Por Leo Moreira
Tratando este assunto de forma prática, entendo que a resposta para este questionamento irá depender do ângulo em que as circunstâncias são observadas. Uma coisa acredito ser inquestionável, as demandas das cadeias produtivas não são mais as mesmas e obviamente a mão de obra deixou de ser algo que esteja simplesmente ligada a mapeamento de processos, procedimentos operacionais e padrões predefinidos.
É fato que as profissões ficaram mais dinâmicas, conectadas e, obviamente, ligadas a metas e objetivos que resultem em maior economia, inovação, segurança e, claro, geração de riquezas. Mas, é óbvio que em função da evolução tecnológica, integração dos mercados e definição de demandas universais do consumidor, muitas necessidades voltadas a produtividade, informação e qualidade dos produtos e serviços vêm sendo supridas por automação e inteligência artificial.
No Brasil, a falta de mão de obra qualificada sempre esteve muito ligada ao fator “escolaridade”, porém, o que se vê no dia a dia é falta de “capacitação profissional”, ou seja, uma interface entre aquilo que os seres humanos são insubstituíveis (capacidade de criar algo novo, criar soluções, interagir com os ambientes e inteligência emocional) com a evolução dos processos produtivos, tecnológicos e conectividade global. Enfim, nota-se a falta de “habilidades e desempenho pessoal”.
Então vejamos, é comum falar da escassez de mão de obra qualificada nas as áreas da tecnologia da informação e do mercado financeiro, que já possuem posição de destaque nas estatísticas, porém, o que vemos é a falta de habilidade profissional para cargos que antes eram vistos como “trabalhos básicos e simplificados” que não exigiam formação acadêmica e/ou técnica.
No estado de Goiás, empresas de prestação de serviços de limpeza, copa, jardinagem, portaria e vigilância, por exemplo, estão com milhares de vagas em aberto por falta de profissionais com o perfil básico para executar operações simples como “servir um café” ou “higienizar um ambiente hospitalar”. Porém, podem acreditar, o gargalo não está na escolaridade ou na remuneração ofertada pelo mercado, e sim na capacidade de muitas pessoas não conseguirem assimilar a importância e a melhor forma de promoverem os procedimentos básicos com segurança, pontualidade e eficácia.
De forma geral, buscado garantir emprego e renda da população economicamente ativa, várias associações de classe e empresas em geral, vêm oferecendo acessibilidade gratuita a cursos, apoio social e motivacional, para que os candidatos possam estar condicionados e aptos a ingressarem no mercado de trabalho formal com mais produtividade, sustentabilidade e profissionalismo.
Na minha opinião, muitas vagas deixam de ser preenchidas em razão de fatores que devem ser tratados em esferas que extrapolam os mercados e adentram nos aspectos sociais e políticos.
Os conceitos de assuntos como aptidão e formação profissional no Brasil devem ser debatidas de forma proativa com objetivos e expectativas mútuas, deixando de lado “velhas” práticas que possam ser ligadas a “qual lado da mesa leva a melhor”.
Hoje, mais do que nunca, o talento humano está no posto de ativo com maior relevância dos negócios.
Leo Moreira
Empresário e professor, mestre em Gestão de RH e inteligência de Negócios, MBA em controladoria e finanças, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Gestão Empresarial e Serviços. Cursou técnicas de negociação na Harvard University (EUA) e Gestão de riscos e tomadas de decisões na Chicago University (EUA). Diretor e 1º vice presidente do Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação e Serviços Terceirizados de Goiás – SEAC-GO.