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Inovação: a moeda de sobrevivência e desenvolvimento para as cooperativas goianas

(Na foto: Presidente da Uniodonto Goiânia, Fábio Prudente/ Crédito: Sílvio Simões)

Por Karine Rodrigues

Da redução quase completa do uso papel à robótica para otimizar a produção, são várias as maneiras que a inovação chega nas cooperativas goianas. Investir ou conectar startups, realizar um programa interno de ideias, montar um laboratório de inovação e qualquer outro tipo de iniciativa pode fazer muito ou nenhum sentido para quem está executando. Tudo depende da estratégia e contexto cultural da cooperativa. Mas sem uma reflexão adequada do porquê, onde e quanto inovar deve-se definir com antecipação de como e com quem inovar.

E foi desta forma quase premeditada, que a Uniodonto Goiânia, cooperativa de serviços odontológicos viu que era hora de se tornar mais digital. Com a pandemia, o atendimento teve que se tornar mais distante entre os funcionários da cooperativa e os beneficiários. Foi por isso, que o presidente Fábio Prudente já buscava empresas de fora de Goiás para digitalizar toda a parte de vendas.

Mas foi como jurado de um concurso que ele conheceu a startup Assinei e decidiu apostar nela para implementar a mudança. “Conheci a plataforma e a dinâmica de funcionamento, tinha uma boa entrega, é competitiva, toda a documentação produzida é válida juridicamente perante a ANS, além do fato de ser goiana, tudo isso fez a diferença”, destaca. 

Custo Menor

Segundo o gerente comercial da Uniodonto Goiânia, Douglas Pádua, toda a parte contratual, de serviços e até as atas de reuniões, hoje, é tudo digitalizado. Os gastos com papel foram reduzidos significativamente. Um contrato que consumia em média 30 páginas, e na cooperativa eram feitos de 15 a 30 por mês, passaram a consumir zero papel, agora é tudo digital. Também caíram os gastos com toner, impressora, courrier, além de aumentar o nível de segurança e diminuir o risco de fraude.

Gerente Comercial da Uniodonto Goiânia, Douglas Pádua (Crédito: Silvio Simões)

Douglas relata que a mudança foi extremamente positiva. “Os vendedores ficaram mais motivados e as vendas se tornaram mais fáceis, rápidas e ágeis. Agora o tempo gasto produzindo documentos em papel, na busca de assinatura pode ser revertido em novas vendas”, argumenta ele.

Além da digitalização dos processos e vendas, a Uniodonto Goiânia recentemente instalou painéis de energia solar na sede da cooperativa, para produzir energia elétrica limpa e economizar no custo com a distribuidora. De acordo com o presidente, Fábio Prudente inovar é obrigação de um gestor competente. “Inovação é tendência, os consumidores sempre esperam novidades, facilidades e produtos que venham com DNA de uma pegada diferente, mais modernos. A inovação também é necessidade para se manter sustentável e obrigação pela responsabilidade que é gerir o negócio”, completa. 

A empresária da área de Recursos Humanos, Sofia Esteves, ressalta que o ano passado, talvez, tenha sido uma demonstração prática de que se inovou não porque necessariamente a escolha era esse caminho, mas porque era preciso. “Mudar o negócio, transformar processos, pensar em alternativas… Tudo isso era necessário para dar conta do recado”, diz. E as empresas que tiveram o privilégio de chegar lá — porque inovar não é só uma questão de querer, mas de ter as condições necessárias para tal — não podem se acomodar nesse lugar e dar por missão cumprida. 

No campo da tecnologia

Com mais de quatro décadas de existência, a Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos (Complem), poderia ter outro nome, haja vista que, hoje compreende um leque de serviços e produtos que abrange vários segmentos do agronegócio, como pecuária leiteira, pecuária de corte e agricultura. Mas para se manter presente nas cidades que vão de Brasília a Ipameri, passando por Caldas Novas e a própria Morrinhos, foi necessária muita criatividade e inovação.

De acordo com o vice-presidente Leonardo Daniel de Souza, para chegar a ser uma das maiores cooperativas agropecuárias de Goiás, a Complem teve que ser constantemente renovada, buscou inovações, tecnologias, para se adaptar as exigências do mercado, dos cooperados e dos parceiros.  

Uma das metas da gestão atual, a qual Leonardo faz parte, foi aumentar o número de cooperados que por anos ficou estagnado em quatro mil e neste ano de 2021 chegou a cinco mil. “E estamos com uma campanha para chegar aos seis mil”, enumera.

