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Coletivo Asas leva oficina de música a crianças em situação de vulnerabilidade

Crédito: Elementar Content

Partindo do princípio de que a música é um forte mecanismo de transformação comportamental e social, a HP Transportes, empresa que atua há mais de 50 anos no ramo do transporte coletivo, desenvolveu um projeto que une a musicalidade com a oportunidade de se reciclar materiais inservíveis oriundos da sua própria oficina. Assim surgiu o Coletivo Asas, um projeto social que está em sua primeira edição sendo executado na Escola Municipal Renascer, no bairro Real Conquista, na capital Goiânia.

“Para nós da HP, que sempre buscamos desenvolver junto à comunidade ações que impactem positivamente a vida das pessoas, seja no âmbito social ou sustentável, vimos no desenvolvimento desse projeto uma oportunidade de colaborarmos com a formação de crianças e jovens quanto à importância de se ressignificar itens que descartamos diariamente no meio ambiente. E ainda despertar junto à consciência ambiental de forma proativa, o lado cultural para a musicalidade, pois entendemos que a arte é um refúgio seguro diante da instabilidade de algumas realidades”, reflete a diretora executiva da HP, Indiara Ferreira.

Para dar vida ao projeto, a HP Transportes contou com a parceria estabelecida junto à Criô Projeto e Ação, que foi a responsável por formatar a ideia trazendo para fortalecê-la parceiros importantes que estão há décadas pensando na sustentabilidade associada à música. Para conduzir o trabalho de confecção dos instrumentos musicais com itens inservíveis e oferecer as oficinas de música que ensinam a tocar os instrumentos, foram convidados para o projeto os profissionais do Grupo Vida Seca, que há duas décadas leva a mensagem de que música e consciência ambiental podem perfeitamente caminharem juntas.

O Grupo Vida Seca é reconhecido pelo seu trabalho autoral desenvolvido totalmente com instrumentos construídos de sucatas. Com três álbuns gravados e turnês que passaram por Portugal, Argentina e Uruguai, o grupo tem provado em cada apresentação que é possível se fazer música sem recursos necessários para comprar instrumentos; que há música onde menos se imagina, até mesmo naquilo que não se vê mais utilidade.

“No momento de dar forma ao Coletivo Asas entendemos que os alunos se beneficiariam muito com o contato com o grupo Vida Seca, pois eles praticam exatamente os princípios que são prezados pelo projeto. Portanto, estamos muito felizes com a parceria estabelecida, e com os frutos que estamos colhendo dela”, argumenta Ricardo de Pina, coordenador artístico do Coletivo Asas e um dos diretores da Criô Projeto e Ação.

Sobre o Coletivo Asas

Para receber a primeira edição do Projeto Coletivo Asas foi escolhida a Escola Renascer, localizada no bairro Real Conquista, na capital Goiânia. Segundo a diretora Larisse Elaine da Silva Santos, a região é marcada por vários episódios de violência, já tendo ocorrido inclusive tiroteio na porta da escola. A unidade atende quase 900 alunos, do ensino fundamental e da Educação de Jovens e Adultos. “Para a nossa comunidade escolar é muito importante estarmos abertos para o desenvolvimento de projetos, tanto que atualmente contamos com três projetos diferentes em andamento. Todos voltados para a consciência social, ambiental e agora, até musical”, explica a diretora.

Nesta etapa foram selecionados 21 alunos para participarem das oficinas, porém, após as férias escolares de Julho, seis alunos não retornaram devido à mudança para outros bairros. “Essa é uma realidade muito constante aqui. Famílias se mudarem com frequência em busca de um local mais tranquilo para se viver”, esclarece Larisse. Atualmente, o projeto conta com 15 alunos de 10 a 15 anos que dedicam-se às oficinas no contraturno das aulas, duas vezes por semana, todas as terças e quintas, das 15h às 17h. Todos os selecionados recebem uma bolsa auxílio paga pelo projeto de R$180,00. “Sabemos que alunos estão ajudando em casa com essa bolsa, outros já planejam comprar algo para si, como uma bicicleta”, conta Larisse.

Conforme explica o músico Ricardo Roquetto, integrante do Grupo Vida Seca, na primeira fase do projeto os alunos foram instruídos a construírem os instrumentos, momento esse em que latas de refrigerante viraram chocalhos; foram feitos tamborins de tubo de pvc e pele de garrafa pet; tambores graves feitos com latas de plástico duro e baquetas de cabo de vassoura com ponta de câmara de ar, que ajudam a harmonizar o efeito das batucadas.

Passada a parte das oficinas de construção dos instrumentos, os alunos receberam aulas de iniciação musical, onde foram repassados conceitos sobre timbre, intensidade, duração, noções de compasso e visão rítmica. “Atualmente, estamos trabalhando com eles quatro peças musicais para que eles possam mostrar aos amigos e à sociedade tudo que aprenderam. Eles estão se preparando para tocarem uma marcha, um xote, uma ciranda funk e um samba reggae junto com samba afro”, adianta Ricardo Roquetto. As apresentações vão acontecer no mês de Setembro, nos terminais Garavelo e Bandeiras, e contará com a participação dos músicos profissionais do grupo Vida Seca.

A Criô Projeto e Ação está trabalhando junto à HP na continuidade do projeto, que conta com apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. A segunda etapa vai ampliar o número de alunos atendidos e buscará integrar a participação de escolas públicas de música para trazer novos instrumentistas à formação. “A intenção é que os alunos se apresentem em outras escolas e também em eventos comemorativos”, explica Fausto Valle, produtor executivo do projeto Coletivo Asas e um dos diretores da Criô Projeto e Ação.

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