Por Maicon Farina
No atual cenário econômico, onde o crédito está mais caro e os financiadores mais seletivos, a capacidade de captar recursos e atrair investidores vai além dos números no balanço.
Saímos do óbvio e destacamos práticas que podem mudar a percepção do mercado sobre sua organização, tornando-a mais atrativa para financiadores e investidores. Em um ambiente onde a falta de liquidez pode ser fatal, a credibilidade é essencial, e ela começa com a adoção de boas práticas de Governança Corporativa.
Independentemente se a origem do crédito for de mercado de capitais, bancos ou equities, o financiador quer entender se a organização possui fatores que promovam a liquidez das operações sem dores de cabeça ao credor. Considerando empresas de faturamento anual aproximado de R$ 50 milhões ou mais, estes fatores são:
- Auditoria independente. E não precisa ser Big Four. A auditoria, além de apresentar as contas da companhia de forma padronizada, constata os resultados de decisões que a administração tomou evidenciando suas consequências em números, mesmo que positivas ou negativas. Além disso, diversas auditorias também trabalham de forma orientativa, ajudando os gestores a seguir por caminhos mais adequados, principalmente nas esferas contábil e fiscal.
- Conselho de Administração. Um conselho de administração que possua, pelo menos, um membro interno (sócio ou não) e um membro externo ou independente, torna a administração muito mais madura e a empresa destacada no mercado financeiro. O conselho estruturado direciona a empresa sem vieses ou vícios que permeiam a gestão da operação da empresa no dia a dia. “É o órgão colegiado encarregado da definição da estratégia corporativa e do acompanhamento de seu cumprimento pela diretoria (…)” diz Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa – 6ª edição – IBGC. Portanto a existência do CA rompe a barreira da empresa que pensa só no curto prazo, beneficiando-a com longevidade e resiliência.
- Executivos Profissionais. Quando a companhia contrata algum(ns) executivo(s) (CEO, CFO, etc) com experiência de mercado, sua condução se torna mais eficiente porque muitas etapas de aprendizado já foram vencidas, gerando economia financeira e de tempo. Além de também demonstrar maturidade, a organização tende a apresentar melhores resultados.
- Controladoria Estruturada. Que envolve gerenciamento de riscos, controles internos, garantia de compliance e a demonstração eficaz dos números da empresa. Este último ponto é crucial para a agilidade no processo de análise de crédito por instituições financeiras quando a empresa está buscando captar.
Aqui citamos apenas alguns fatores, mas existem diversos outros como a existência de Conselho Fiscal, de Comitês internos, de Governance Officer, e outros que a companhia pode internalizar conforme seu crescimento ou necessidade.
Empresas com apenas parte dessas ferramentas costumam ter acesso a crédito com melhores taxas e prazos mais flexíveis, pois demonstram muito mais transparência e maturidade e sua gestão.
Outro ponto que aumenta significativamente suas chances de acessar grandes volumes de crédito, é o histórico de relacionamento com o mercado financeiro. Não se trata de ser correntista há muito tempo ou amigo do gerente, trata-se de histórico quantitativo. Por exemplo no mercado de capitais, se a empresa tem excelentes resultados contábeis, mas nunca pegou empréstimos relevantes, ela pode não conseguir operações vantajosas pois não há histórico de adimplência ou inadimplência para ser avaliado. Pode parecer contrassenso, mas o mercado financeiro utiliza diversas maneiras para avaliar tomadores.
E caso a aspiração descrita em seu planejamento estratégico seja abrir capital ou realizar um M&A no longo prazo, comece hoje a elaborar em uma operação estruturada em Mercado de Capitais, pois isso limpará a fumaça no histórico de operações que os investidores tanto gostam de apreciar.
Evite implementar processos desnecessários ou criar cargos que sua empresa evidentemente não precisa, busque uma estrutura simples e eficaz, ela precisa SER bem-sucedida antes de PARECER bem-sucedida. O básico bem-feito e o keep it simple são ótimos meios de fazer sua empresa SER. Contudo, implemente os fatores que amadurecem seu negócio aos poucos sempre pensando na longevidade.
Maicon Farina
Sócio-Diretor da Lure Capital
Administrador pela PUC, Master’s Financeiro pela FGV SP, membro do Conselho Fiscal do Sicoob Unicidades, certificado ANBIMA, certificado CA IBGC, professor de Matemática Financeira e Sócio-Diretor da Lure Capital.
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