Campo Grande Empresas (MS) – Idealizado para ser o maior aquário de água doce do mundo, depois de mais de uma década, o Bioparque Pantanal, conhecido como Aquário do Pantanal, será inaugurado nesta segunda-feira (28).
O ponto turístico e centro de pesquisa da ictiofauna pantaneira, em Campo Grande, começou a ser construído em maio de 2011, ainda na gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB).
Conforme o projeto original, o empreendimento deveria ter sido inaugurado em 2013, no 36º aniversário de criação de Mato Grosso do Sul. A previsão inicial de investimento no complexo turístico era de R$ 84 milhões.
No entanto, com a elevação dos custos por diversos impasses, entre eles, paralisação das obras em 2015 e denúncias de mau uso de recursos públicos, o montante a ser investido passou a ser de mais de R$ 230 milhões, consumidos dos cofres públicos.
Para finalizar a obra, que por mais de uma década ficou conhecida como um dos principais elefantes brancos da Capital, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) lançou 13 licitações desde a retomada dos trabalhos, em 2020.
Conforme o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, 95% desses certames foram concluídos. A expectativa é de que nas próximas semanas os últimos ajustes sejam concluídos.
Com aproximadamente 19 mil m² de área construída, o Bioparque Pantanal conta com 33 tanques, sendo 23 internos e oito externos, além de um tanque de abastecimento e outro de descarte de efluentes, com um volume total de 5 milhões de litros de água. Os tanques externos começaram a ser povoados no fim do mês de janeiro, com 230 espécies de peixes.
O maior dos reservatórios é o túnel principal, que levará 1,2 milhão de litros de água para receber animais de grande porte. Todo o circuito de reservatórios será preenchido por meio de cinco fontes de água: três poços internos, um poço da obra e um poço da concessionária de abastecimento de água de Campo Grande.
O Bioparque Pantanal abrigará 151 espécies pantaneiras, 55 da Amazônia, 14 africanas e cardumes da Oceania, Ásia e América Central.
A obra
O principal atrativo do Bioparque Pantanal é o circuito que forma o maior aquário de água doce do mundo, onde o visitante terá contato com as principais espécies de peixes do Pantanal e dos 5 continentes. A cenografia dos tanques é de autoria do artista plástico, cenógrafo e ambientalista, Roberto Alves Gallo, reproduzindo cada ambiente conforme pode ser visto abaixo.
O Bioparque oferece também um ambiente aberto que representa o Pantanal na sua forma “bruta”, possibilitando contato com animais típicos do bioma como o jacaré vivendo ao ar livre. Uma passarela ainda na área externa conduz ao mirante de contemplação de aves e outros animais em seu habitat natural, o Parque das Nações Indígenas.
Além do turismo
O Bioparque Pantanal oferece um novo conceito que une educação, pesquisa e conservação, promovendo projetos de pesquisa e conservação de espécies, valorizando o bem-estar dos animais e orientando seus visitantes pela educação ambiental. O museu, laboratórios de educação ambiental e pesquisa científica e centro de convenções, proporcionam um conjunto de atividades e experiências, de maneira inovadora, dinâmica e viva.
Outras atividades possíveis de serem realizadas dentro do Bioparque, e que serão importante gerador de receitas para sua manutenção, são os eventos: seminários, conferências, formaturas ou eventos sociais poderão ser realizados, aproveitando toda a dinâmica que o local oferece.
Com a bancada multimídia e a Biblioteca disponíveis no primeiro piso, o visitante poderá também ampliar seus conhecimentos e pesquisas em diferentes temas de seu interesse. O Bioparque Pantanal também contará com a oferta de produtos e serviços nos restaurantes, lanchonetes e lojas de artesanato e souvenires que serão implantados ao longo do ano, visando complementar a experiência do visitante e proporcionar bem-estar durante a sua estada no ambiente.
Visitação
A diretora do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, destaca que a visitação aberta ao público em geral terá início no dia 1º de maio e os primeiros 30 dias após a inauguração serão de treinamento, com agendas internas e institucionais.
“Está sendo elaborada uma plataforma por onde a população poderá se cadastrar para visitar o Bioparque. Serão visitas guiadas, segmentadas. A visita será feita com um guia-chefe e dez condutores, as pessoas vão se cadastrar e será emitido um voucher com dia e horário da visita”, afirmou.
A visitação será gratuita até o último dia do ano e a capacidade diária será de 300 pessoas, 150 pela manhã e 150 à tarde.
INVESTIMENTOS
Em 2011, a Egelte Engenharia venceu a licitação para construir o Aquário do Pantanal, por R$ 84 milhões.
A obra, assinada pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake, foi lançada em 23 de maio de 2011 e deveria ter sigo entregue em 11 de outubro de 2013, aniversário de criação de Mato Grosso do Sul.
Em 9 de outubro de 2013, a obra foi prorrogada pela empresa por mais um ano. Em fevereiro de 2014, o contrato teve acréscimo de R$ 21 milhões e trocou de mãos, sendo repassado para a Proteco Construções.
Desta forma, o valor chegou a R$ 105,8 milhões. Os trabalhos foram novamente prorrogados e deveriam ter sido concluídos em 16 de dezembro de 2015.
Após a Operação Lama Asfáltica apontar, no ano de 2016, irregularidades na transferência da obra para a Proteco, o empreendimento voltou para a Egelte Engenharia.
Em decorrência do não andamento da obra, o governo de MS rompeu o contrato com a Egelte Engenharia em novembro de 2017.
A empresa Azevedo & Travassos era a segunda colocada na licitação de 2011, com seus serviços cotados em R$ 88 milhões. Chamada para assumir as obras em novembro de 2017, ela recusou o contrato.
OBRA INACABADA ZERO
Lançado na primeira gestão do governador Reinaldo Azambuja, o programa Obra Inacabada Zero foi responsável por retomar a construção do Aquário do Pantanal em 8 de maio de 2019.
A retomada dos trabalhos no polo turístico e de estudos foi dividida em três etapas: levantamentos, processos licitatórios e fiscalização até a inauguração.