Por Alessandro Máximo de Sousa
No mês da independência, até pensei em outros temas, mas fica difícil não harmonizar com a vibração coletiva. Certamente, o tema provoca divagações que podem, ou não, encaixar num sistema de valores rígidos, ou mais flexíveis, ou seja, estamos, certamente tratando de conceitos relativos e relacionados a experiência de vida (experiência de experimentar mesmo, não relacionada à idade), e valores adquiridos em cenários diversos (familiares, de trabalho, e por aí vai). Podemos celebrar realmente uma independência? De fato ela é integral? No entanto, até acredito que no conceito puro sempre dependemos de algo, seja de coisas mais concretas (ambiente, ferramentas, infraestrutura, etc), seja de coisas imateriais (uma relação, ou relacionamento, conhecer um procedimento, de acreditar em algo). Então, me parece que independência sempre vai ser um conceito relativo.
Uma observação, não estou aqui desfazendo do momento histórico, apenas contextualizando para refletirmos sobre sua relatividade política e que possa agregar em nossas vidas e vibrações diárias.
Mudando o cenário, mas permanecendo na discussão, trazendo o conceito de independência ao seio familiar. É um dos objetivos dos pais, pelo menos acredito que deveria ser, dirigir esforços para que os filhos conquistassem essa relativa independência. Creio que a independência, ande sempre junto com a autonomia, outro conceito com um grau de relatividade imenso, porém com uma ótica diferente – vide os tratamentos dados em ambiente político, filosófico e educacional.
A bem da verdade e pendendo a balança para o lado extremo, são conceitos que não são plenamente alcançáveis, mas o equilíbrio do seu exercício (independência e autonomia) permite os seres humanos saudáveis, busquem oferecer ao seu próximo, experiências proporcionais das mesmas independência e autonomia, que tem base estrutural no respeito e amor ao próximo. Nos casos dos conflitos, para chegarmos às condições de independência e autonomia, parece ser a condição mais comum de evolução, dentro de nossa condição dual (filosófica), contraposição de interesses e valores, e abnegações parciais.
Pessoas, famílias, empresas, e Estados, que transigiram na linha da evolução ética e moral, compartilhando independência e autonomia, certamente evoluíram individualmente ou como corpo coletivo. E neste ponto, voltamos ao equilíbrio da relatividade, pois não podemos ser totalmente independentes, nem tampouco autônomos. No exercício diário, evolutivo, dependemos de companheiros(as), do(a) colega de trabalho, sócios, do serviço da companhia de energia, das decisões políticas, das informações e da nossa fé.
Acredito que no fundo, o que deveríamos buscar não seja independência, ou negligenciar a dependência, mas uma relação sempre equilibrada no respeito pelas condições passadas e atuais, visando sempre um passo além, nesse relacionamento. Como uma criança que muda dia a dia suas necessidades, aos poucos vai conquistando autonomia, torna-se adolescente (acreditando que pode ser independente), e amadurece com a certeza de que pode confiar nas suas relações e dependências, lapidando o seu ego e harmonizando suas relações para servir ao seu próximo com amor.
O que isso tem haver com câmbio de moedas e direito? A interdependência das dinâmicas de mercado funcionam como molas, às vezes resistindo, às vezes empurrando. A regulação do mercado tenta equacionar o coletivo, variando do egoísmo ao altruísmo, e ao meu ver sempre em evolução.
Alessandro Máximo de Sousa
Advogado, Empresário, Mestre em Direito, Especialista em Gestão de Aeroportos e Especialista em Análise de Ações e Finanças, sócio da Prata Cambio. www.pratacambio.com.br.