Além disso, foram favorecidas as condições para aumentar e melhorar o rebanho de gado de leite, por meio da destinação de sêmen e de serviços veterinários. A Complem faz a locação de carretas e equipamentos para proporcionar melhor condições de trabalho para os produtores cooperados.

A cooperativa também mantém uma equipe de agrônomos pesquisando os materiais mais adaptáveis à região, criou uma feira dos pequenos produtores e ainda banca junto com o Sebrae Goiás, 50% da inseminação de gado de corte para os cooperados.

Segundo Leonardo Daniel, na Complem tem se trabalhado em cima do gargalo de cada área para definir os investimentos de 2022. “Temos feito o planejamento de longo prazo, por isso vamos alcançar mais de R$ 650 milhões em faturamento neste ano”, relata ele, que também diz que haverá ampliação do armazém graneleiro no ano que vem e a mais aguardada para 2022 que é a robotização da indústria de ração. “O cliente está cada vez mais exigente e em busca de mais coisas, de novidades e temos que atender a tempo e a hora”, confirma Leonardo.

Necessidade x obrigação

“Inovação, para mim, nunca foi um destino. Nunca foi um lugar em que, como executiva, eu chegava e pronto, problema resolvido. Inovação, bem como educação e desenvolvimento, é um processo contínuo”, o pensamento da empresária Sofia Esteves retrata bem como tem sido a inquietação dos gestores pela inovação.

Presidente do Sistema OCB/Sescoop Goiás, Luís Alberto Pereira (Divulgação)

O presidente do Sistema OCB/Sescoop Goiás, Luís Alberto Pereira, diz que a inovação atualmente se dá por necessidade. Porém,  inovação não tem a ver somente com tecnologia, é possível inovar no modo de fazer as coisas e nos processos.

Um recente estudo da OCB Goiás mostrou que, as cooperativas que mais crescem em Goiás, são da região Central e dos ramos de Crédito e Saúde. Questionado sobre este desempenho acima da média, Luís Alberto atribui esse crescimento a vários motivos, mas os principais referem-se ao processo de governança e profissionalização da gestão e ao controle e supervisão dos órgãos reguladores, Bacen e ANS respectivamente. E não apenas aos constantes processos inovadores a que essas cooperativas se sujeitam.

Para o presidente do Sistema OCB/Sescoop, para não ficarem defasadas, as cooperativas que ainda não adquiriram um grau de maturidade na gestão e não procuram se informar precisam rapidamente mudarem seu “mindset”, renovando gestores e aprendendo novos processos hoje muito baseados na versatilidade, agilidade, comunicação e tecnologia, sem perder de vista o interesse pelo social e meio ambiente.

Departamento de inovação

Não satisfeita em apenas buscar a inovação nos processos internos,  o Sicoob Unicentro BR, criou uma diretoria de Inovação e Relacionamento. O responsável pelo departamento, o diretor Diogo Mafía explica que a diretoria engloba várias áreas como relacionamento com o cooperado, marketing, inovação pura e outras.

Diretor de Inovação e Relacionamento do Sicoob Unicentro BR, Diogo Mafía (Crédito: Divulgação)

O principal objetivo desta pasta é inovar e melhorar os processos internos, automatizar, desburocratizar e facilitar o acesso aos serviços para os cooperados. E o trabalho está dando certo, pois o crescimento da Unicentro BR é exponencial. Saiu do patamar de 17 mil cooperados em 2018 para 55 mil este ano. “O grande desafio é manter os princípios cooperativistas e se relacionar com o cooperado, não simplesmente como uma instituição financeira, mas como uma cooperativa que mantém todos os seus preceitos e toda a sua cultura”, explica Diogo.

Hoje o Sistema Sicoob é segundo maior em número de agências no País, só perde para o Banco do Brasil. Em Goiás não será diferente, o grande passo do Sicoob Unicentro BR é quase dobrar o número de agências físicas até dezembro de 2022, e passar das 54 atuais instaladas em 27 municípios, para 53 agências que vão atender mais 30 cidades. Ao contrário dos bancos tradicionais que estão fechando agências, Diogo Mafía diz que para as cooperativas as agências físicas são fundamentais para ter contato com os cooperados.

Esse crescimento também ocorre em virtude da migração do Sistema Sicredi para o Sistema Sicoob. Só esta mudança fez com que a Unicentro crescesse seis vezes mais. Além disso, a cooperativa incorporou duas cooperativas financeiras que situadas no interior de São Paulo, que saíram de uma situação de financeira difícil e atingiram o patamar de crescimento. “Eu considero esses dois movimentos foram os mais inovadores que fizemos que resultaram em crescimento significativo”, ressalta Diogo.

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