Por Edwal Portilho ‘Tchequinho’
Os números do ano passado não são favoráveis para a Economia brasileira, muito menos para a indústria. O setor, em Goiás, que em 2020 escapou do tombo nacional de 4,5%, em 2021, até o momento, com dados atualizados de outubro, deve registrar encolhimento na mesma proporção de queda do ano passado, na faixa de 4%. E a queda será no local e no nacional.
O problema já está precificado – como dizem os especialistas em mercado financeiro –, não tem reversão. O ano frustrou principalmente porque se esperava uma recuperação do fraco desempenho do ano anterior. Quando a base de comparação é fraca, crescer é quase uma obrigação. Era natural uma expansão de pelo menos 3% depois de um tombo como foi em 2020 – o que tem tornado o resultado de 2021 ainda mais preocupante.
Mas, neste cenário desastroso, alguma esperança pode sinalizar no horizonte? Sim: O emprego. Os últimos dados sinalizam com uma recuperação. É uma mudança de rumo, ou seja, estava ampliando a cada trimestre dos últimos dois anos, mas, no último dado divulgado, teve uma queda até forte, acima do esperado para tanto número desfavorável.
Vamos aos números: Segundo dados do IBGE, da Pnad Contínua, Goiás teve um recuo do desemprego no terceiro trimestre de 2021: A taxa de desemprego fechou em 10% no terceiro trimestre de 2021. O dado anterior, era 12,4%. Se o ponto de avaliação for o mesmo trimestre de 2020, a situação era pior: 13,5%. Em trabalhadores, tivemos uma grande virada.
Caminhávamos rapidamente para 500 mil goianos desempregados, em 2020, e pelo último dado, estamos com 375 mil – uma redução superior a 21%. Em uma “conta de padeiro”, se todos estes novos trabalhadores que voltaram para o mercado de trabalho em Goiás ganharem um salário mínimo – o que só serve para efeito ilustrativo – tivemos um ganho mensal de renda circulante na economia de R$ 125 milhões (e anual de R$ 1,6 bilhão). Como o salário médio em Goiás é o dobro do salário mínimo, essa conta anual supera fácil R$ 2,5 bilhões de incremento de renda.
Emprego é isso. Não tem programa social – bolsa ou auxílio – que entrega 1% do que um emprego entrega. Enquanto empregos são sinônimo de prosperidade e crescimento da empresa e geram receitas tributárias, os programas de auxílio, sejam eles quais forem, sangram as contas públicas. Pode-se argumentar que são relevantes em períodos de crise, mas são caros.
Deveriam ser emergenciais, quando não se consegue gerar empregos naturalmente. No Brasil, são eternos. No Brasil, não é de hoje, têm-se mais programas de repasse de renda do que para geração de empregos. Vai entender. E o que representa estes mais de R$ 2,5 bilhões ou mais de 100 mil novas carteiras assinadas em Goiás na economia? Uma sobrevida para empresas e trabalhadores, pois a inflação real dos últimos 24 meses deixou empresas e trabalhadores com poder de compra/consumo de 20% a 30% menor. Ou seja, encolhemos ou empobrecemos nessa proporção. Essa renda extra repõe parte desta perda enquanto ela se recupera gradativamente – o que deve levar um tempo pois a reposição da renda é bem mais lenta que a dos preços, que ainda nem se estabilizaram.
O emprego é essencial nesse equilíbrio da economia. Essa reserva de renda mantém a economia ativa. A ADIAL, desde 2020, tem trabalhado forte no tema. Percebemos que mesmo com a crise instalada, o industrial não estava demitindo. O que já era um bom sinal. Mas quando ia ao mercado, contratar, não achava a mão de obra qualificada. Entramos em campo com o ADIAL Talentos.
O programa é um facilitador para os dois lados, empregadores e empregados, se conectarem, via aplicativo, sem custos, e, com cruzamento de informações de demanda e oferta de vagas. Cruzamos milhares de currículos cadastrados, com centenas de vagas que surgem mensalmente.
Mostramos para o empresário que tem na sua região ou em outra – o que é comum – o perfil que ele procura. A missão é realizar este contato, que depois de localizado, fica a cargo das duas partes se acertarem. No futuro, o ADIAL Talentos tende a se expandir para novas ações de capacitação, pois temos demandas do setor industrial e logístico, ao mesmo tempo que centenas de informações relevantes coletadas. Importante usar estes dados a favor da melhoria da economia.
Edwal Portilho ‘Tchequinho’
Presidente-executivo da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (ADIAL) e ADIAL-LOG