Por Leo Moreira
A placa “Precisa-se de Funcionários” se tornou uma constante nas portas de empresas em todo o Brasil e representa um sinal vermelho para a economia nacional. O mercado de trabalho enfrenta há anos um problema crônico de escassez de mão de obra qualificada, que se agravou nos últimos tempos. Esse problema ameaça a sobrevivência das empresas e o crescimento do país, uma vez que a demanda por produtos e serviços existe, mas a falta de mão de obra necessária para mantê-la girando simplesmente desapareceu.
As empresas brasileiras, em especial do setor de serviços, enfrentam uma grande dificuldade para atrair trabalhadores para as áreas de atendimento ao público, segurança privada, alimentação, limpeza, manutenção, suprimentos e afins, o que acaba impactando a produtividade e competitividade de muitas delas. A popularização dos aplicativos de transporte e entrega, como Uber e iFood, contribuiu para o êxodo de trabalhadores em busca de maior flexibilidade e autonomia. Essa mudança no perfil do trabalhador é apenas uma das muitas facetas do problema.
Outra questão que agravou o quadro da falta de mão de obra qualificada no mercado de trabalho brasileiro é a resistência de algumas famílias em trabalhar de carteira assinada. O receio de perder o benefício do Bolsa Família e outras medidas sociais implantadas pelo governo, caso alguém da família consiga emprego formal e ultrapassem o limite de renda familiar, faz com que muitos optem por trabalhos informais ou deixem de buscar trabalho.
Além disso, a desvalorização do ensino técnico e a falta de investimento em qualificação profissional criaram um abismo entre as habilidades dos trabalhadores e as demandas do mercado. O sistema educacional, defasado e desconectado da realidade, não consegue formar profissionais preparados para os desafios do mundo atual.
A falta de mão de obra qualificada impacta diretamente a oferta de produtos e serviços, elevando preços e comprometendo a competitividade de muitas empresas. Em casos extremos, a falta de funcionários pode levar ao fechamento de empresas, mesmo aquelas com excelente potencial. Negócios promissores, que poderiam gerar empregos e impulsionar a economia, acabam sucumbindo à falta de braços para o trabalho. É um ciclo vicioso que aprofunda a crise e compromete o futuro do país. Afinal, quem geram riquezas e recolhem impostos estão ligados a iniciativa privada.
A persistência da placa de “Precisa-se de Funcionários” é um sinal de alerta que não pode ser ignorado. É preciso agir com urgência para reverter esse quadro e garantir o futuro da economia brasileira. As empresas precisam se adaptar à nova realidade do mercado de trabalho, oferecendo melhores benefícios, investindo em qualificação e criando um ambiente de trabalho mais atrativo e motivador, ou seja, garantir qualidade de vida e bem-estar do trabalhador. O governo tem um papel fundamental em incentivar a educação e a qualificação profissional, promover a geração de empregos e criar políticas públicas que valorizem o empreendedor e seus trabalhadores. A sociedade como um todo precisa repensar seus valores e reconhecer a importância do trabalho para o desenvolvimento do país.
Entendo que, a solução para aumentar o número de trabalhadores com carteira assinada pode passar, por exemplo, pela flexibilidade do Bolsa Família, para que as famílias possam manter as medidas sociais e ainda, ter uma renda melhor por meio de trabalho formal. A partir de um esforço conjunto e coordenado, é possível superar essa crise e criar oportunidades de trabalho e progresso para todos.
Leo Moreira
Diretor da Acieg e Mestrado em Administração de Empresas pela MUST UNIVERSITY (EUA)
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