O comércio de produtos (máquinas, equipamentos, dispositivos) de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem uma parcela significativa dentro do Brasil. Para se ter ideia, em relatório lançado pela Assespro-PR, a receita bruta gerada no comércio de produtos de TIC foi da ordem de R$ 149 bilhões em 2020.
Esses dados são de suma importância para empresas que desenvolvem tecnologia, como muitas afiliadas da própria Assespro-PR, as quais podem ter real noção de como anda o aquecimento e movimentação desse mercado que movimenta centenas de bilhões de reais.
Segundo os dados levantados, as vendas no atacado corresponderam a 78% desse total, enquanto no varejo, 22%. Porém, a margem de comercialização no varejo (46%) foi cerca de duas vezes maior do que no atacado (22%), já que no varejo a variação de preço é maior em relação ao atacado.
Em 2020, as empresas de médio e grande porte (com mais de 20 empregados), que correspondem a 11% do total das empresas atacadistas e 3% das varejistas, concentraram 91% da receita bruta no atacado e 71% no varejo. A má notícia foi que houve redução -2% no atacado e -6% no varejo na receita bruta, muito em função do impacto da pandemia no ano de 2020, afetando mais intensamente empresas varejistas de pequeno porte (com menos de 20 empregados), cuja redução na receita foi de -21%, enquanto as pequenas empresas atacadistas registraram aumento de 8% na receita bruta. As médias e grandes empresas varejistas (com mais de 20 empregados) conseguiram aumentar a receita bruta em 2,3%, enquanto as do atacado apresentaram queda de -2%.
Nos estados, São Paulo concentrou 48% da receita bruta do comércio de produtos de TIC (atacado e varejo). O Paraná teve importante destaque, posicionando-se em segundo lugar, com receita bruta da ordem de R$ 6 bilhões, o que corresponde a 4% do total nacional.
Evolução do Comércio Eletrônico
Não é de agora que o comércio eletrônico tem ganhado destaque no Brasil, especialmente com o aumento no número de plataformas (marketplaces e sites de vendas) e da segurança na hora de realizar uma compra pela internet.
No período 2010-20, as vendas pela internet no Brasil cresceram cerca de seis vezes, saltando de R$ 23 bilhões para R$ 163 bilhões. A receita bruta de revenda pela internet, em relação ao total do comércio, passou de 1,4% para 6,3%.
Outro número que espanta é o de empresas que comercializam pela internet: de 3 mil, em 2010, para 57 mil, em 2020, o que corresponde a 6% dos estabelecimentos comerciais. O maior incremento dessa série histórica ocorreu justamente entre os anos de 2019 e 2020, durante a pandemia, com taxa de 150% de aumento de empresas que passaram a comercializar pela internet.
O comércio eletrônico foi menos significativo na receita bruta de revenda (6%), em relação às vendas nos espaços físicos, que ainda concentraram 92% do total da receita bruta em 2020.
Entre os ramos ou atividades comerciais com mais participação no comércio eletrônico, em 2020, destacam-se o de Comércio não especializado sem predominância de produtos alimentícios (28% do total), seguido pelo de Eletrodomésticos, equipamentos de áudio e vídeo, instrumentos musicais e acessórios (24%) e o de Artigos de vestuário e complementos (9%). Os maiores incrementos nessa modalidade de vendas ocorreram nos ramos de Hipermercados e supermercados (97%), Tecidos e artigos de armarinhos (90%), Eletrodomésticos (50%) e Materiais de construção (43%).
Com as futuras coletas, será possível traçar um panorama mais preciso sobre a evolução do comércio eletrônico, já que essa mudança de mindset leva anos para ser corroborada e, tradicionalmente, o brasileiro gosta de ir até as lojas e ver os produtos antes de adquiri-los. Nesse sentido, os produtos de TIC são ótimos candidatos para puxar essa frente, já que é mais fácil saber as funcionalidades e usos com tutoriais na própria internet.