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Área de serviços expõe mais a transtornos mentais

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Problemas de saúde mental já estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil, segundo dados de 2023 do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (MPT e OIT). No setor de serviços, no qual estão profissionais como porteiros, vigilantes, faxineiros e trabalhadores administrativos, os sinais de esgotamento e sofrimento emocional têm se tornado cada vez mais frequentes.

Outro levantamento, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE, 2021), já havia mostrado que os trabalhadores de baixa renda estão mais expostos a transtornos mentais, justamente pelo acúmulo de pressões econômicas, sociais e laborais. Essa realidade se reflete no cotidiano dos trabalhadores do setor de serviços, que frequentemente carregam responsabilidades familiares e financeiras além da carga profissional.

O Instituto de Assistência Familiar e Amparo Social dos Trabalhadores do Setor de Serviços (Iafas) vem acompanhando de perto essa realidade. De acordo com o psicólogo Reinaldo Vieira, especialista parceiro da entidade, os trabalhadores de serviços gerais são um dos grupos mais vulneráveis a transtornos emocionais. “Estamos falando de profissionais que muitas vezes enfrentam longas jornadas e pouco reconhecimento social. Essa soma de fatores aumenta a carga de estresse, gera insegurança e pode evoluir para quadros de ansiedade, depressão e até síndrome de burnout”, explica.

O profissional destaca que no caso dos trabalhadores de serviço, o tema tem um significado ainda mais sensível porque essa categoria enfrenta desafios específicos. “Quando pensamos nos trabalhadores da base, precisamos reconhecer que eles carregam sobre os ombros uma rotina marcada por pressão constante, riscos no trabalho e alta rotatividade. Tudo isso não pesa apenas no corpo, mas também na mente e no coração. Ansiedade, estresse crônico, tristeza profunda e até burnout podem surgir quando falta apoio e valorização”, comenta Vieira.

Para o psicólogo, promover a saúde mental não é apenas uma questão humanitária, mas estratégica para a sustentabilidade das empresas. “É comum o trabalhador carregar para o ambiente de trabalho problemas pessoais, contas atrasadas, dificuldades de relacionamento ou preocupações familiares. Isso vai se acumulando e, sem apoio adequado, pode comprometer o desempenho e até levar a afastamentos prolongados”, detalha.

Atuação do Iafas

Diante desse cenário, o instituto tem ampliado suas ações voltadas ao apoio socioemocional. A entidade desenvolve programas de acolhimento, orientação psicológica inicial e encaminhamento especializado para os trabalhadores cadastrados. Além disso, promove palestras e oficinas educativas sobre autocuidado, prevenção ao estresse e manejo de conflitos. “Nosso papel é abrir espaço para que esses profissionais sejam ouvidos, reconhecidos e recebam apoio prático. Muitas vezes, só o fato de ter um canal de escuta já reduz a sensação de isolamento e ajuda o trabalhador a lidar melhor com os desafios”, explica o psicólogo.

Outro ponto de destaque é a atuação junto às empresas, com orientação para adoção de práticas de gestão humanizada. De acordo com Rousilene, a entidade apoia empregadores na criação de políticas de saúde ocupacional, no desenvolvimento de líderes mais preparados para lidar com questões emocionais e na estruturação de ambientes de trabalho mais seguros e respeitosos. “O instituto atua como mediador, promovendo soluções que equilibram produtividade, bem-estar e sustentabilidade”, reforça a superintendente.

As empresas também têm um papel fundamental no cuidado com a saúde mental de seus colaboradores. Para o psicólogo, ações simples como oferecer rodas de conversa, criar canais de escuta, flexibilizar rotinas e reconhecer o esforço de cada trabalhador podem gerar grandes transformações. “Quando a organização valoriza e acolhe, o profissional se sente visto, respeitado e motivado, fortalecendo vínculos e reduzindo índices de adoecimento. Investir em pessoas e em suas famílias é, ao mesmo tempo, promover o crescimento humano e o desenvolvimento sustentável da própria empresa.”

A atuação do Iafas vai além do apoio direto aos trabalhadores. Com plantão psicológico, acompanhamento clínico, suporte para crianças autistas, orientação jurídica e auxílio funerário, a instituição promove cuidado integral, prevenindo o adoecimento e fortalecendo emocionalmente cada colaborador. “Cuidar da saúde mental é também promover dignidade, qualidade de vida e relações mais saudáveis, beneficiando não apenas o indivíduo, mas sua família, sua comunidade e até mesmo a empresa”, conclui Vieira.

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