Conhecida por suas obras de arte com traços marcantes e pelo teor lúdico de suas criações, a artista plástica goiana Eloisa Lobo apresenta pela primeira vez uma exposição individual na capital baiana. Intitulada ‘Coreografia’, a mostra teve início na última sexta-feira, 18, e segue na TRIA Galeria de Arte, em Salvador, até 9 de novembro. Com entrada franca, o público é levado a uma viagem sensorial a partir de um espetáculo de dança visual, onde cores e formas se movem e se entrelaçam.
São mais de 30 obras inéditas, entre pinturas, gravuras e esculturas, como adianta Lobo, que revela ter mesclado suas referências do coração do Cerrado às tradições baianas para conceber a exposição, que representa ainda um olhar intimista para a vida da artista. “A exposição ‘Coreografia’ é um convite para dançar comigo entre o lúdico e o rítmico. Quem vive de arte flutua, viaja dançando na imaginação de asas abertas pela imensidão azul entre o céu do Cerrado e o mar de Salvador”, conjectura.
Na mostra, Eloisa traduz essas palavras em imagens que capturam o fluxo contínuo da vida e da arte. As obras trazem o movimento que remete ao fundo do mar, às ondas, ao nado dos peixes que, sob a ótica da artista, passam a voar. Salvador, cidade de raízes profundas e ritmos únicos, sempre esteve intrinsecamente ligada a Eloisa. “As sensações que me invadem sempre que crio para a Bahia são únicas. Para quem não sabe, assino Freitas e o sobrenome dessa família linda que tenho vem de lá. É como trazer a dança dos traços de volta para casa, onde a arte e o movimento se encontram de maneira muito natural”, revela.
Dança de traços
Com um estilo muito próprio, que mescla traços delicados, cores foscas e uma abordagem lúdica, Eloisa transforma cada pincelada em poesia, cada tonalidade em uma emoção. A exposição ‘Coreografia’ traz um manifesto artístico que reflete a jornada da artista pelo mundo dos espetáculos, seu tema principal. “Em vez de se referir apenas a uma sequência de passos de dança, ‘Coreografia’ sugere a ideia de uma composição harmoniosa onde cada detalhe contribui para uma experiência estética rica e integrada. A exposição explora como a arte pode se manifestar de maneira dinâmica, similar a uma performance coreográfica”, caracteriza a artista.
A dança dos traços da artista sugere que as obras têm um movimento fluido e vibrante, enquanto retratam emoções que enfatizam o impacto sobre o espectador, criando uma conexão de sentimento e significado. Os trabalhos de Eloisa são marcados por traços trêmulos, com silhuetas sutis, mãos e pés alongados, uma paleta de cores única e tons desenvolvidos pela própria artista. Eloisa cria suas próprias cores para atender às suas necessidades artísticas, utilizando uma abordagem psicodinâmica e de colorismo fosco e delicado.
Segundo Eloisa, três das obras se destacam. A primeira, batizada com o mesmo nome da mostra, ‘Coreografia’ [em destaque na matéria], que traz o início de tudo, uma epifania de movimentos que partem dela onde mostra traços que se fundem e criam um efeito de movimento que traduz os passos de dança; a segunda, intitulada ‘Vômito’, na qual a arte é expelida de maneira delicada de uma silhueta humana e simboliza tudo o que a própria artista externaliza por meio da sua arte; e a terceira é a obra de arte ‘Geométrico’, que apresenta os tradicionais ladrilhos portugueses e foi feita a partir de uma ampla pesquisa histórica sobre a chegada dos portugueses em Salvador.
Em movimento
Nome em ascensão no circuito nacional e internacional das artes, com mais de 25 anos de carreira, Eloisa Lobo retornou recentemente de uma temporada de pesquisa na Europa, onde aprofundou suas técnicas e poéticas. Sua primeira mostra individual, intitulada ‘Espetáculo’, que apresentava o cotidiano a partir das emoções do circo, foi apresentada na Época Galeria de Arte, em 2018. Em 2021, Lobo apresentou em São Paulo a sua individual ‘Ela e Ela’, que retratava o espetáculo da vida a partir do movimento suave das bailarinas e do caráter lúdico do universo circense; já em 2022, integrou a mostra coletiva ‘Maravilhas do México’, em Brasília, cidade onde se mantém em destaque nos maiores redutos de arte. Em 2023, foi a primeira artista goiana a ser escolhida pelo Anuário de Arquitetura da Bahia para estampar a capa do anuário e criar uma homenagem à cultura baiana, destacando seu aprimoramento e inovação.
“Eu tenho vivido um processo de amadurecimento ao longo dos últimos anos, desde a minha primeira exposição, na qual apresentei o meu circo, passando pela representatividade sobre a mulher com a mostra ‘Ela e Ela’. E agora eu trago o movimento forte dos traços da minha arte e coloco ordem no caos. São referências pessoais que deixo fluir como algo tangível e visualmente impactante. É como ouvir uma música e deixar o corpo seguir o compasso, mas aqui, os pincéis são os verdadeiros bailarinos que agora apresento ao público baiano”, filosofa a artista, que também tem obras expostas nas principais mostras de arquitetura e decoração do país, como a Casas Conceito, também em Salvador. A exposição ‘Coreografia’ por Eloisa Lobo permanece aberta ao público até 9 de novembro, com entrada franca.
Serviço: Exposição Coreografia por Eloisa Lobo
Quando: de 18/10 a 09/11
Onde: TRIA Galeria de Arte – Rua do Timbó, 368 – Caminho das Árvores, Salvador – BA, 41820-660
Horários: de segunda a sexta, das 9h às 19h e aos finais de semana, das 9h às 14h
Entrada gratuita
Sobre Eloisa Lobo
Natural de Goiânia, Eloisa Lobo é formada em Artes Visuais (FAVGO), com especialização em Pintura, pós-graduada em Marketing e Comunicação pela USP Cambury. Ministrou aulas em algumas faculdades de Goiás e sempre esteve envolvida com artes em diversos momentos de sua vida, observando, ensinando ou praticando. Passou pelos processos de desenho, aquarela, escultura, gravura, instalação e artes gráficas. Mora em Goiânia Goiás onde, em seu ateliê, vive pela e para a arte.
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