Por Sérgio Carlos dos Santos
O agronegócio se destaca na economia e na pauta de exportação brasileira, com importância global na produção de alimentos. Para manter crescente sua produtividade o setor necessita de fertilizantes, de forma que os recordes de produção agrícola brasileira ao longo dos anos têm sido acompanhados de recordes no consumo de fertilizantes e, consequentemente, da importação de fertilizantes uma vez que 85% da necessidade do agronegócio brasileiro é importada.
Dada essa dependência dos preços e volumes internacionais, o mercado de fertilizantes no Brasil foi fortemente impactado pela invasão russa à Ucrânia, em fevereiro/2022, tanto pelas dificuldades econômicas infligidas à Ucrânia, quanto aos embargos econômicos imputados à Rússia por países ligados a OTAN. Para dimensionar tal impacto, a variação crescente no volume de fertilizantes importados que vinha desde 2015 foi interrompida no ano de 2022 com uma queda de 8% em relação ao ano anterior, enquanto o valor em dólares dessas importações aumentou 63,6% em relação ao ano de 2021.
Com o preço recorde dos fertilizantes alcançado em 2022, a demanda dos agricultores diminuiu, causando o ajuste dos preços que ficaram mais baixos comparativamente, sinalizando que em 2023 acontecerá um maior investimento na adubação das lavouras brasileiras. Assim, espera-se que neste ano o volume de importação de fertilizantes volte a crescer e atinja novo recorde em 2024.
Essa dinâmica do mercado de fertilizantes, sua importância para o agronegócio e deste para a economia brasileira tende a potencializar uma série de mudanças. Uma delas é a retomada de novas fábricas de fertilizantes no Brasil, com o novo Governo determinando que a Petrobras retome a produção desses insumos agrícolas. Outra é o crescimento do mercado de insumos biológicos, em substituição aos fertilizantes minerais, sendo o Brasil líder mundial na utilização dos biológicos.
A maior produção nacional de fertilizantes e o crescimento dos biofertilizantes representa uma grande oportunidade para a economia da região Centro-Oeste. Dada a vocação da região para o agronegócio e seu papel de liderança na produção agrícola brasileira, torna-se estratégica a instalação de unidades de produção de fertilizantes minerais e biofertilizantes na região, explorando a proximidade da produção de insumos com a produção agrícola.
Este potencial de crescimento e de geração de valor representam oportunidade para atuação das assessorias financeiras especializadas que poderão auxiliar os players do setor na captação de recursos para financiar tais investimentos, seja em mercado bancário ou em mercado de capitais, com destaque aos FIAGRO (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) que permitem captações lastreadas por CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários oriundos de imóveis rurais).
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Sérgio Carlos dos Santos
Sócio da Araújo Fontes, responsável pela atuação na região Centro-Oeste a partir do escritório em Goiânia-GO.
Doutor em Ciências Contábeis pela UnB – Universidade de Brasília.