Goiânia Empresas (GO) – A saúde mental no trabalho tem sido objeto de debates por parte de várias empresas, principalmente no pós-pandemia causada pela Covid-19. O motivo são as consequências dos transtornos mentais, como ansiedade e depressão, na produtividade das organizações. A Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), por meio dos conselhos Setoriais de Serviços, Gente e Gestão realizou, nesta quinta-feira (09), das 8h às 12, na sede da entidade, o seminário “Saúde Mental e Gestão do trabalho: novos desafios empresariais”.
Em sua fala de abertura, o presidente da Acieg, Rubens Fileti, destacou a importância do debate: “É um orgulho para todos nós que essa casa está cheia. começamos a discutir saúde mental, quando ocorreu o lockdown por conta da pandemia causada pela COVID-19. a Acieg criou o Centro de Apoio Psicossocial (Caps), que foi um momento de acolhimento aos empresários”, disse.
Rubens ainda relembrou: “reunimos alguns diretores da área da psicologia e da sociologia e começamos a cuidar da alma e da mente do empreendedor. Tenho absoluta certeza que salvamos muitas vidas. Esse seminário de saúde mental tem conteúdo e gente muito capacitada para estar passando conhecimento sobre esse tema tão importante para as organizações”.
Home office nas organizações
Ampliada durante a pandemia da Covid-19, a Síndrome de Burnout é um dos transtornos mentais com os quais as empresas estão tendo de lidar. A partir de 1º de janeiro de 2022, ela ganhou nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde e deve ser vista sobre novo prisma pelas companhias.
Trazendo o tema ‘Gestão da Saúde e Segurança do trabalho no cenário atual’, João Anastácio destacou que o home office vem desde os anos 90 caminhando lentamente, e em março de 2020, de repente empresas passaram a funcionar de um dia para o outro, 100% home office.
“E muitos especialistas argumentam que, dos trabalhadores que no auge da pandemia estavam em home office, 30% não voltaram. Isso abre oportunidades, como a de trabalhar em empresas em outros países. Esse processo que avançava lentamente foi acelerado com a pandemia, assim como o processamento eletrônico que envolve essa nova gestão de saúde e segurança do trabalho”, disse.
Já o Levy Rafael, que é presidente do Procon Goiás, abordou o tema ‘Como a Saúde Mental do Colaborador pode afetar as relações de consumo’ e destacou a necessidade da empatia: “não é bater o pé, é dialogar, é entender, se colocar no lugar do outro. É cada vez mais necessário a empatia e o cuidado com a saúde mental”.
População mundial afetada
Estima-se que 10% da população mundial é afetada por algum transtorno mental, sendo 20% crianças e adolescentes. Segundo a OMS, a cada 40 minutos uma pessoa comete auto exterminio. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta causa de mortes no Brasil. Entre os homens são a terceira causa, entre as mulheres a oitava.
Em 2021, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) apontou que, em uma lista de onze países, o Brasil é o que tem mais casos de trabalhadores com problemas de saúde mental.
Marilene Martins, presidente do Conselho Setorial de Gente e Gestão da Acieg e diretora do Instituto Habiens, levou dados sobre o Direito à Saúde Mental e aspectos psicossociais do trabalho: prevenção e intervenção, juntamente com o Laércio Melo Martins.
“No mundo em que estamos vivendo, por que o indivíduo não se permite olhar para dentro. Falar sobre saúde mental não é romantizar, mas entender que o sofrimento está do nosso lado, e nos perguntarmos: será se a empresa está preparada para discutir isso?”, destacou Marilene.
Além de falar sobre acidentes do trabalho por CID no estado de Goiás, Laércio Melo Martins abordou um pouco mais sobre o ‘Direito à Saúde Mental e aspectos psicossociais do trabalho: prevenção e intervenção’.
“É necessário abrir novos horizontes de possibilidades de discussão da saúde mental. Esse seminário já demonstra que vocês, gestores, que estão no campo político e defesa dos associados estão se atentando para isso, porque as questões estão cada vez mais complexas”, concluiu Laércio.