Campo Grande Empresas (MS) – A renda fixa deve ser o melhor investimento a ser feito neste ano, devido a escalada da taxa Selic e por proporcionar maior rentabilidade do que a poupança, por exemplo, segundo avaliação de economistas de Campo Grande. No entanto, essa perspectiva depende de cada perfil de consumidor, se mais conservador ou desafiador.
Em 2021 a taxa básica de juros, a Selic, saltou de 2% ao ano em fevereiro para 9,25% em dezembro. Conforme expectativa do mercado financeiro, o juro básico que serve como referência para outras taxas, deve chegar a 11,50% em 2022.
Em decorrência dessa estimativa os investimentos em renda fixa voltarão a preferência de muitos investidores, voltando a serem atrativos segundo os economistas ouvidos pelo Correio do Estado.
Conforme explica o mestre em economia, Eugênio Pavão, a renda fixa tem um indicador padrão de rendimentos, dentre as opções estão os títulos públicos, caderneta de poupança, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Certificado de Depósito Interbancário (CDI), entre outros.
“Com a política de controle da inflação tendo como principal instrumento a elevação da taxa Selic, as aplicações financeiras em renda fixa atreladas à Selic vão apresentar os melhores rendimentos para 2022.”
“Por ser ano eleitoral, é bem provável que a crise financeira, a inflação e falta de confiança na política econômica o clima de instabilidade vai permanecer. Com certeza a aposta [indicada] é a renda fixa, exceto a poupança que se tornou o “patinho feio”, com rendimento inferior à inflação, ou seja, rendimentos negativos”, explica.
“Por décadas a renda fixa foi o melhor investimento, pois significa empréstimos ao governo. Os bancos são os maiores investidores deste tipo de investimentos, devido a alta segurança e rentabilidade garantida.”
“Os títulos públicos são adquiridos pelos bancos e servem de base para outros investimentos como o CDB, CDI”, acrescenta Pavão.
Para o doutor em economia Michel Constantino, antes de realizar o investimento é preciso definir o perfil.
“O primeiro passo para investir é entender seu perfil de investidor , se gosta mais de correr risco ou não gosta de correr riscos.”
“Para quem não gosta de correr risco, ou seja, é mais conservador , deve investir em renda fixa como o tesouro direto, o CDI ou LCI e LCA”, destaca Constantino.
“Essas possibilidades são ótimas, a diferença entre elas é o período de receber o ganho. Temos CDI e Tesouro Direto que podem vencer de 1 a 10 anos , por outro lado, o LCI e LCA tem vencimentos mais próximos como 6 meses a 1 ano.”
“Uma vantagem que aumenta o investimento em LCI e LCA é a não cobrança do imposto de renda, essas duas modalidades de renda fixa são escolhas muito boas”, completa.
RENDA FIXA
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é um tipo de renda fixa, servindo como se fosse um empréstimo feito pelo banco, com cobrança de juros. O prazo é de 1 a 10 anos.
Outro tipo de renda fixa bastante popular no Brasil, são as Letras de Crédito Imobiliário/do Agronegócio (LCI/LCA), que também é são empréstimos feitos a uma instituição para que se tenha fundos para custear no setor agrícola ou imobiliário, com isenção de Imposto de Renda para Pessoa Física.
Com isso, o rendimento obtido pelo investidor é o valor dos juros do próprio empréstimo, após um determinado tempo.
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) também é uma forma de empréstimo. Em troca deste dinheiro ‘emprestado’, o banco irá devolver ao investidor a quantia aplicada mais o juros acordado no momento do investimento.
POUPANÇA
A poupança ainda é o investimento preferido de alguns brasileiros. Contudo, o rendimento da caderneta pode não ser tão rentável assim.
Esse é um investimento simples que pode ser feito por qualquer cidadão. Após solicitar o resgate do dinheiro aplicado, os recursos caem na conta corrente no mesmo momento.
“A caderneta de poupança vem sendo desestimulada pelo governo, pois não tem controle sobre a aplicação, com a queda dos rendimentos, as opções melhores estão nas aplicações baseadas em títulos públicos”, diz Pavão.
As aplicações em caderneta de poupança passaram (após o aumento da Selic) a ter o mesmo rendimento da chamada “poupança velha”. Quando o juro básico ultrapassa 8,5%, o rendimento passa a ser de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano.
Quer dizer que a poupança vai melhorar um pouco o rendimento, mas ainda perde para a inflação que terminou o ano em torno de 10%.
A poupança não deve ser seu principal investimento, de acordo com os economistas, pois, existem outras modalidades mais atrativas como os investimentos atrelados a Selic.
BOLSA DE VALORES
Esse tipo de investimento serve para pessoas que gostam de arriscar mais. É um modelo de negociações de compra e venda de ativos financeiros, como ações de empresas listadas na Bolsa, contratos futuros de moedas, títulos de renda fixa, juros, índices e commodities.
Na renda variável, acionistas compram as ações e esperam obter rendimentos sem saber o resultado final. Existem também as debêntures, que são “ações” com remuneração fixa, utilizada para captar empresas para investimentos.
“O investimento em moedas estrangeiras tem um risco grande, devido à volatalidade, sendo que o Banco Central pode intervir no mercado para regular o valor do dólar, por exemplo.”
“Quem aplicou em dólar no início do ano estará obtendo um ganho bruto de 9,57%, devido a valorização da moeda norte americana, e a incapacidade do governo controlar a valorização cambial.”
“Isso devido a perda de confiança na política econômica, por segurança, investidores apostam em moeda estrangeira e no ouro”, conclui Pavão.
O economista Marcio Coutinho aponta que é importante diversificar o leque de investimentos para ter um rendimento maior.
“Sempre é importante variar os investimentos de acordo com o seu perfil de risco. Existe uma regra muito utilizada pelos educadores financeiros que é a 80/20.”
“Por exemplo, você tem 60 anos e subtrai os 80, o resultado será 20, significa que você deve investir até 20% em renda variável. E quanto mais jovem maior será a indicação para investir em renda variável”, completa.