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Selic a 14,25% bate na porta. E agora, onde captar recursos?

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Por Maicon Farina

Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1pp, de 11,25% para 12,25%, com sinalizações de novos aumentos da mesma magnitude nas próximas 2 reuniões, projetando a taxa básica em 14,25% até março de 2025. Como já sabido, essa trajetória de alta é motivada pelos desafios fiscais, mas um de seus efeitos colaterais mais evidentes é o de achatar as margens líquidas das empresas devido especialmente ao aumento na rubrica de despesas financeiras.

Cenário de Crédito: Desafios e Estratégias Empresariais

Com o aumento da Selic, é natural que os custos de financiamentos bancários fiquem mais elevados, já que grande parte dos contratos de crédito utiliza essa taxa como referência. Nesse cenário, companhias de todos os portes enfrentam dificuldades adicionais para acessar recursos, buscando explorar alternativas fora do sistema bancário convencional, como o mercado de capitais.

De acordo com a ANBIMA, 2024 é um ano recorde para as captações no mercado de capitais. Até outubro, foram captados R$ 633,6 bilhões, superando o recorde anterior de 2021 (R$ 609,9 bilhões) e representando um crescimento expressivo em comparação a 2023. Somente em outubro, as ofertas somaram R$ 90,6 bilhões, o segundo maior resultado mensal já registrado.

Os Destaques do Mercado de Capitais em 2024

  1. Debêntures:
    As emissões de debêntures alcançaram R$ 381,4 bilhões em 2024, maior volume histórico, com os recursos destinados principalmente para infraestrutura (25,4%), pagamento de dívidas (24,7%) e gestão ordinária (24,6%). Fundos de investimento responderam por 48,1% do volume.
  2. Securitização:
    Instrumentos de securitização, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), cresceram significativamente. Até outubro, as emissões somaram R$ 55,6 bilhões, um aumento de 32,7% em relação a 2023. Em agosto, os FIDCs captaram R$ 4,5 bilhões, um salto de 187,9% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
    • Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) acumulam R$ 49,6 bilhões no ano, superando todos os anos completos anteriores. Apesar da queda de 42,4% nas emissões em agosto, o total anual é recorde.
    • Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) também tiveram destaque, com captações de R$ 31,6 bilhões no ano.
  1. Notas Comerciais e FIIs:

Notas comerciais bateram recorde, totalizando R$ 37,6 bilhões em dez meses, um aumento de 34,9% em relação a 2023. Já os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) captaram R$ 39,9 bilhões, um avanço de 32,0% sobre o ano passado.

A Maturidade do Mercado de Capitais

Conforme Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da ANBIMA, “O ano de 2024 mostra a maturidade do mercado de capitais, com resultados expressivos em vários produtos, diversificação de ativos e de investidores, além de maior liquidez no mercado secundário. Os instrumentos vêm conseguindo atender empresas de todos os portes e se consolidando como uma fonte alternativa de financiamento importante para o desenvolvimento do país”

O cenário de juros elevados exige que empresários repensem suas estratégias de financiamento. O mercado de capitais se destaca como um espaço viável e robusto, com recordes de captação e instrumentos diversificados, como Debêntures, FIDCs, CRAs, Notas Comerciais e CRIs. Explorar essas alternativas é essencial para empresas que desejam acessar volumes maiores de recursos e manter a competitividade até mesmo num oceano azul.

Em resumo, em um ambiente desafiador de juros elevados, o mercado de capitais surge como um refúgio para organizações que buscam viabilizar seus projetos de crescimento com eficiência financeira.

Maicon Farina

Sócio Diretor da Lure Capital

Administrador pela PUC, Master’s Financeiro pela FGV SP, membro do Conselho Fiscal do Sicoob Unicidades, certificado ANBIMA, certificado CA IBGC, professor de Matemática Financeira e Sócio Diretor da Lure Capital.

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