Já faz tempo que venho acompanhando o ambiente empresarial em diversos segmentos por onde passei, seja na indústria de transformação, seja em serviços. Posso afirmar por convicção como é difícil ser “empresa média” no ambiente empresarial. Aqui vamos relatar pontos de erros que seus acionistas e corpo diretivo cometem sucessivamente, colocando muitos negócios em risco e perdendo espaço de atuação em cenário altamente competitivo.
Vamos definir por aqui apenas a classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) como eles tratam empresas médias. O 1º classifica todas empresas médias entre 100 e 499 empregados, já o 2º coloca aquelas com faturamento acima de R$4,8Milhões e menor ou igual a R$300Milhões.
Podemos destacar 4 erros e dificuldades clássicas e fatais que atormentam o dia a dia das empresas médias:
- Focar e se colocar na condição de grande empresa sem estar preparado;
Estar sempre mirando o líder de seu seguimento, se espelhando demasiadamente em práticas dele, trilhando os mesmos caminhos, nem sempre traz bons resultados. O líder precisa ser visto como referência daquilo que deu certo. Geralmente o líder possui boa estrutura para P&D (pesquisa e desenvolvimento), possui corpo técnico e de colaboradores diversificados e mais bem preparados para execução da estratégia, diferente da empresa média, que por muitas vezes atropela processos e etapas de planejamento.
- Crescimento em curto espaço de tempo sem planejamento;
Toda empresa sonha em crescer, aumentar sua participação de mercado (Market share), criar uma cadeia de clientes com fidelidade e ser vista como empresa referência em seu segmento. Acontece que esse crescimento quando se trata de empresa média em raras oportunidades acontece de maneira explosiva. As taxas de crescimento de qualquer negócio sem estar bem estruturada leva a média empresa a ruptura em dado momento de sua existência. Crescer e se aproximar dos líderes leva tempo (salvo por processos de M&A) que podem contribuir com essa celeridade.
- Manutenção de equipe formada e qualificada;
Quando a empresa média se destaca em seu segmento, logo atrai olhares de seus concorrentes, principalmente das grandes empresas, que geralmente possuem pacotes atrativos de remuneração e benefícios, assim perdendo colaboradores. Esse movimento costuma quebrar ciclos de crescimento, custo de mudança de estrutura e perda de competitividade para as empresas médias.
- Falta de Governança Profissional;
A empresa média está inserida entre a pequena, que tem em seu fundador os pontos principais de tomada de decisão, aquela empresa que tem decisões rápidas, menos burocrática e com menos análise. Lá na frente temos as empresas grandes, com maior apetite de crescimento, gestão organizada e profissional e com potencial de mudança rápida. Por outro lado, as empresas médias muitas vezes “patinam” quando querem tomar decisões rápidas, pois esbarram no excesso de burocracia interna, empirismo de seu corpo acionário e falta de visão estratégica de negócio.
Em tempos de pandemia como esse que estamos atravessando é que vemos empresas médias se sobressaindo a outras justamente por ficarem atentas as mudanças em seu ambiente de negócios. Empresas médias que sempre buscam novos negócios e mercado, que se predispõem a melhorar seus níveis de governança, se preocupam com o crescimento das pequenas empresas concorrentes, mas também costumam monitorar os líderes de seu segmento, mas não com intuito de ser iguais eles, mas sim absorverem suas práticas e atalhar caminhos já percorridos. Essas empresas médias poderão alcançar altas taxas de crescimento, não podendo precisar quanto tempo precisariam para se tornarem grandes. É fato e podemos afirmar que: Sempre na crise ou momentos como esse de pandemia, o “grande ou líder” continuará sendo grande, o “pequeno” continuará sendo pequeno e o Médio que um dia quis ser grande poderá voltar a ser pequeno novamente ou até mesmo deixar de existir.