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Na pandemia, mulheres e informais são os mais afetados, aponta pesquisa da UFMS

Crédito da imagem: Pixabay

Campo Grande Empresas (MS) – As mulheres e os trabalhadores sem carteira assinada foram os mais afetados pela crise da pandemia de Covid-19. A constatação é de uma pesquisa do formando de Ciências Econômicas Arthur Eduardo de Andrade, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), Andrade analisou como a adoção de medidas de restrição afetaram o mercado de trabalho.

“A Covid-19 está, definitivamente, espalhando sofrimento econômico ao redor do mundo. Vimos, por exemplo, que mulheres em empregos formais sentiram relativamente mais os impactos que os homens”, destacou. Para chegar a esse resultado, o agora economista comparou dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Secretaria de Trabalho do ME (Ministério da Economia).

Andrade destaca que a força de trabalho no segundo trimestre de 2020 no Estado regrediu aos números do mesmo trimestre de 2012.

“Considerando que a população economicamente ativa tende a aumentar junto com a população, então é a maior queda da série histórica e a taxa de participação nesse período também foi a menor”, aponta.

São 150 mil desocupados, em comparação com 120 mil no ano passado e 876 mil fora da força de trabalho (pessoas que desistiram ou que não estão procurando emprego) comparados aos 690 mil em 2019, totalizando mais de um milhão de trabalhadores parados. Até então, os piores registros somando as duas estatísticas apresentavam em média 850 mil pessoas nessa situação.

“Quando olhamos para os empregados no setor privado, observamos impactos mais severos sobre os trabalhadores sem carteira assinada, com uma queda de quase 30% se comparado ao mesmo trimestre do ano anterior. Para os trabalhadores domésticos, os impactos sobre os celetistas foram relativamente mais severos, com uma queda de também aproximadamente 30%. A pandemia tende a afetar mais ocupações com menores níveis de rendimento”, relatou o pesquisador.

As mulheres concentram a maior perda de empregos formais na pandemia. No estado, nos dois primeiros meses de 2020 que antecederam a pandemia, 28% da criação líquida de vagas foram direcionadas às mulheres.

Nos três meses seguintes, 54% da destruição líquida de vagas eram ocupadas por mulheres e, a partir de junho, 37% dos postos eram ocupados pelo trabalho feminino.

Seguro-desemprego

No ano passado, do total de 7,4 mil vagas líquidas criadas no Estado, apenas 2% foram ocupadas por mulheres. Para entender os impactos sobre os setores (população ocupada), o acadêmico utilizou duas formas: os dados sobre a população ocupada e sobre o número de pedidos de seguro-desemprego.

“O grupamento composto por atividades voltadas à agricultura apresentou relativa resiliência porque caiu 7%, se comparado com outros, o impacto foi bem menor. Indústria caiu 16% e construção 22% (comparação com o segundo trimestre de 2020) e o comércio também apresentara uma queda tímida de 7%. Dos grupamentos que compõem setor de serviços, transporte e alimentação apresentaram quedas de 22% e 17%, respectivamente, e o de serviços de informação teve queda acumuladas nos dois primeiros trimestres de 28%”, expõe.

Quando se analisa os pedidos de seguro-desemprego, alojamento e alimentação representavam 8% do total de pedidos no período, mas apresentou a mais expressiva variação se comparada ao ano anterior um aumento de 72%. A agricultura registrou o menor, com 3%, enquanto a média para os outros foi de 17%.

Também foi possível verificar que as pessoas que recebiam acima de dez salários mínimos tiveram uma variação muito grande no mês de maio. “Conseguimos correlacionar com os trabalhadores com superior completo, ao considerarmos que são mais qualificados e recebem mais e que tiveram aumento médio de 10% nos pedidos entre maio e junho”, aponta Andrade.

Para as pessoas que recebiam até um salário mínimo, houve aumento expressivo de pedidos em seis meses do ano, dos nove meses analisados, com 40% a mais acima da média de 2019 e de 58% acima da média de 2018.

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