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Desafios para as mulheres no mercado de TI

Coordenadora da área de engenharia de software da Soluti, Flávia Cristina Cruz Silva (Divulgação)

A presença de mulheres na área da Tecnologia da Informação (TI) no Brasil ainda é bem menor do que a de homens. Nos anos 60 e 70, elas eram mais ativas neste setor. Nos anos 80 a porcentagem de mulheres que obtiveram diplomas universitários em ciência da computação chegou a 37%. Mas, desde então, essa proporção tem caído constantemente.

No Brasil, as mulheres são maioria nos cursos de ensino superior, mas representam apenas 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Elas também são 21,6% dos cursos de engenharia e profissões correlatas, segundo dados do IBGE. Um estudo da Revelo, empresa de tecnologia no mercado de recrutamento, mostra que apenas 12,7% dos profissionais de tecnologia no Brasil são mulheres.

Entretanto, este cenário começou a mudar. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos últimos cinco anos (2015-2022), o aumento da participação feminina foi de 60% no setor de tecnologia. Só que o desafio continua enorme: 83,3% deste mercado é ocupado por homens.

Trazer mais mulheres para as áreas de tecnologia é um caminho importante para um Brasil com mais equidade de gênero no mercado de TI. A previsão é que até 2025 haverá um déficit de 500 a 800 mil talentos do TI no Brasil, segundo relatório da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais. Mas elas ainda enfrentam uma série de desafios e barreiras. Como efeito, se sentem desvalorizadas e não respeitadas.

A boa notícia é que em algumas empresas brasileiras de tecnologia este cenário tem mudado de forma muito rápida. Apenas durante a pandemia, em 2020, a busca por profissionais neste segmento cresceu mais de 600%. No Grupo Soluti, por exemplo, mais de 50% dos seus 700 colaboradores são formados por mulheres. Para isto, a IDtech especializada em Identidade Digital e Assinaturas Eletrônicas, lançou o Projeto Ada Lab, com o objetivo de ampliar a participação das mulheres no mercado de Tecnologia da Informação (TI) e fomentar a representatividade feminina.

Desafios e perspectivas

Coordenadora de Pessoas da Soluti, Bruna Carvalho destaca que as mulheres são maioria na empresa: 333 profissionais, que representam 54,5% do quadro de colaboradores. Nas áreas de tecnologia, no entanto, a situação se inverte, elas ocupam apenas 19% dos cargos. “Para equilibrar mais esses números, criamos o Ada Lab e temos algumas posições afirmativas em que preferimos mulheres. Adotamos um critério de desempate em seleções de colaboradores. Se tivermos um homem e uma mulher igualmente competentes e preenchendo os mesmos critérios exigidos, a preferência é pela mulher”, explica.

Flávia Cristina Cruz Silva, coordenadora da área de engenharia de software da Soluti, diz que sente acolhida na empresa e que nunca teve nenhum problema por trabalhar num ambiente em que predominam os homens. “Mas sei que, para as mulheres no mercado de TI, é preciso provar em dobro a nossa competência. Com o tempo, no entanto, aprendi a lidar com essa realidade”, afirma.

Flávia acredita que a baixa presença das mulheres no mercado de TI também se explica pelo fato de não ser um curso muito atrativo e considerado difícil. “No entanto, quando nos tornamos profissionais, colhemos os frutos e constatamos que existem várias áreas na tecnologia da informação que vão além da parte de desenvolvimento de códigos”, ressalta. 

Karla França, designer de experiência do usuário da Soluti (UX designer), também diz que nunca se sentiu constrangida no ambiente de trabalho. “Apesar de saber que existem casos de machismo, penso que eles são exceção à regra”, reforça.

A designer destaca que o mercado de trabalho de TI, mais recentemente, vem se expandindo para a área de produtos, vertente que tem atraído mais mulheres do que homens, afirma a profissional. “Nós conseguimos desenvolver essa parte lógica da TI e trabalhar com desenvolvimento, mas também trabalhamos com a parte que está mais relacionada às ciências humanas e de análise de negócios. Na época em que entrei no mercado, era mais fechado e o estereótipo da TI era uma tela preta e um profissional extremante concentrado diante dela, o que realmente não é atrativo para as mulheres”, admite.

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