O Executivo goiano lançou, nesta terça-feira, 4, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), um fundo de investimento de R$ 800 milhões para atrair empresas e gerar novos negócios no Estado. Trata-se de uma medida de apoio aos empresários goianos, especialmente do setor exportador, diante das ameaças geradas pelo aumento de tarifas anunciado pelo governo dos Estados Unidos. A proposta prevê um aporte inicial de R$ 628 milhões, metade composta por créditos de ICMS e a outra metade por investimentos privados.
O objetivo do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) é oferecer crédito competitivo, com juros de até 10% ao ano, para incentivar a instalação, ampliação e modernização de plantas industriais em setores estratégicos da economia, como biometano, data centers, terras raras, inteligência artificial e linhas de transmissão de energia. Serão priorizados setores estratégicos para o desenvolvimento estadual.
A Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial) marcou presença no lançamento oficial do FDIC, representada por seu presidente, Edwal Portilho (Tchequinho), pelo diretor de Relações Institucionais e Governamentais, Eduardo Alves, pelo consultor jurídico, Flávio Rodovalho, e pelo empresário e ex-presidente do Conselho da Adial, Zé Garrote.
Durante o lançamento da iniciativa, o governador Ronaldo Caiado destacou o desempenho econômico goiano, que registrou crescimento de 6% na atividade econômica entre janeiro e maio de 2025, segundo dados oficiais do governo.
“O ritmo acelerado do nosso crescimento mostra que Goiás está avançando de forma sólida. Temos um parque industrial competitivo, e nosso papel é respaldar sua expansão com planejamento e criatividade, especialmente diante das transformações que o país viverá até 2032”, afirmou o governador.
Impacto positivo para a indústria goiana
O presidente da Adial, Edwal Portilho, ressaltou a importância da medida para a indústria goiana e afirmou que a iniciativa está alinhada com o interesse do Estado em fomentar setores essenciais para o desenvolvimento econômico.
“Além disso, o foco em novos negócios, como o das terras raras, demonstra o compromisso em diversificar a economia local. Essa linha de crédito representa uma oportunidade única para ampliar investimentos com condições financeiras mais favoráveis, gerando emprego, renda e maior arrecadação”, destacou Portilho.
O gestor ainda reforçou o crescimento econômico do estado nas últimas décadas. “Em 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás era de R$ 21,7 bilhões. No ano passado, chegamos a R$ 377 bilhões, um crescimento vertiginoso que precisa ser mantido. Com iniciativas como essa, temos certeza de que avançaremos ainda mais.”
Oportunidade e segurança
O diretor institucional da XP, Rafael Furlanetti, ressaltou o potencial do Fundo Creditório como instrumento de fomento ao investimento produtivo, com apoio direto do mercado de capitais. Segundo ele, a estrutura do modelo permite que empresas utilizem créditos de ICMS próprios e adquiridos de terceiros para compor fundos com maior poder de alavancagem financeira.
“Vamos imaginar uma empresa que pretenda investir R$ 300 milhões em Goiás. Se ela possui R$ 100 milhões em créditos de ICMS e adquire mais de R$ 50 milhões de outra companhia, pode estruturar um fundo de R$ 150 milhões. Com base nesse montante, é possível obter até R$ 300 milhões em crédito final, com juros médios de 10% ao ano. O mercado está disposto a assumir esse risco por meio de FIDCs estruturados com taxas competitivas, como CDI mais um ou dois pontos”, exemplificou.
Furlanetti também destacou que o modelo permite operações de longo prazo, com custos financeiros mais atrativos. “Hoje, empresas com bom histórico conseguem captar recursos com prazos de 7, 10 ou até 15 anos, com juros mais baixos. Trata-se de uma solução inovadora que beneficia tanto o investidor quanto o desenvolvimento econômico do estado. O mercado enxerga essa iniciativa com entusiasmo, reconhecendo a credibilidade do empresariado goiano e a competência da gestão estadual”, concluiu.
A iniciativa faz parte de um pacote de ações anunciadas pelo Governo de Goiás para mitigar os efeitos do chamado “tarifaço norte-americano”, que pode impactar fortemente setores como carnes, rações e açúcar. Além do novo fundo, também foram apresentadas outras duas alternativas emergenciais: o Fundeq (Fundo de Equalização para o Empreendedor) e o Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás.
Para a Adial, a criação do Fundo Creditório representa um avanço relevante na construção de um ambiente de negócios competitivo e resiliente. A associação segue acompanhando de perto as políticas públicas que impactam diretamente o setor produtivo e mantém-se aberta ao diálogo sobre o desenvolvimento sustentável de Goiás.
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