Campo Grande Empresas (MS) – De janeiro a abril deste ano, Mato Grosso do Sul registrou a extinção de 1.352 empresas, número recorde na série histórica divulgada pela Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul (Jucems), superando as 1.304 apontadas em 2020, ano que, até o momento, detém a marca de maior número de empresas fechadas voluntariamente na história do Estado.
O avanço no fechamento de empresas coincide com os efeitos da pandemia de coronavírus na atividade econômica estadual. Contudo, no mesmo período, também houve recorde na abertura de novos negócios.
Os números mostram que Mato Grosso do Sul vinha em crescente na extinção de empresas –ocorrendo o mesmo em relação à constituição. Já as alteradas mantiveram certa estabilidade (mais de 22 mil ao ano desde 2017).
Considerada a etapa mais trágica para um negócio, a decretação de falências praticamente parou: foram apenas 3 em 2020, ante 7 no ano anterior. Desde março, quando a pandemia de Covid-19 se tornou realidade no cotidiano das pessoas, não houve novas falências encaminhadas pelo Judiciário estadual –que é quem cuida desses processos– à Jucems.
O quantitativo de empresas extintas registrou alta a partir de 2015 –em 2014, foram 1.668, recuo na comparação com as 2.499 que fecharam as portas em 2013. Naquele ano, a Jucems registrou o fechamento de 2.191 empresas.
Houve salto para 2.670 em 2016, 2.937 em 2017 e 3.245 em 2018. No ano seguinte, houve uma queda sensível, com 3.130 negócios encerrados. Porém, em 2020, o número saltou para 3.961, o maior volume de negócios fechados na história de Mato Grosso do Sul.
O ano passado também foi marcado pela série de medidas para enfrentamento da pandemia de coronavírus, que incluíram a limitação na quantidade de clientes até a proibição para funcionamento de diversos negócios. Do total de empresas fechadas em 2020, 1.304 encerraram as atividades entre janeiro e abril.
Os números deste ano já superam o do mesmo período do ano passado. No primeiro quadrimestre, foram 1.352 empresas fechadas, a maioria em março, com 386 –em 2020, o recorde do quadrimestre foi em janeiro, com 395; com julho tendo a pior marca do ano: 419.
A situação se estende, também, às extinções de filiais: foram 831 fechadas em 2020, sendo 161 nos 4 primeiros meses do ano passado. De janeiro a abril deste ano, já houve 183 filiais extintas voluntariamente.
Os dados não incluem os MEIs (microempreendedores individuais), que incluem autônomos e proprietários de pequenos negócios e que, no intervalo de 1 ano, ganharam acréscimo de mais de 28 mil –eram 142.337 em abril de 2020 e 169.189 no mesmo mês deste ano.
Copo vazio, copo cheio
No outro lado, também há um recorde no volume de empresas constituídas –que já vinha aumentando desde 2016, quando foram 5.921 abrindo as portas. Depois, foram 6.046 (2017), 6.360 (2018), 7.087 (2019) e 7.903 no ano passado. De janeiro a abril de 2020, foram 2.361.
O número já foi facilmente superado no primeiro quadrimestre de 2021, com 3.088 empresas constituídas no Estado.
Por outro lado, o mesmo fato não envolveu a constituição de filiais. Em crescente desde 2016 (1.132), atingiu 1.755 em 2019. Contudo, no início da pandemia, o número caiu para 1.376.
Já em 2021 há uma reação, com 403 filiais abertas. Mais que as 359 de 2020, mas ainda abaixo das 560 de 2019.
Ao analisar os números, o diretor-presidente da Jucems, Augusto César Ferreira de Castro destacou o aumento na comparação entre o primeiro quadrimestre dos dois anos, com um aumento de 48 empresas fechadas em 2021 (3,68% acima de 2020). Ele também correlacionou os dados da Junta à realidade imposta pela Covid-19.
“A média mensal de fechamentos nos 12 meses de 2020 foi de 330 empresas, que comparado com a média mensal de janeiro a abril de 2021, de 338, demonstram que os agentes econômicos de Mato Grosso do Sul se ajustaram à uma nova realidade para empreender no atual ambiente de negócios gerado pela pandemia”, destacou, via assessoria.
Castro ainda alertou que, a partir de agora, virão novos dados que mostrarão outra dimensão dos impactos da pandemia nos negócios.
“A partir de abril de 2020, as extinções de empresas refletiram dois fatores principais: o primeiro foi o benefício concedido pelo Governo Federal através da Lei da Liberdade Econômica, que isentou o recolhimento da taxa de serviços cobrada pelas juntas comerciais brasileiras para registro do ato de extinção da empresa. E o segundo, de maior impacto, que foram os efeitos nas atividades econômicas decorrentes das medidas adotadas pelos Estados e municípios para conter o avanço da pandemia causada pelo coronavírus”, anteviu.
O gestor da Jucems ainda destacou que o saldo entre aberturas e fechamentos de empresas no primeiro quadrimestre de 2021, com 1.736 empreendimentos abertos, “representa o melhor desempenho para o período desde o exercício de 2013, que teve um saldo positivo de 2.101 empresas, sendo que na oportunidade não havia a isenção de taxa para que o empresário fechasse a sua empresa”.