A coluna desta semana destaca novamente os investimentos que serão realizados no setor industrial do Brasil. A indústria automobilística representa aproximadamente 22% do PIB industrial, além de ser forte indutor para outras indústrias, como por exemplo a indústria de borracha. Portanto, um crescimento da indústria automobilística promoverá crescimento significativo no PIB industrial.
A indústria automobilística já anunciou, até a semana passada, investimentos da ordem de US$ 111 bilhões, equivalente a R$ 550 bilhões até 2032, nesta semana a indústria de energia anunciou investimentos da ordem de R$ 30 bilhões até 2025. Somados a estes valores tem o plano da Nova Indústria do Brasil (NIB) do governo Lula que prevê investimentos da ordem de R$ 300 bilhões até 2026 sobre o comando do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
Com todos estes investimentos, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) acaba de projetar crescimento para o PIB Industrial de 2,4% para 2024. Em 2022 a indústria participou com 23,9% do PIB do Brasil, em 1985 a participação da indústria era de 48%. Houve nesse período um grande processo de desindustrialização do país. Nenhum país até hoje tornou-se um país rico, com renda per-capita alta sem uma indústria forte. E todos os países hoje ricos tiveram como indutor do processo industrial o Estado, portanto, necessário se faz a condução e indução desse processo pelo Estado Brasileiro. Apesar das críticas dos neoliberais que o Estado não pode interferir na economia de livre mercado tem que ter conhecimento e consciência que nenhuma nação rica ficou rica somente com o livre mercado, todos praticaram proteção a sua indústria, bem como, incentivos à indústria.
Estes investimentos acima na indústria contribuíram para o crescimento da taxa geral de investimentos da economia brasileira. Como já foi falado aqui, o crescimento da economia brasileira dos últimos anos, principalmente nos governos do PT, foi alavancado pelo crescimento da demanda agregada. Esse crescimento sempre se esgotou no não crescimento dos investimentos, ou seja, no aumento da oferta agregada, com isso inflação e desemprego. A taxa de investimentos na economia brasileira foi de 16,5% em 2023, já foi de 21,3% em 2013, enquanto a média anual é de 26%. Portanto, faz-se necessário um foco grande no aumento da taxa de investimentos na economia brasileira.
As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 05 de abril trouxeram pequenas variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024 houve crescimento da previsão de 1,89% para 1,90%, houve manutenção das previsões para os anos de 2025, 2026 e 2027 em 2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 aumentou de 3,75% para 3,76%; 2025 aumentou de 3,51% para 3,53% e 2026 e 2027 mantiveram-se as projeções de 3,50%.
As projeções da Taxa Selic mantiveram-se as mesmas, 2024 em 9% e 2025, 2026 e 2027 manutenção da projeção em 8,5%. Com as previsões da Selic e o aumento da previsão da inflação para os próximos 12 meses para 3,50 %, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna aumentou para 5,88% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 9%, equivalerá taxa de juros reais de 5,31%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%. Portanto essa é a tendência das taxas de juros reais do Brasil, porém, para esta coluna é de que ela se estabilize em torno de 8% ao ano e não em 9% ao ano até o final do ano de 2024.
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado oscilou para cima as suas previsões: janeiro de 2025 em 9,94%; janeiro de 2026 em 10,00%; janeiro de 2027 em 10,31%; janeiro de 2028 em 10,63%; janeiro de 2029 em 10,85% e janeiro de 2034 em 11,28%,
(Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 6,36% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos foram negociadas para 2 anos é de 4,780% e para 10 anos é de 4,397% ao ano, apresentando crescimento em relação à semana anterior.
Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,70% do PIB, 2025 de -0,60%, 2026 de -0,50% e 2027 de -0,25%.
Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção da coluna. O que se constata que o cenário positivo da economia brasileira está influenciando, a cada semana, a melhora das projeções do relatório Focus.
Abaixo, quadro de projeção do IPCA para os próximos 3 meses, conforme relatório FOCUS.
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Marcos Freitas Pereira
Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.