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CEUB investiga normas contra maus-tratos em abatedouros

Crédito: CEUB

Por mais que o consumo da carne vermelha seja benéfico para a saúde humana, falar sobre o abate de bovinos nem sempre é confortável. O tema ainda é cercado por tabus, desinformação e imagens distorcidas sobre como o animal passa por esse processo sem sofrimento. Pensando nas normas de fiscalização para o abate humanizado de bois de corte, um grupo de estudantes de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB) realizou pesquisa que investiga o real processo do manejo destes animais em fazendas e abatedouros.

Com visitas a verificar o bem-estar animal até o momento final de vida, o grupo – formado pelos estudantes Anna Luiza Hoeckele, Camille Pietra Carvalho, Leonardo Borges, Victor Mauro Severo e Eduaran Domingues – acompanhou cada etapa do chamado abate humanitário em propriedades no entorno do Distrito Federal, como a Fazenda Asa Branca e o Abatedouro Beef Nobre, na Cidade Ocidental (GO). Ao aprofundar estudos nas leis vigentes, a pesquisa revela que o Brasil possui uma legislação robusta quando se trata de abate humanitário.

A Portaria nº 365/2021 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define diretrizes técnicas para o manejo pré-abate. Entre as exigências para o abate sem dor, estão o jejum de 12h a 24h, acesso à água, transporte adequado, espaço físico proporcional, operadores treinados e insensibilização por meio de métodos aprovados, como pistolas pneumáticas, concussão e eletronarcose. “Práticas cruéis, como marretas ou picadas de bulbo, são expressamente proibidas”, destaca a pesquisa.

Na opinião da orientadora da pesquisa e professora de Medicina Veterinária do CEUB, Francislete Melo, este tema ainda enfrenta muita resistência, até mesmo no meio acadêmico. “Pensando na quebra de paradigmas acerca da prática, estruturamos a pesquisa na perspetiva do bem-estar animal, permitindo um olhar profissional ético e consciente da responsabilidade que o manejo envolve. Entender como essas regras são aplicadas é fundamental para quem vai atuar na área”, aponta.

Durante as visitas, o grupo entrevistou técnicos e produziu vídeos explicativos com linguagem acessível para divulgar para o público nas redes sociais. “Nosso objetivo vai além da pesquisa acadêmica, queremos abastecer a população com conteúdo claro, visual e baseado em evidências sobre a carne que chega ao freezer do supermercado e açougue”, considera Eduaran Domingues, um dos autores.

Para os estudantes, o principal desafio não foi apenas técnico, mas emocional, ao imaginarem que o processo final da vida de um bovino pode conter crueldade. “Mesmo conhecendo a teoria, ver o processo de perto mexe com a gente. Mas o conhecimento ajuda a transformar essa experiência em compreensão e empatia”, relata o grupo. Antes de ir a campo, os estudantes realizaram revisão bibliográfica detalhada sobre os protocolos de bem-estar animal no pré-abate.

Quebrando estigmas e promovendo informação

De acordo com os estudantes, a produção dos vídeos educativos – que mostra, de forma simples e objetiva, cada etapa do processo-, nasceu da necessidade de ampliar o alcance da pesquisa. “A linguagem audiovisual ajuda a romper barreiras e a tornar esse debate mais acessível dentro e fora da universidade, inclusive para quem nunca teve contato com o tema”, ressalta a orientadora.

Nos vídeos, o grupo relata que, quando realizado conforme a legislação e com responsabilidade técnica, o abate pode ser um processo conduzido com respeito à vida, até o último instante. “Esperamos que a pesquisa contribua para um olhar mais consciente, tanto entre estudantes quanto entre consumidores. Quanto mais conhecimento, menos preconceito e mais responsabilidade em toda a cadeia produtiva”, concluem os autores do CEUB.

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