Por Andre Gildin
A inteligência artificial (IA) consolidou-se como um dos pilares da transformação digital global, redefinindo indústrias e integrando-se profundamente ao cotidiano. De 2000 para cá, mal assimilamos uma forte onda de transformação digital, acelerada pela pandemia, já enfrentamos a era da IA, marcada pela automação avançada, otimização de recursos e inovação disruptiva.
No Brasil, a IA desponta como catalisadora de produtividade e competitividade. Setores como agronegócio, saúde, finanças e varejo lideram a adoção de soluções, enquanto mais de 1.200 startups desenvolvem inovações. Startups e grandes corporações têm apostado em IA para alcançar eficiência operacional e personalização em escala.
Mesmo assim, um estudo da Cisco (2024) mostra que, embora 99% dos líderes reconheçam a urgência da IA, apenas 25% das empresas se sentem prontas para essa transformação. Isso reflete não apenas barreiras tecnológicas, mas também culturais e organizacionais: falta qualificação profissional e liderança capaz de conduzir empresas rumo a uma transformação data-driven.
Embora o Brasil esteja avançando na maturidade digital, como revela o Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr) da PwC – que aponta um salto de 3,3 para 3,7 em uma escala de 1 a 6 entre 2023 e 2024 –, ainda estamos longe do ideal.
Para desbloquear o potencial da IA, é necessário mais do que investimentos tecnológicos. Educação é um pilar central dessa transformação. A democratização do acesso à IA, especialmente em regiões menos favorecidas, depende de iniciativas educacionais robustas, desde a formação básica até a capacitação executiva.
Além disso, o avanço de regulamentações específicas, como o Marco Regulatório da IA (PL2338/2023) aprovado pelo Senado na última terça-feira (10), torna-se essencial para oferecer segurança jurídica e nortear o desenvolvimento ético e responsável da tecnologia no país. No entanto, é crucial que essas regulações não se transformem em barreiras para a inovação.
O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028, conhecido como “IA para o Bem de Todos”, prevê mais de R$ 23 bilhões em investimentos distribuídos em cinco eixos: infraestrutura, capacitação, inovação empresarial, melhoria dos serviços públicos e governança ética. Contudo, o Marco Regulatório da IA levanta preocupações quanto ao equilíbrio entre segurança jurídica e estímulo à inovação, principalmente no ecossistema de startups. A regulação é essencial, mas precisa evitar entraves que prejudiquem a competitividade.
Paralelamente, a regulamentação da IA no Brasil vive um momento crítico. O avanço de leis como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) trouxe debates importantes sobre privacidade, transparência e responsabilidade no uso de algoritmos.
Liderar na era da IA exige mais do que expertise técnica: demanda inteligência emocional, pensamento crítico e adaptabilidade. Líderes precisam adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo e participar ativamente das discussões sobre regulação e inovação. O Brasil tem potencial para ser protagonista no cenário global, mas isso dependerá de decisões estratégicas e colaboração entre governo, setor privado e academia.
Andre Gildin
Vice-presidente de estratégia na Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA) e coordenador do MBA em Inteligência Artificial para Gestão e Negócios no IPOG.
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