Por Danielle Limiro
Não é por acaso que Ecologia e Economia estão correlacionadas. Além da origem grega, pois “eco” vem de “oikos” (casa), a gestão de uma influencia diretamente nos estudos da outra e vice-versa.
No nosso planeta nasceu o homem, um animal racional dotado de extraordinária inteligência que aprendeu a transformar a imensa variedade de matérias-primas em produtos para os mais variados usos e aplicações. O homem está avançando progressivamente na utilização e transformação dos recursos naturais. Mas, como nos mostra a terceira lei de Newton, que para toda ação existe uma reação, e, infelizmente, temos sido testemunhas oculares que o modo de realizar algumas dessas ações têm afetado negativamente o que laboriosamente a natureza construiu.
Em 1947, cientistas atômicos desenvolveram o Relógio do Apocalipse que é um instrumento simbólico indicativo da proximidade de um Armagedon nuclear. Antes de iniciada a guerra entre Rússia e Ucrânia, esse relógio estava a seis minutos para a ocorrência da catástrofe pelos armamentos nucleares e, infelizmente, esses minutos foram ainda mais reduzidos com a guerra que permanece em andamento.
Em analogia a este relógio, o climatólogo da Nasa, o físico James Hansen, criou o Relógio do Apocalipse Ecológico, segundo o qual faltam apenas dois minutos para uma catástrofe natural. No entanto, destaca seu criador que, embora seja pouco, ainda há tempo para reversão dessa tragédia. Mas o que fazer então?
Simplesmente devemos modificar um modelo de produção e gestão que pretende se desenvolver a qualquer custo para um que se desenvolverá de modo sustentável, com boas práticas de governança, preservação ambiental e equidade social, o que é tão bem abordado pelo ESG (Environmental, Social and Governance). As empresas podem prosperar sob o ponto de vista financeiro, e, ao mesmo tempo, proteger e renovar os recursos sociais, ambientais e econômicos que lhes servem de insumos, realizando isso de forma ética, estruturada em boas práticas, tornando seus negócios ainda mais bem sucedidos. Outro detalhe importante é que, se assim não agirem e não cuidarem desses recursos, essas empresas estarão condenadas ao fracasso.
Estamos vivenciando a construção de uma economia mais sustentável e equitativa, onde processos empresariais esbanjadores, produtos que poluem ou degradam o ambiente, indústrias que não possuem gestão ambiental, empresas que não possuem equidade de gênero, por exemplo, estão em declínio para os consumidores e sendo substituídas por outras mais eficientes, que empregam tecnologias limpas, fazem o uso racional das matérias-primas, dão oportunidades e condições de igualdade aos seus colaboradores, possuem códigos de ética e de conduta e os aplicam, entre inúmeras outras boas práticas que podemos citar. Enfim, está ocorrendo a equalização do atendimento das necessidades sociais, culturais, econômicas, políticas e espirituais de vários grupos sociais, bem como a transparência nas relações empresariais.
Os problemas ambientais urgentes, tais como os de mudanças climáticas, equivalência de gêneros nos cargos diretivos e práticas anticorrupção estão cada vez mais sendo vistos como oportunidades de inovação e destaque empresariais. Estímulos a novos produtos, processos, mercados e modelos empresariais, orientados por uma multiplicidade de fatores, entre os quais destacamos a concorrência, o medo de intervenção governamental, as pressões ativistas, as exigências dos consumidores, a alta nos preços de energia, as preocupações de acionistas, as mudanças de expectativas públicas, a necessidade de atrair e manter bons profissionais, etc., tem possibilitado a criação de valor nos negócios e, dessa forma, as empresas que têm arraigado isso em sua cultura, têm ganhado destaque em seu desempenho, reputação e, consequentemente, aumentado seus lucros.
Muitas empresas, grandes e pequenas, buscam a sustentabilidade e governança, as quais passaram a ser indicativos de crescimento no mercado, agregação de valor aos produtos e serviços, construção de uma boa e sólida imagem e, principalmente, a construção de um mundo melhor.
No do dia 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, um dos pilares do ESG. Temos algumas conquistas a comemorar; entretanto, ainda são ínfimas quando nos deparamos com uma visão holística da problemática ambiental.
As empresas são as “engrenagens” do desenvolvimento e as únicas capazes de alterar o Relógio do Apocalipse Ecológico para o sentido anti-horário. Quer uma melhor oportunidade que esta data para avançar positivamente?
“Pensar no futuro é agir agora”. Fica a dica!
Danielle Limiro
Advogada e presidente do Conselho Setorial de ESG da Acieg