Por Raimundo Nonato Leite Pinto
A educação tem sido o pilar da revolução e expansão dos países asiáticos nas últimas três décadas. O mesmo já havia ocorrido na Europa e nos Estados Unidos. Não se tem registro de um país que cresce e se desenvolve sem investir continuamente em conhecimento, educação e ciência. O sistema cooperativista tem como um dos princípios fundamentais a educação, formação e informação, com objetivo de fortalecer o desenvolvimento das comunidades onde as cooperativas estão inseridas.
Dentro da educação, vários segmentos se subdividem, mas todos convergem para a formação humana. Um dos ramos determinantes para uma melhor evolução social é a educação financeira. Em toda a vida do cidadão, da infância à terceira idade, este vai estar exposto a dilemas e desafios financeiros que exigirão deste um domínio mínimo para não ter perdas que impactam em sua vida e nas relações negociais e contratuais – evitando erros e fraudes que todos estão sujeitos.
O Sicoob é um praticante de projetos que promovem a educação financeira há décadas, além de sempre encampar a defesa de políticas públicas para a área. A inclusão da educação financeira na educação formal é essencial e o Brasil está com décadas de atraso neste tema. Gerações e gerações já poderiam estar dominando o tema e tendo uma vida financeira mais organizada ou, ao menos, evitando ficar refém de terceiros para tomar decisões financeiras que impactam a história de vida de suas famílias.
Uma família que tem uma educação financeira mal resolvida é uma família que invariavelmente terá conflitos internos e externos. Em casos mais graves, como superendividamentos pessoal e familiar, estudos apontam severos riscos para saúde mental e pessoas que atentam contra a própria vida.
Aos agentes públicos, fica sempre o alerta. Na década passada, o Brasil atingiu um número absurdo que parecia um pico, mas que se tornou uma perigosa recorrência. O Brasil estacionou no patamar de 70 milhões de pessoas endividadas. O que parecia momentâneo se tornou fixo. Raras vezes o país saiu deste patamar – números são de agências que monitoram endividamento e liberam crédito e são divulgados mensalmente. Este dado provocaria um pânico em qualquer sistema econômico e social de qualquer outro país, mas aqui não se buscou soluções reais para reduzir este quadro. Com certeza, a educação com foco em finanças pessoais é a principal delas.
O cooperativismo financeiro já trouxe avanços para o tema. Ajuda de maneira direta a reduzir o número de brasileiros excluídos do sistema bancário, democratiza o acesso ao crédito com taxas mais justas e a serviços básicos para uma parcela da população, fortalece a presença em cidades pequenas e médias – onde o sistema tradicional deixou de operar –, e atende, além de grandes e médias empresas, os pequenos empreendedores, agricultores e comunidades de baixa renda.
A todos estes públicos, a cooperativa fortalece sua política de educação financeira, com palestras, oficinas, aplicativos e plataformas online. Mas, vai além, pois ao ingressar na cooperativa, não são tratados simplesmente como clientes, são associados – participam, inclusive, da decisão dos rumos da gestão. Neste ponto, o cooperativismo leva mais do que a conscientização financeira aos cidadãos, mas atuam como agentes de transformação social e desenvolvimento regional.
A complexidade deste debate e suas consequências reforçam o papel do diálogo social entre os gestores públicos e privados, na busca da solução, que precisa cada vez mais considerar a inclusão da educação financeira nas políticas públicas. Precisamos, continuamente, analisar e evoluir a legislação brasileira sobre educação financeira, identificando lacunas e oportunidades para seu aprimoramento, como adotar a matéria como disciplina obrigatória nas escolas brasileiras, o que contribuirá para a formação de adultos com pouca ou nenhuma noção sobre finanças. São passos que precisamos dar com uma urgência maior.
Raimundo Nonato Leite Pinto
Presidente da Central Sicoob Uni
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