Campo Grande Empresas (MS) – O estado do Mato Grosso do Sul ficou entre os TOP 10 que mais contrataram com carteira assinada no ano de 2020. A análise foi retirada de dados colhidos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), publicado nesta quinta-feira (28).
Segundo o levantamento, no ano passado, o estado preencheu 14.173 vagas de trabalho com carteira assinada. O saldo positivo é resultado do intervalo entre as 213.034 contratações e as 198.861 demissões. É o melhor resultado desde 2013, quando o Estado gerou 21.071 empregos formais.
Os outros estados do país que ficaram à frente de Mato Grosso do Sul foram: Santa Catarina (53.050), Paraná (52.670), Pará (32.789), Minas Gerais (32.717), Goiás (26.258), Mato Grosso (21.970), Maranhão (19.753) e Ceará (18.546).
Contrariando as estatísticas trazidas pelo cenário da pandemia da Covid-19 no Brasil, Mato Grosso do Sul fechou 9 meses no azul e apenas 3 no vermelho, ou seja, com número maior em demissões.
Dentre os piores meses para o mercado estão dois que antecederam a crise, sendo abril (-6.992) e maio (-1.992), e, por último, dezembro (-1.933).
A pandemia da Covid-19 impactou diretamente no mercado de trabalho. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, considerando o ano atípico, o resultado é muito positivo para o Estado.
“Não podemos deixar de pensar na questão do emprego olhando para a pandemia. Tivemos uma desestruturação grande dos setores produtivos, fechamento do comércio, paralisação de empresas por falta de insumos, uma série de características que impactaram diretamente no emprego formal e uma das principais é o não crescimento da economia. Mesmo assim, Mato Grosso do Sul termina o ano de 2020 com saldo de 14.173, o que é muito positivo, temos muito a comemorar em um ano como este”, analisa Verruck.
A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, ressalta que houve crescimento de 12,4% ante os 12.599 empregos gerados em 2019.
“Nós conseguimos ter uma melhora dessa evolução do emprego, isso mesmo neste momento conturbado de pandemia. Tivemos uma aceleração do desemprego, principalmente entre março e maio. Mas também tivemos a geração de empregos, porque tivemos a mudança no comportamento, a maioria das pessoas tiveram de se reinventar, tanto os consumidores quanto os empresários”, diz Daniela.
SEGMENTOS
Entre os setores que mais geraram vagas com carteira assinada estão a indústria, o comércio e os serviços. A indústria fechou o ano responsável por 6.621 empregos formais, 46,7% do total. Seguida pelo comércio, com saldo de 4.118 vagas; serviços, 3.039; construção civil, 265; e agropecuária, 130.
Para Daniela, o setor terciário se recuperou com a mudança no comportamento. Houve uma intensificação de compras em alguns segmentos e algumas empresas migraram para outras áreas,
“gerando novas possibilidades e novas oportunidades. Os sul-mato-grossenses tiveram a capacidade de se reinventar, boa parte dessa reinvenção ocorreu nos setores de bens, serviços e turismo, justamente porque temos uma dependência muito grande. A maior parte dos empregos, das empresas e do Produto Interno Bruto [PIB] do Estado se concentram nessas áreas”, afirma a economista.
O titular da Semagro explica que o emprego industrial é crucial por ser mais permanente.
“Quando olhamos por agrupamento de atividade econômica, a gente termina o ano com a indústria [em alta]. Foram 6.621 empregos gerados na indústria, isso decorre de todas as renegociações que fizemos nos incentivos fiscais, todas as empresas que tinham incentivos tiveram as cláusulas repactuadas. E também, o crescimento de novas indústrias. O emprego industrial é mais permanente, mais de longo prazo e mais sustentável”, destaca Verruck.
PARA 2021
Para este ano, os especialistas acreditam em um cenário mais positivo. A economista destaca que o início da vacinação da população já trouxe uma expectativa mais otimista para a economia.
“Acredito que a vacinação já mexeu com as expectativas das pessoas e que todo o aprendizado com o ano passado deve direcionar o nosso 2021. E também nos preparar para o pós-pandemia. A dica aos empresários é sempre olhar o comportamento dos nossos consumidores, a partir deles é que é possível tomar algumas decisões estratégicas. Essas decisões levam em conta expectativas e, se elas estão mais positivas, isso pode levar a um consumo efetivo, a um investimento maior na empresa, e em mão de obra”, finaliza Daniela.
O secretário ainda ressalta que a indústria e a construção podem sinalizar um desempenho maior na geração de emprego e renda. “Vamos continuar crescendo no setor industrial. Esperamos que a gente cresça na área da construção também, isso depende da disponibilidade de crédito para avançar. E no comércio e nos serviços a gente também deve ter um crescimento em função da economia”, conclui Verruck.