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Pedidos de recuperação judicial de empresas do agro crescem no País

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O nível de endividamento das empresas brasileiras do setor agro vem crescendo no País. Segundo dados da Serasa Experian, 207 produtores rurais entraram com pedidos de recuperação judicial no primeiro semestre deste ano, superando todo o número de todo o ano passado, quando houve 162 pedidos.

De acordo com o sócio-diretor da Nordex Consultoria Empresarial, Eduardo Bazani, “as condições climáticas adversas, juros altos no crédito agrícola e o aumento nos custos de produção contribuíram para as dificuldades do setor”, afirma.

Bazani destaca que os números são preocupantes de maneira geral. Pesquisa da Serasa Experian também mostra que, de janeiro a setembro deste ano, 1,7 mil empresas pediram recuperação judicial no País, alta de 73% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse número supera o da recessão de 2016, que nos nove primeiros meses daquele ano 1,5 mil empresas entraram em recuperação judicial. “Os juros altos são um dos principais fatores para o aumento de casos, somado com a inadimplência dos consumidores, a depreciação cambial e a dificuldade de acompanhar as transformações tecnológicas”, aponta.

Embora a maioria dos casos de recuperação judicial esteja no setor de serviços, com 41% do total neste ano, é no setor primário, onde se insere o agronegócio, que mais cresce o número de empresas que recorrem à proteção judicial. De janeiro a setembro deste ano, foram 287 pedidos, mais que o triplo dos nove meses de 2023, que teve 77 casos.

A AgroGalaxy, de Goiana (GO), uma das principais redes de varejo de insumos agrícolas do Brasil, é um exemplo. A empresa fez o pedido de recuperação judicial em outubro, com dívidas de R$ 3,7 bilhões. Esse valor inclui obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.

Outras empresas que entraram em recuperação judicial neste ano e somam dívidas altíssimas: o Grupo Patense, de Patos de Minas (MG), com R$ 2,15 bilhões; Sperafico Agroindustrial, de Toledo (PR), com 1,07 bilhão; Usina Maringá e Indústria Comércio, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), com R$ 1,02 bilhão; Elisa Agro Sustentável, de Aruanâ (GO), com R$ 679,6 milhões; e Grupo AFG, de Cuiabá (MT), com R$ 648,5 milhões.

O sócio-diretor da Nordex Consultoria Empresarial ressalta que, ao mesmo tempo que os preços commodities caíram, os custos de produção seguem elevados. “A queda nos preços de fertilizantes, por exemplo, foi inferior às das commodities de grãos. Sem contar, que as condições climáticas também não ajudaram. Tudo isso acabou prejudicando o setor”.

Os dados deste ano mostram, ainda, que sete a cada dez pedidos de recuperação judicial no País são feitos por micro e pequenas empresas. “Para reverter essa situação, a reestruturação empresarial é um processo fundamental tanto para as empresas que estão enfrentando dificuldades financeiras quanto para aquelas que precisam sair de uma situação de recuperação judicial. Esse processo oferece diversas formas de suporte e transformação que ajudam a restaurar a saúde financeira e operacional da empresa”, conclui Bazani.

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