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Negligenciar a saúde emocional dos colaboradores dificulta a superação da crise

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Por Marilene de A. Martins Queiroz

Quando falamos em crise não estamos falando apenas de uma experiência psíquica associado à uma situação adversa que causa sofrimento. Estamos falando de experiências dentro de um contexto global que certamente todo nós já enfrentamos um dia. Em se tratando das adversidades provenientes da pandemia, de alguma forma, todos vivenciamos conflitos semelhantes.

No contexto empresarial mudanças significativas marcam um novo tempo como, por exemplo, o modelo de trabalho híbrido ou o estresse relacionado a retomada do trabalho presencial após um longo período de home office.

Um estudo conduzido pela empresa de seleção Hayes, aponta que metade dos trabalhadores mundiais relataram que a pandemia causou prejuízos ao bem-estar emocional. Entre as principais queixas há relatos de ansiedade, fadiga e esgotamento por conta de alguma condição trabalho.

Outra pesquisa conduzida pela Adecco Group aponta que nove em cada 10 gerentes e diretores relataram dificuldade para gerenciar a sua equipe durante a pandemia da covid-19, o que ocasionou um aumento significativo dos casos de síndrome de burnout. Nesse aspecto muitos trabalhadores voltaram as atividades presenciais com níveis de estresse elevado.

Mesmo com o avanço da vacinação e a redução do número de óbitos, o clima de insegurança persiste, visto que os problemas não se encerram com o fim da pandemia. Temos uma leve sensação de alívio que alimenta a esperança de dias melhores, mas por outro lado, o retorno das atividades normais exige uma nova readaptação da rotina pós-covid. Afinal, caso as mudanças não sejam bem conduzidas há chances de ampliar os níveis de estresse.

Assim, precisamos exercitar a paciência, reunindo esforços, trabalho árduo e resistência para superar os prejuízos acumulados no período de crise e que se estendem à saúde mental no contexto de trabalho. Para superar o problema é preciso reconhecer o estresse emocional resultante disso, principalmente os relacionados a crise pós-covid. Nesse aspecto, a crise da saúde mental não tem previsão de acabar, por isso o foco de atenção deve ser para a resolução dos problemas que vão além da crise sanitária.

Esses fatores estão relacionados a perda de produtividade e interrompem o fluxo de desenvolvimento da empresa. Visto que a prosperidade dos negócios é resultante capacidade produtiva dos trabalhadores que depende de múltiplos fatores relacionados as condições de trabalho, como: o modelo de liderança, as estratégias de enfrentamento adotadas frente ao contexto de crise, mas principalmente, à satisfação e bem-estar emocional dos colaboradores.

Nesse processo a segurança psicológica em relação ao contexto de trabalho é fundamental para promover um retorno as atividades presenciais sem colocar em risco as relações de trabalho e o clima organizacional. Assim, negligenciar a atenção aos fatores de estresse relacionados a crise, bem como a forma como isso se apresenta na retomada das atividades presenciais pós-covid pode dificultar o processo de superação da crise.

Isso exige que medidas de proteção sejam associadas as estratégias e ações que promovam o bem-estar dos colaboradores e da empresa como um todo.   

Marilene de A. Martins Queiroz

Psicóloga, Mestre em Psicologia e Diretora do Instituto Habiens.

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