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Economia: Análise da Semana

Calculadora financeira e uma caneta sobre um papel com contas

Imagem: Pixabay

Por Marcos Freitas Pereira

Na semana passada, foi divulgado o índice de inflação de julho (IPCA), ele foi de 0,12% após a deflação de 0,08% de junho. O índice acumulado em 12 meses subiu de 3,16% para 3,99%, subida essa que deve ocorrer até setembro, pois o período de julho a setembro de 2022 houve deflação em função da redução artificial e eleitoreira dos preços dos combustíveis. A partir de outubro o índice acumulado voltará a reduzir.

No Relatório Focus divulgado no dia 14 de agosto não houve grandes novidades nas projeções, continua a previsão do IPCA de 2023 de 4,84%, pequena redução, porém sistemática para o IPCA de 2024 de 3,88% para 3,86%, 2025 e 2026 continuam a projeção de 3,50%. As projeções da Taxa Selic continuam as mesmas, 11,75%, 9,00%, 8,50% e 8,50% para os anos de 23,24,25 e 26, respectivamente. Para o crescimento do PIB, pequeno aumento em 2023, porém, também sistemático, de 2,26% para 2,29% e manteve-se as previsões para os anos de 24, 25 e 26 de 1,30%, 1,90% e 2,00%, respectivamente. Com as previsões da Selic a taxa de juros reais da economia, calculada pelo autor, teve uma pequena alta de 6,82% para 6,84%, em função da redução da previsão de inflação para os próximos 12 meses de 4,15% para 4,13%.

No dia 14 de agosto também foi divulgado IBC-Br pelo Banco Central que é uma estimativa da variação do PIB. O crescimento acumulado em 2023 até junho foi de 3,42% e o crescimento em 12 meses foi de 3,35%, a economia continua crescendo acima de 3% em 2023.

A novidade da semana passada foi o anúncio do PAC 3, um conjunto de obras de infraestrutura no valor total de R$ 1,7 trilhões até 2026. É importante falar aqui, antes de falar dos possíveis impactos na economia desses investimentos, que esse governo diferente dos governos Bolsonaro e Temer, destaca e defende a importância do Estado como indutor da economia. Divergências ideológicas a parte, no mundo inteiro investimentos na infraestrutura são realizadas pelo Estado em parceria com a iniciativa privada, por um motivo, são investimentos de longo prazo para o retorno do capital investido o que inibem investidores privados. O que precisamos ficar atentos que a realização desses investimentos sejam efetivas e que não haja corrupção. A responsabilidade dos estados federativos vai ajudar a monitorar a realização deles através da participação ativa da população de cada estado. Sugiro ainda que o Conselhão seja envolvido no acompanhamento desses projetos.

Quais os efeitos desse montante de investimentos na economia brasileira?

Os gastos com investimentos fazem parte da composição do PIB, em 2022 ele representou 18,8%, bem menor do que 20,9% alcançado em 2013, a cada R$ 100 de crescimento nos investimentos, R$ 18,80 será acrescido no PIB. O valor de R$ 1,7 trilhões por 4 anos, representam, adicionalmente, R$ 425 bilhões por ano, que somados aos atuais valores de investimentos, poderão representar 23% da participação dos investimentos no PIB nos próximos anos. Teremos então uma evolução positiva dos investimentos de 23%, como hoje ele participa com 18,8% na composição do PIB, concluímos que o PIB sofrerá um aumento adicional de 4,3% ao ano em função do crescimento dos investimentos, nada desprezível para um PIB que está tendo crescimento pífios nos últimos anos, 1,26% ao ano em média no período de 2017 a 2022.

Outro fato importante divulgado com o PAC 3 foi a expectativa de criação de 4 milhões de novos empregos, reduzindo 43% do número de desempregados atualmente, de 9,4 milhões.

Por fim, começam a surgir questionamentos das fontes de financiamentos desses investimentos. O governo divulgou que R$ 343 bi virão das Estatais, R$ 362 bi do BNDES, R$ 371 bi do Orçamento da União e R$ 612 bi da iniciativa privada. O mais importante é que a cada 1 ponto percentual de crescimento do PIB, a base da arrecadação cresce 0,92 ponto percentual. Se a economia crescer adicionalmente 4,3% ao ano, por consequência, a base da arrecadação crescerá 3,96% também ao ano, como a arrecadação corresponde a 34 % do PIB, então 1,35% virão em forma de aumento de receita do governo, o que soma o valor anual médio de R$ 133 bi contra um gasto anual do orçamento do governo com o PAC de 92,8 bi.

Marcos Freitas Pereira

Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.

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