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Congestionamento nos portos: vergonha nacional

(Imagem: Freepik/jcomp)

Por Marcondes B. Moraes

O faturamento do setor de mineração no Brasil chegou, no ano passado, a R$ 209 bilhões. O valor foi 36% maior do que o registrado em 2019. O estudo do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgado no início deste ano mostrou também que a produção mineral cresceu 2,5% e gerou mais de 5 mil contratações no setor. Os dados apresentados mostram claramente a pujança e a importância fundamental da indústria mineral para o País, que vem se destacando na retomada da economia brasileira, afetada pela crise da pandemia da Covid-19.

O que vemos, ao mesmo tempo, é que outro setor estratégico para o País também tem conseguido expandir apesar da crise mundial: o agronegócio.

Prova disso é que houve aumento da movimentação de cargas de produtos agropecuários de 2019 a 2020, passando de 16% para 21%, mesmo com a desaceleração econômica. As informações foram divulgadas no final do ano passado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O ano virou e a expansão continuou. Por exemplo, em junho deste ano, o Ministério da Agricultura divulgou que a exportação de produtos do agronegócio do Brasil avançou 33,7% em maio ante o mesmo mês do ano passado, para um recorde de US$ 13,94 bilhões, com a forte demanda da China impulsionando os embarques brasileiros.

O maior impulso para a marca em uma série histórica desde 1997 foi o aumento das cotações das commodities, disse o ministério, apontando avanço de 24,6% no índice de preços, enquanto o crescimento do indicador de quantum (quantidade) foi de 7,3%.

Bem, você deve estar se perguntando quais são os impactos diretos do crescimento simultâneo desses dois setores, certo?

A verdade é que a nossa capacidade logística não acompanhou o impulso tomado tanto pela agricultura quanto pela mineração. Com isso, estamos congestionados. Dilemas de um País que merecia mais, que tem tudo para ser maior, mas prefere o improviso e quando a oportunidade chega, é preciso remendos e remendos, para funcionar. Neste caso, é preciso que alguém pague mais. Produtos mais caros por falta de estratégia e gestão. O agronegócio paga mais, tem tido prioridade na exportação. Essa realidade é vergonhosa e prejudica todos.

Nem quero argumentar que o que não tem se levado em consideração é que a produção da mineração é constante, enquanto a do agro é sazonal. Não é defender lado, é defender o desenvolvimentismo. Seria bom ter espaço para os dois, sem congestionamento, sem sobrepreço. Será que é certo com o futuro do País ter de escolher um ou outro por não ter condições de atender aos dois ou o erro está em não ter estratégia para atender aos dois ou quantos mais setores quiserem expandir? Onde está o erro?

Marcondes B. Moraes

Graduado em Relações Públicas, MBA em Gestão Empresarial, MBA Gestão Comercial, MBA Finanças para Executivo e Presidente Executivo do Instituto Brasileiro do Crisotila.

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