Campo Grande Empresas (MS) – A indústria sul-mato-grossense vem desempenhando um papel importante no enfrentamento à pandemia de Covid-19, com ações que reduzem os impactos econômicos e valorizam o produto regional. Como resultado, o segmento tem projeções positivas para 2021.
Para trazer um panorama do setor, a Agência Sebrae de Notícias conversou com o 1º vice-presidente regional da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Claudio Fornari. Ele também é o representante da entidade junto ao Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae/ MS. Confira:
Dentro do segmento industrial, quais são os ramos que mais se destacam atualmente em Mato Grosso do Sul?
O setor mudou. O seu desenvolvimento aconteceu de 2008 para cá. Um grande esforço, um alinhamento que houve, do governo estadual, com o presidente da federação, Sérgio Longen, que uma apresentação do Estado no Brasil e fora do Brasil, levou o segmento a marcar presença na economia do Estado.
A atividade industrial em Mato Grosso do Sul se apresentou como um importante vetor de crescimento, contribuindo diretamente para o desenvolvimento da economia no Estado. Nesse contexto, é possível destacar a consolidação e a expansão da agroindústria e de todos os setores ligados principalmente à cadeia florestal do eucalipto com a produção de celulose, madeiras laminadas e outros produtos.
No segmento alimentício, temos um grande parque industrial e novos investimentos sendo feitos em atendimento à crescente demanda de proteína animal e ao desenvolvimento da agricultura e pecuária de Mato Grosso do Sul – sua tecnologia, seu desenvolvimento, têm crescido muito. Há também uma cadeia sucroenergética já consolidada como uma das mais importantes atividades e ainda com um imenso potencial para geração de energia limpa e renovável por diferentes fontes. Por isso então esse crescimento da indústria no Mato Grosso do Sul nos últimos anos.
Assim como outros setores econômicos, a pandemia impactou a atividade industrial. Porém, em Mato Grosso do Sul, segundo divulgado pelo Radar Industrial da Fiems, a indústria fechou 2020 em alta. A que o senhor atribui esse resultado positivo?
Como eu disse no início, a Federação das Indústrias vem acompanhando todo o investimento que se faz no desenvolvimento tecnológico, cobrando assim esse desenvolvimento dentro das indústrias locais. E isso não só mantendo atualizado o custo na produção, mas também deixando a indústria pronta para essa nova “arrancada”, considerando que estamos vendo acontecer o retorno da economia que esperamos.
Nós tivemos um grande desempenho em 2020. No ano passado, a indústria foi responsável pela abertura de quase sete mil novos empregos formais, o que representou praticamente metade de todo o saldo de criação de empregos que tivemos no Estado.
Quando olhamos para os segmentos que mais contribuíram para esse resultado, vimos que houve uma contribuição muito forte das atividades ligadas, principalmente, à indústria de alimentos e bebidas e, em especial, nos segmentos de frigoríficos e de óleos vegetais. Também contribuíram para esse resultado os segmentos de celulose, construção e sucroenergético.
Houve também no último ano, assim como já vem acontecendo há alguns anos, uma contribuição significativa das exportações. Enfim, a garantia mínima de uma renda que serviu para dar segurança alimentar à população mais necessitada em todo o Brasil e também as exportações foram fatores decisivos para o excelente resultado da atividade industrial que Mato Grosso do Sul alcançou no ano de 2020.
Além desses fatores importantes, no ano passado, parceria entre Sesi e Sebrae garantiu a oferta de consultorias gratuitas em protocolos de biossegurança nas indústrias, como forma de continuar com a produção e manter empregos. Neste sentido, como as indústrias sul-mato-grossenses se adaptaram para combater a pandemia? Quais foram as ações do Sistema Fiems para apoiá-los?
O apoio da Federação das Indústrias no Mato Grosso do Sul sempre foi muito importante e decisivo para as indústrias. O Sistema Fiems realizou uma série de ações, ajudando no combate à pandemia, com a doação de respiradores hospitalares. Produziu e doou 390 mil máscaras. O Sesi, por meio da tecnologia de impressão 3D, produziu faceshields, que foram doados para 18 cidades. O Senai realizou a manutenção de respiradores hospitalares que se encontravam estragados nos hospitais e parados do Estado.
Também em parceria com o Sebrae/MS, o Sesi usou sua experiência na área de Saúde e Segurança do Trabalho para auxiliar as empresas para continuarem atuando de forma segura com os protocolos de biossegurança. Além disso, a Fiems e o Sebrae/MS lançaram a campanha “Compre de MS”, com o objetivo de manter o nível de atividade da economia, valorizando a indústria e o comércio de Mato Grosso do Sul e garantindo a manutenção dos empregos, o que é muito importante para nós.
Qual a sua perspectiva para o segmento industrial em 2021 aqui no Estado?
Até o momento podemos dizer que as perspectivas são positivas. Tivemos aí bons resultados, uma pequena acomodação no ritmo de atividade e mesmo na intenção de investimento e confiança, quando comparados com o final do ano passado.
Mas, até aqui, já tivemos bons resultados em janeiro e fevereiro, com um bom nível de atividade e geração de mais de 2 mil novos postos de trabalho.
Naturalmente, os próximos resultados serão influenciados, em maior medida, pelo ritmo em que a vacinação avançar e também com o início da nova rodada do auxílio, muito importante que deve dar mais um novo estímulo à atividade econômica em geral. Por tudo isso, a indústria do Mato Grosso do Sul está preparada para dar a sua contribuição para a retomada econômica do nosso Estado.
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Natural de Arvorezinha (RS), Luiz Cláudio Sabedotti Fornari é formado em Economia pela Universidade de Passo Fundo, localizada no Rio Grande do Sul. Atualmente, é empresário da indústria de cerâmica Cotto Figueira, em Rio Verde (MS), e é 1º vice-presidente regional da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul).