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Spread: Governo Federal cria grupo de trabalho para melhorar juros de crédito

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Embora grande parte da população brasileira tenha conta em bancos, poucas pessoas entendem como as transações financeiras podem gerar lucros para as instituições. Nesse sentido, o termo em inglês ‘spread’ bancário desempenha um papel crucial nesse processo. Ele diz respeito à diferença entre o custo de captação de dinheiro no mercado pelos bancos, algo que pode ser comparado às compras feitas por um comércio aos seus fornecedores para revenda ao consumidor final. Para as instituições financeiras, essa “revenda” ao consumidor final ocorre por meio de empréstimos. A diferença entre o preço de compra e o preço de venda é o spread.

Com ainda mais ênfase ao assunto, nesta semana, o Governo Federal, acompanhado da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e representantes de instituições financeiras, setor industrial e centrais sindicais, criou oficialmente o Grupo de Trabalho (GT) Interministerial do Spread Bancário. O GT, coordenado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Cdess) da Presidência da República, vai discutir ações para diminuir os juros no país e estimular mais crédito. O grupo será composto por seis eixos temáticos: inadimplência, crédito para pequenas empresas, custos administrativos e tributários, prevenção e combate à fraude, fundos garantidores e acesso a dados e plataformas digitais.

De acordo com a Febraban, o setor bancário brasileiro tem a maior carga tributária do mundo, com uma média de 50% de alíquota nominal de tributação corporativa. A presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO) explica que o spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que os bancos cobram ao emprestar dinheiro e a taxa de juros que eles pagam ao captar recursos (ou seja, ao receber depósitos e investimentos). “Esse valor cobre os custos operacionais do banco, eventuais inadimplências, impostos e ainda representa o lucro da instituição. No entanto, se o spread for muito elevado, a tendência é de uma restrição no crescimento econômico, devido ao baixo retorno obtido com depósitos e poupanças, além do encarecimento do crédito — algo que o presidente Lula quer mitigar e tem pressa em resolver”, afirma Sucena Hummel.

No Brasil, o spread de operações financeiras é consideravelmente alto, por diversos fatores, o que reflete um obstáculo para a democratização do crédito e pode limitar o desenvolvimento econômico do país. De acordo com o Banco Central (BC), a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa final cobrada do cliente avançou para 28,6 pontos percentuais em agosto deste ano. Isso significa que fatores como a inadimplência, a alta carga tributária e o crédito bancário direcionado afetam diretamente o aumento do spread.

Lucro dos Bancos

As instituições financeiras utilizam diversas estratégias de captação de recursos ao disponibilizar títulos de crédito no mercado. Nesse sentido, a taxa que o banco paga por oferecer esses títulos corresponde à remuneração oferecida aos investidores em produtos como Certificados de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Câmbio (LC).

O banco cobra taxas pelos serviços oferecidos, sendo que sua principal receita provém dos juros pagos pelos devedores sempre que contraem empréstimos ou financiamentos. “A exemplo das operações de crédito, podemos citar o parcelamento do cartão de crédito, crédito consignado, financiamento imobiliário e de veículos, entre outros, além da Taxa de Abertura de Crédito (TAC)”, comenta o conselheiro do CRCGO, Fernando Witicovski. Com pagamentos variados (à vista ou a prazo), os bancos frequentemente mantêm uma quantidade significativa de dinheiro em caixa, chamada de ‘float’. O representante do CRCGO explica que a instituição pode optar por investir esses recursos em aplicações financeiras de curto prazo, geralmente remuneradas com uma taxa pós-fixada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Com isso, os bancos conseguem maximizar seus ganhos.

Ele destaca ainda que o spread bancário é a diferença que permite ao banco cobrir seus custos e gerar lucro. “Vejamos um exemplo: se uma pessoa deposita R$1 mil em uma conta poupança e recebe um rendimento anual de 5% sobre esse valor, e o banco empresta esses R$1 mil para outra pessoa com uma taxa de juros de 15% ao ano, o spread bancário será de 10%, pois é a diferença entre os 15% cobrados no empréstimo e os 5% pagos ao depositante”, detalha. Ele complementa, afirmando que quanto maior o spread, mais caro é para a população obter crédito e maior a diferença entre o que as pessoas ganham ao poupar e o que pagam ao tomar empréstimos.

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