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UFG investe R$11 mi em pesquisa de terapia celular para os olhos

Entre os equipamentos, será adquirida uma bioimpressora para obter tecidos biológicos artificiais, sobretudo córneas (Foto: Cellink)

A Universidade Federal de Goiás (UFG) vai impulsionar as pesquisas envolvendo terapia celular com foco na saúde dos olhos. O Projeto Cell4Vision foi selecionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e receberá quase R$ 11 milhões para investir nas pesquisas, que serão realizadas pelo Laboratório de Toxicologia In Vitro (Tox In), localizado no Parque Tecnológico Samambaia (PTS), em parceria com o Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica (Farmatec) e o Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof).

A iniciativa pretende desenvolver tratamento regenerativo de doenças oftalmológicas de impacto em saúde pública, como enfermidades da córnea e da retina, a partir de uma plataforma biológica baseada em terapias avançadas. Os pesquisadores pretendem desenvolver alternativas ainda mais efetivas para explorar os efeitos de substâncias sobre células e tecidos saudáveis – uma das frentes de atuação do laboratório. O principal ganho será a possibilidade de estudar doenças oculares genéticas a partir da configuração biológica do organismo de cada paciente.

A professora da Faculdade de Farmácia (FF) da UFG e coordenadora do Tox In, Marize Valadares, ressalta a trajetória da pesquisa: “Estudaremos novas terapias celulares para o tratamento de ocorrências envolvendo danos químicos ou gerais induzidos na córnea e na retina, e isso nos posiciona na condição de incorporar novas técnicas que depois estarão à disposição da comunidade”.

Soluções para o SUS

Anunciada no fim de 2024, a seleção do projeto se deu na linha temática “Terapias Avançadas” do edital Mais Inovação Brasil – Saúde/Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), que abrange pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no intuito de reduzir as vulnerabilidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar o acesso à saúde. A proposta ficou em sexto lugar entre iniciativas do Brasil inteiro, e o contrato foi assinado por todas as partes no início deste ano, permitindo a liberação parcial da verba para a execução do plano de trabalho.

A participação do Cerof no processo será fundamental, visto que é da unidade hospitalar que sairão as amostras e materiais biológicos necessários para subsidiar as diversas etapas e atividades. “Nossa parceria é antiga e envolvia trocas pontuais em aspectos convergentes. Essa é a primeira vez que surge oportunidade de fazer um trabalho mais consistente juntos e até aqui a sinergia tem sido ótima”, ressalta Marize.

Novos equipamentos

Serão investidos cerca de R$ 6 milhões na aquisição de novas tecnologias e equipamentos para ampliar a infraestrutura do laboratório. O projeto prevê, por exemplo, a compra de uma bioimpressora de alta capacidade que permita obter tecidos biológicos artificiais – especialmente córneas – e criar medicamentos.

Outra importante adição ao Tox In deverá ser um dispositivo de reprogramação celular, tecnologia capaz de fazer células maduras regredirem ao estágio de células embrionárias chamadas pluripotentes induzidas (iPSCs, na sigla em inglês). Tratam-se de maquinários disponíveis em poucas instituições de ciência e tecnologia (ICTs) brasileiras.

O recurso ainda custeará bolsas científicas, além de financiar a expansão do banco de células do laboratório com as células chamadas xeno-free (livres de componentes animais e produzidas a partir de meios quimicamente definidos). Esse material permitirá avançar ainda mais nos estudos clínicos e obter resultados melhores na investigação dos problemas de saúde dos olhos.

Marize Valadares lembra que o aporte financeiro tem uma finalidade específica, mas que o laboratório e o Centro de Pesquisas Laboratórios Integrados de Inovação em Ciências Farmacêuticas (Life), do qual o Tox In faz parte, terão seu trabalho beneficiado de maneira geral.

Toda essa jornada deverá durar três anos, período no qual a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) – também sediada no PTS – ficará responsável pela gestão financeira e administrativa dos recursos. A diretora do Cerof, Katiane Martins, afirma que “é assim que se consolida uma universidade pública, por meio do investimento no ensino, em ações de extensão de qualidade e de pesquisas inovadoras”.

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