Com 22,7 milhões de cabeças de gado, Goiás mantém um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil e se consolida como uma potência na produção de proteína animal. A força da pecuária se reflete também na economia: o setor é responsável por US$ 12,1 bilhões em exportações, sendo um dos principais produtos da balança comercial do estado, junto à soja e ao milho. Nesse cenário em constante transformação, o curso de Medicina Veterinária – que em 27 de abril celebrou seu dia – se reafirma como uma formação essencial para o presente e o futuro do agronegócio goiano.
De acordo com o professor Victor Bragança, professor do curso de Medicina Veterinária da Estácio, a atuação profissional na área pode ser dividida em duas grandes vertentes: a urbana, voltada ao atendimento clínico de pequenos animais, à saúde pública e ao controle de zoonoses, e a rural, profundamente conectada às cadeias produtivas da pecuária e da agricultura.
“O médico veterinário tem papel estratégico tanto nas cidades, no cuidado com cães e gatos e no combate a doenças como a leishmaniose e a esporotricose, quanto no campo, onde é peça-chave para garantir a produtividade e a sustentabilidade da pecuária”, explica o professor.
Transformações no campo
Nos últimos cinco anos, Goiás passou por mudanças significativas em sua estrutura produtiva. A expansão da agricultura impulsionada pelo cultivo de soja, milho, cana-de-açúcar e sorgo avançou sobre áreas antes ocupadas pela pecuária, provocando a diminuição de pastagens em algumas regiões e a intensificação da criação de gado em áreas de integração lavoura-pecuária. Em algumas regiões do estado, observou-se uma reconfiguração na distribuição das matrizes bovinas, o que impactou a produção de bezerros e a cadeia como um todo.
“O bezerro goiano, via de regra, é recriado e terminado em confinamentos, especialmente no estado de São Paulo. Com a reconfiguração na distribuição das matrizes, essa produção passou por ajustes, exigindo uma reestruturação das fazendas e dos processos produtivos”, afirma Bragança.
Essa reconfiguração geográfica e produtiva provocou uma migração da pecuária para áreas menos ocupadas pela agricultura, como o norte e o oeste do estado, além de regiões como o Vale do Araguaia — áreas onde a atividade se mantém em sistema extensivo, já que o bioma não permite o cultivo agrícola devido ao seu regime de inundações.
Ao mesmo tempo, regiões do sul do estado têm se aproximado da avicultura e da suinocultura, puxadas por cooperativas vindas do Paraná. A diversificação produtiva abre novas possibilidades de atuação para o profissional veterinário, que passa a ser demandado em diferentes especialidades, da reprodução de bovinos à nutrição de aves e suínos.
Formação conectada à nova realidade do agro
Com a pecuária goiana cada vez mais tecnificada, o curso de Medicina Veterinária tem ajustado sua formação para atender às novas exigências do campo. O domínio de tecnologias reprodutivas, manejo nutricional e confinamento tornou-se essencial para quem atua com gado de corte.
“O pecuarista precisa de eficiência, e isso só acontece com apoio técnico qualificado. Nosso papel é formar esse profissional, com base nas demandas do mercado local”, afirma o professor Bragança.
Além das disciplinas voltadas à pecuária, o curso mantém foco em saúde pública, clínica de pequenos animais e controle de zoonoses, áreas que também crescem em um estado com desafios urbanos e rurais.
Com a expansão da agricultura e a concentração da pecuária em áreas como o Vale do Araguaia, o setor exige veterinários preparados para lidar com os impactos ambientais, econômicos e produtivos. “Produzir mais em menos espaço, com controle sanitário e eficiência, só é possível com ciência e técnica”, conclui Bragança.
Mais do que atender a uma demanda profissional, formar médicos veterinários em Goiás é investir no desenvolvimento sustentável do agro, unindo conhecimento, responsabilidade e tecnologia para cuidar do futuro da produção de alimentos.
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