Rondonópolis Empresas (MT) – Em 2020 os empregos temporários ganharam mais espaço. Em Mato Grosso, a retomada forte da indústria, após agosto, e o agronegócio inflacionam o mercado. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem), Marcos Abreu, que aponta um momento de importação de mão de obra de outros Estados para cobrir a demanda de produtores rurais e da indústria da transformação.
“Está acontecendo algo que nunca aconteceu antes. O comércio, que geralmente procura mão de obra temporário, teve redução no ano passado e a indústria, que em novembro cessa as contratações, está atrás de pessoal”, disse.
Segundo ele, o cenário na indústria pode ser explicado por dois fatores que confluíram, um para o outro. A retomada das atividades em agosto foi surpreendida por uma demanda de pedidos acima das estimativas. É a mesma imprevisibilidade que atingiu o abastecimento com insumo e atrasou as entregas.
Afastamento por contágio
Paralelamente, os empregados efetivos afastados por causa do contágio pelo novo coronavírus precisaram ser substituídos para não reduzir o fluxo de produção. As situações elevaram a procura por empregados para um intervalo de até seis meses de contrato.
“O trabalho temporário pode ser realizado por dois critérios: a substituição dos efetivos e para uma demanda complementar, para um determinado período. Ambos estão ocorrendo neste momento”, pontua Marcos Abreu.
O agronegócio tem uma necessidade estendida, que chega à indústria. Segundo a associação, os produtores de Mato Grosso estão com safras atrasadas e estão optando pela contratação de mão de obra temporária, por causa da alta da soja nos Estados Unidos, que torna a compra para atender clientes menos atrativa.
Os frigoríficos e a indústria de alimentos estão no topo de nichos em procura por trabalhadores. E a falta deles tem favorecido a negociação de salários. Conforme a Asserttem, o ganho não tem ficado abaixo de R$ 1,5 mil em Mato Grosso, enquanto em outros Estados a negociação gira em torno de R$ 1,2 mil.
Mercado aquecido
A Asserttem diz em pesquisa que mais de dois milhões de pessoas foram contratadas em trabalho temporário no ano passado no país. Houve crescimento de 34,8% na comparação com 2019, ano com 1,4 milhão de vagas. O crescimento se deveu principalmente à situação de pandemia, com fechamento de estabelecimentos e perda de faturamento em vários segmentos econômicos. Em janeiro 2021, o mercado continuou a crescer no mesmo patamar em relação ao mesmo mês de 2020.
“O trabalho temporário pode ser realizado até por seis meses. Um dia após esse prazo, o contrato torna-se automaticamente efetivo. Mas, enquanto durar a pandemia e a insegurança sobre a manutenção dos estabelecimentos, o trabalho temporário é uma opção mais viável”, pontua Marcos Abreu.
Também tem crescido no mesmo período, o número de contratos temporários efetivados pelas empresas. O histórico da Asserttem tem média de 15%; mas em 2020 esse fatia subiu para 22% e tender a passar para 25% neste ano.