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Mudanças climáticas podem aumentar preços de alimentos ainda em 2024

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A resiliência dos produtores de alimentos enfrentará um grande desafio caso as variações climáticas abruptas, com períodos sequenciais de calor e frio intensos, e o impacto da seca, que favorece a disseminação de incêndios, continuem a afetar o país. Essa previsão é feita pelo economista Thiago de Oliveira, da Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp), que alerta que os eventos climáticos podem impactar os preços do varejo ainda em 2024.

Segundo Oliveira, a pressão sobre os preços aos consumidores afeta principalmente os cítricos, como laranjas e limões, cuja produtividade e tempo de colheita são impactados por um clima seco e instável. Essas condições favorecem a propagação do Cancro Cítrico ou Greening, uma doença bacteriana transmitida pelo inseto Psilídeo, que já está presente em todas as regiões produtoras do estado de São Paulo e resultou na erradicação de mais de 2 milhões de pés este ano.

“Se não houver uma melhora considerável na umidade, haverá um aumento significativo nos custos. Estamos falando do meio de outubro, com impacto inicial nos preços do atacado e, logo depois, nas redes de varejo, chegando ao consumidor”, explica o economista.

No estado, as hortaliças — tanto folhas quanto legumes — podem sofrer impactos em dezembro. Esses produtos apresentaram boa oferta nas últimas semanas, pois o clima seco favoreceu a maturação e a colheita, mas é prejudicial para os ciclos de plantio e crescimento das plantas. Assim como os cítricos, esses produtos tendem a ter um aumento no consumo durante os meses quentes.

Oliveira destacou que o último ano foi marcado pela inconstância, caracterizada por flutuações na sazonalidade. Em resumo, tanto o frio quanto o calor não ocorreram quando esperado, dificultando o planejamento do produtor rural. “O pequeno produtor sofre mais, pois, ao contrário do grande, não possui múltiplas culturas em sua propriedade. Com um módulo de produção pequeno, não há capital de giro nem condições de investimento. Isso ainda não se reflete em endividamento, pois os produtores estão arriscando menos e deixando de buscar capital para ampliar suas áreas de cultivo”, afirma Oliveira.

Perspectivas

Os valores de comercialização de frutas e verduras vêm apresentando uma tendência de queda, conforme os dados da Ceagesp e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que registraram recuos nos últimos dois meses nos custos de produtos da cesta básica, especialmente tomate e batata.

As informações que o Ceagesp analisa indicam uma tendência positiva, com chuvas suficientes para garantir uma boa produção. Oliveira ressalta que essa situação pode mudar, dependendo da distribuição das chuvas nas áreas de produção ao longo do tempo, o que não ocorreu nas últimas semanas.

Incêndios

Desde agosto, o estado tem enfrentado grandes queimadas, favorecidas pelo clima seco. Até esta segunda-feira (16), cinco municípios paulistas ainda registravam incêndios ativos. Apesar de menos intensas, a nebulosidade e as chuvas que atingiram o estado desde o domingo (15), aliadas a uma ação coordenada com 20 aeronaves, conseguiram conter a maior parte dos focos de incêndio, que diminuíram em 88% em uma semana, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil do estado de SP (CGE). O órgão informou que três municípios ainda apresentam focos de incêndio ativos: Itirapuã e Rifaina, na região de Franca, e Bananal, na Serra da Bocaína.

Em todas as regiões, a perspectiva é favorável ao controle e à extinção dos focos, mas a Defesa Civil recomenda cuidados para evitar novas queimadas e manterá suas equipes de prontidão, monitorando as áreas afetadas, especialmente na região norte do estado, que não recebeu chuvas.

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