As gestões de processos e financeira são sempre assuntos delicados nas empresas brasileiras. Nas goianas, como dizem nossos conterrâneos: “vixe, credo!”. Em alguns grupos, o feeling vale mais do que qualquer reorganização e reestruturação profissional do negócio. Este tal de feeling, aliás, é um dos motivos de várias empresas locais e regionais em processo de Recuperação Judicial.
Muitas empresas estão optando pela terceirização, o BPO (sigla em inglês para Business Process Optmization), de áreas mais sensíveis. A decisão é discutível para muitos, mas vale evoluir no assunto. As zonas periféricas do negócio já estão bem arranjadas com terceiros. As empresas compreenderam e se adaptaram. No começo, relembremos, se dizia: “Vou entregar a portaria, a segurança da empresa a ‘desconhecidos’? À empresas que não terão responsabilidade, não conhecem a cultura do negócio? É uma perda de valor, pois não compreenderão a tradição da marca, da família…” e tantos outros dilemas (hoje, até bobos) dos momentos iniciais.
O passo seguinte é avançar um pouco mais no organograma do negócio e dentro de áreas mais estratégicas avaliar o custo-benefício do BPO, como a gestão financeira. Não tenho a pretensão de defendê-la para todos os negócios e culturas empresariais, mas é um caminho razoável. Não vamos longe: nas grandes empresas, as consultorias não estão presentes no cotidiano. Fazem um papel relevante e cumprem missões, muitas vezes provisórias, que poderiam ser de colaborador efetivo.
Empresas de médio e pequeno porte, por exemplo, por serem menos complexas, podem ter condições de terceirizar parte do financeiro. Não fazem a contabilidade fora? Agregar a parte menos sensível do financeiro é uma alternativa. É tentar antecipar a profissionalização, trabalhar como grandes empresas, a custos menores, mas com elevados níveis de cobrança e controle.
Várias empresas goianas já trazem, da experiência e bom relacionamento com seus contadores, os profissionais da área financeira para atuar, terceirizado pelo próprio escritório contábil, dentro da empresa. Fazem o serviço de base, como gestão e emissão de notas fiscais, controle de fluxo de caixa, conciliar contas, pagamentos e recebimentos diversos, produção de relatórios financeiros e indicadores, mas sempre controlado e monitorado por sistemas de TI e gerentes internos. Muitas vezes, em uma média empresa, o próprio dono faz este papel de liberação e validação.
Desta forma, a terceirização é uma maneira de integrar mais a empresa e seu escritório contábil, ampliando o acerto entre o contábil e o financeiro, com maior precisão na coleta de dados. É ter uma equipe maior, mais experiente e com um custo menor, principalmente, trabalhista. É poder fazer movimentações com mais agilidade – trocando profissionais que não se adaptarem à empresa. Como disse, a tecnologia e auditorias externas ajudam no reforço e acompanhamento.
Reforçando, o BPO financeiro não é o ideal para todos os negócios, mas não é algo impensável – aliás, muitos já transferiram para o escritório contábil parte das atividades do financeiro, focando mais no comercial e no produto/serviço final da empresa. É recomendável ter boa noção financeira pois a gestão se dará por relatórios estruturados e indicadores diários e ter, para isso, um bom aparato tecnológico, pois os softwares financeiros garantem uma operação mais segura e automatizada.
O êxito neste BPO está na escolha do escritório e adaptação da equipe interna. Experiência e histórico de acertos em projetos anteriores dos interessados na ‘conta’, além da validação das informações apresentadas na proposta com a carteira de clientes são uma necessidade. Fazer uma terceirização gradativa do departamento também ajuda na quebra de cultura. Como já ocorreu no passado, é um momento de quebra de paradigmas e maior especialização e valorização da execução. O executivo moderno deve estar atento às oportunidades e mudanças.