morar naquele bairro industrial? Onde o ar é mais puro, as águas mais limpas e a natureza ainda mais exuberante?  Nunca ouviu falar? Pois te conto que dá pra ser assim! Dá pra ter o metro quadrado mais valorizado do mercado imobiliário dentro de áreas industriais, propor e configurar novos usos. É urgente pensarmos não em limpar o solo, mas em criar estratégias para mantê-lo limpo e cada dia mais saudável.

Reposicionar o papel da indústria na sociedade, ressignificar seu lugar no coletivo e assumir o papel heroico que deveria ter, melhorando espaços urbanos, restaurando entornos, potencializando usos!  O problema carrega em si a oportunidade da solução!  E se tem “alguém” com esse poder, é a indústria! Por que a indústria deve carregar o manto da poluição, o karma da destruição?  Indústrias precisam mudar a direção, maximizar energia de nutrientes, entender os fluxos da natureza para aplica-los, inovar processos, transformar resíduos em insumos, promover sintropia… afinal, a forma precisa seguir a evolução!

 É imprescindível repensar a arquitetura e o uso do solo industrial, formatando espaços vivos, capazes de recarregar lençóis freáticos, transformar efluentes em água potável, atrair pássaros e alimentar florestas, produzir energia e ar limpo.  É factível propor condomínios ou parques temáticos industriais, um local de alta visitação, com configuração de ativo turístico para o município, estado ou país. Um lugar capaz de promover a mesma abundância advinda da natureza, promovendo a diversidade e a vida.  “Aqueles que projetam de maneira ecoefetiva, expandem sua visão”*

Assim como fazem os corais, que concentram grande parte da vida dos oceanos em seu entorno, fazemos com as cidades. Somos os corais, em evolução, da terra. Devemos entender esse entrelaçado de ecossistemas e a riqueza de suas interações , como dizem o químico* e o arquiteto* autores do livro Cradle to Cradle, “acreditamos que a indústria pode ser tão segura, efetiva, enriquecedora e inteligente de modo a não precisar ser isolada de outra atividade humana (Isto poderia evitar o conceito de zoneamento: quando a fabricação já não é perigosa, os locais comerciais e residenciais podem estar ao lado das fábricas, em prol de seu proveito e deleite mútuos)”. Um lugar onde todos ganham com a sistêmica engrenagem da vida: empresários, cidade e natureza.

*Livro “Cradle to Cradle: Criar e Recriar Ilimitadamente” – Michael Braungart e William McDonough

Luana Lousa

Bioarquiteta/Biourbanista em Arquitetura Viva

@arquiteturaviva/ www.arquiteturaviva.com.br

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