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Logística: RDC 430 amplia a segurança dos medicamentos

Reprodução

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nada mais é que um tipo de regulamentação técnica. A RDC 430, de 2020 entrou em vigor desde 2021, discute as Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e Transporte de Medicamentos publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para Mariana Oliveira, farmacêutica especialista da área de logística/ transporte e coordenadora do grupo técnico de Distribuição e Transporte do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO), a RDC 430 é um importante passo para a categoria, que até então não contava com nenhum tipo de legislação específica.

“A RDC entrou em vigência durante um período crítico da pandemia, onde tivemos muitas perdas de vacinas, devido à falta de acondicionamento e transporte adequados. Até então, essa área de Distribuição, Armazenagem e Transporte não tinha uma norma específica, o medicamento ficava nos armazéns como outras classes de produtos relacionados à saúde e o controle e monitoramento de temperatura não era uma obrigação. Com a 430, mudou muito para a melhor o nível de exigências, visando a manutenção da qualidade em toda a cadeia logística para evitar perdas”, aponta a coordenadora.

Co-fundador da HageLab, Rogério Diniz (Divulgação)

Por dentro das regras da normativa, Rogério Diniz, co-fundador da HageLab, empresa em IoT do ramo da saúde, enxerga com bons olhos a nova determinação.

“Quando a gente fala da RDC, pensando na parte do transporte, é de extrema importância o monitoramento em tempo real. A empresa nasceu para fazer esse monitoramento de amostras biológicas, de bolsas de sangue, de órgãos, de vacinas, então a resolução está em total sintonia com o que a Hage faz. Nossa missão é justamente esse monitoramento para garantir na ponta final produtos de qualidade”, destaca.

Para adequação às exigências da RDC 430, foi estipulado o prazo de um ano e muitas empresas ainda encontram-se em fase de adaptações. Esta fase envolve principalmente a parte técnica, que são os farmacêuticos junto com os empresários. O CRF-GO faz então esse trabalho de conscientização junto aos farmacêuticos.

Farmacêutica especialista em logística, Mariana Oliveira (Divulgação)

“Frequentemente promovemos lives, palestras ou treinamentos voltados para os itens da RDC, buscando a conscientização dos farmacêuticos neste tema para que tenham o conhecimento necessário e sejam replicadores das informações para suas empresas e seus colaboradores, uma vez que as ações do Sistema de Gestão da Qualidade são de responsabilidade de todos e não somente do farmacêutico, essa cultura precisa ser mudada. O objetivo é sempre de capacitar e preparar esses profissionais. E estamos percebendo que eles estão cada vez mais inteirados do assunto e buscando aproximação aos órgãos regulatórios, como as vigilâncias sanitárias, isso é bem positivo. As perdas de medicamentos podem ser agravadas pelas condições inadequadas de armazenamento e o maior desafio nosso é o controle no Brasil inteiro. Por exemplo, no Amazonas, que parte do transporte dos medicamentos é feito por balsa, como irá funcionar este tipo de controle? Então, essa adaptação pode levar ainda algum tempo, pode demorar anos e é preciso investimentos para essas adequações e profissionais envolvidos diretamente em toda a cadeia logística dos medicamentos. Infelizmente, ainda há muita resistência quanto à contratação de farmacêuticos em transportadoras, mas outro ponto positivo da RDC 430 é justamente isso, como se espera fazer essas adequações e execução dos serviços sem um farmacêutico? É impossível, ele é o profissional por dentro dessa área”, conclui Mariana.

Mercado farmacêutico

Segundo o relatório anual da INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), revelou que o mercado farmacêutico brasileiro ultrapassou a marca de R$ 145 bilhões em 2021, chegando a R$ 146,7 bilhões. O valor representa um crescimento de 13,6% em comparação ao ano anterior. E a receita tende a aumentar com soluções eficientes de monitoramento e controle de temperatura.

“A Hage tem noção tanto de hardware quanto software para fazer o monitoramento de temperatura e umidade em tempo real. Independente da carga, seja pequena ou grande, é colocado o sensor ou hardware tanto em caminhões, carretas, containers ou na própria caixa de transporte, que transmite as informações em tempo real e on-line, garantindo a segurança e eficácia dos medicamentos. Caso ocorra um imprevisto nos dados, alertas e alarmes são disparados e uma medida corretiva é aplicada antes mesmo que qualquer problema ocorra. Dessa forma, evita perdas tanto financeiras quanto do próprio medicamento, que chega ao destino final em perfeitas condições”, garante Rogério Diniz.

Por outro lado, o medicamento pode ficar mais caro com a RDC 430, que vai influenciar no valor final.

“No transporte, o valor do frete com certeza sofrerá reajustes, pois não tem como cobrar o que se cobra atualmente, onde os medicamentos ainda são transportados em veículos comuns. A partir de março/ 2024, através da RDC 653/2022, que altera alguns artigos da 430, será necessário a implementação de sistemas ativos ou passivos para o transporte de medicamentos, ou seja, ter veículos climatizados ou utilizar uma manta térmica para proteger os medicamentos das excursões de temperaturas, então tudo isso vai passar para o valor final. Além do mais, não teremos qualquer transportadora permanecendo no mercado apta a realizar este tipo de atividade, pois deverá estar devidamente adequada conforme as legislações. Então, este valor chegará no bolso do cliente”, alerta Mariana Oliveira.

HageLab – Sistema chave de soluções inovadoras e sustentáveis em IoT (Internet das Coisas) com principais focos em logística, cadeia fria, monitoramento para Gestão de Qualidade de Fluxos e Processos empresariais, que permite otimizar automações e reduzir perdas e prejuízos.

AC Labor – Com mais de 20 anos no mercado, a empresa se destaca no comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, hospitalar e de principalmente laboratórios. Além disso, atua também com aluguel de equipamentos desses equipamentos, sem operador; Atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral; Manutenção e reparação de aparelhos eletromédicos e eletroterapêuticos; dentre outras áreas.

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