Um relatório publicado em abril de 2025 por um grupo de especialistas liderado por Daniel Kokotajlo, ex-pesquisador da OpenAI, tem gerado grande repercussão. O documento prevê um futuro caótico para a inteligência artificial (IA) no mundo, com descontrole após evolução do aprendizado da máquina, assim como roubo de empregos nos próximos dois anos.
O relatório do AI Futures Project, sediado em Berkeley, apresenta previsões técnicas sobre o desenvolvimento da inteligência artificial entre 2025 e 2027. Com base em análises realizadas em 2024, o estudo foi realizado por especialistas em governança e tecnologia da IA. O documento descreve uma progressão em que agentes de IA se tornam cada vez mais autônomos, podendo já em 2027, aprender a mentir para humanos em busca de possíveis recompensas.
Para a especialista em IA, Jullena Normando, diante do desconhecido, até os discursos mais técnicos tendem a escorregar para o campo da especulação. Essa inclinação se manifesta não apenas na mídia, mas também em textos acadêmicos, nos quais a fronteira entre a análise racional e a imaginação futurista se torna cada vez mais tênue.
O AI 2027 se encaixa exatamente nesse cenário, com a diferença de que parte da previsão é fundamentada em tendências observáveis e dados concretos. O documento funciona como um alerta, sem recorrer a previsões vagas: descreve como o avanço da IA pode escapar do controle humano e coloca em xeque nossa capacidade de acompanhar esse ritmo acelerado, criando na tecnologia uma espécie de consciência.
“A superinteligência talvez nunca exista nos moldes que imaginamos, mas a “superconvencimento” já está em curso, configurado pelas BigTechs. É a saída da fase do marketing de atenção para o da intenção. E ele exige mais crítica, mais escuta e menos fascínio automático com promessas tecnológicas embaladas como futuro típico das ficções científicas”, afirmou Jullena Normando, que também é doutoranda sanduíche em Comunicação pela UFG e Universidade da Califórnia, em San Diego e pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial.
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