Goiânia Empresas (GO) – Um ano de desafios, mas também de superação para o setor agropecuário em Goiás. A conclusão é do balanço divulgado nesta quarta-feira, 9 de dezembro, pelo Sistema Faeg Senar, em Goiânia.
Como consequência da pandemia da Covid-19, um 2020 que começou promissor trouxe impactos muito significativos em diversos setores, mas mostrou a importância da agropecuária para o equilíbrio da sociedade.
“Se tivéssemos tido a proibição do comércio internacional de alimentos, assim como tivemos a proibição do trânsito de pessoas entre países, imaginem como teríamos países com muito dinheiro e sem comida para alimentar sua população”, chama à reflexão o presidente da entidade, deputado federal Zé Mário Schreiner (DEM).
Agora, com os resultados de um ano em que o setor deve crescer 9%, ao contrário do PIB, que deve alcançar 4.4%, se desenha com clareza a força e a importância estratégica da agropecuária não só para o país como em escala global. “É um momento em que o Brasil precisa refletir seu posicionamento mundial sobre a segurança alimentar”, aponta Schereiner.
Em Goiás, dados compilados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do IBGE e do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) apontam que ao menos 5.758 vagas foram geradas pelo agronegócio em 2020, até o mês de outubro. A movimentação puxou o crescimento de vagas também na indústria alimentícia, que contratou 39% a mais no mesmo período.
Safra 2020/2021
O saldo do ano é positivo em produção, com colheita estimada em 27,5 milhões de toneladas de cereais, fibras e oleaginosas – crescimento de 8,9%. A área plantada, por sua vez, avançou apenas 7%, o que se traduz no aumento de produtividade.
No período, a soja segue em destaque, com a produção de 13,1 milhões de toneladas, avanço de 8,8%. Logo após, aparece o milho, com 12,6 milhões de toneladas e avanço de 8,9% em relação ao ano passado.
Exportação impressiona
O grande salto do ano veio com o comércio exterior. Até outubro, o setor, em Goiás, registrou crescimento de 29% nas exportações. No estado, a cada US$ 10 exportados, US$ 8,30 foram de produtos do agronegócio.
Ao todo, 157 países receberam exportações do agronegócio goiano, sendo os principais mercados a China, a União Europeia, a Tailândia, o Japão e a Coreia do Sul.
Profissionalização ampliada
Mesmo com a pandemia, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) conseguiu atender quase quatro mil produtores no estado, com a qualificação de profissionais, técnicos e produtores rurais para a educação formal. A formação e o suporte aos produtores, possibilitada pela educação a distância, foi destacada pelo fator estratégico para o crescimento do setor no estado. “Foram mais de 200 mil pessoas atingidas direta ou indiretamente em Goiás”, ressaltou o superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges.
No próximo ano, serão lançadas ainda outras duas iniciativas na área: o Senar English Farm, formação a distância de inglês com foco no setor agropecuário e a plataforma Talentos do Campo, que reunirá as pessoas qualificadas pelos cursos do Senar Goiás e empregadores do setor.
Desafios e perspectivas para 2021
Para além da continuidade do cenário pandêmico, se unem aos desafios de 2021 o fenômeno climático la nina – que deve trazer chuvas mais irregulares e em menor volume – ameaçando o crescimento produtivo de culturas como as de cereais, fibras e oleaginosas. Outra questão, segundo o relatório, pode ser a gestão dos curtos de produção do agricultor, que já têm aumento nos preços de insumos agrícolas e pecuários observados, pautados pela alta do dólar. A pecuária, por sua vez, tem cenário promissor, com o aumento do consumo interno e externo.
“Teremos um crescimento menor em 2021, mas ainda acima que o crescimento do Estado de Goiás e do Brasil, contribuindo para a geração de emprego e renda”, aponta o presidente Zé Mário Schreiner.