Por Ubirajara de Lima Ferreira Junior
Em 2015, a taxa Selic (taxa básica de juros) teve sua maior alta desde 2006, atingiu 14,25% ao ano e levou o Tesouro Direto (Investimento em títulos do Governo Federal) a oferecer remuneração pré-fixada de 17% ao ano.
Para o investidor Brasileiro, se tornava muito atrativo retirar seus investimentos da economia real a apostar nesses títulos, dado o baixo risco e a garantia de rentabilidade invejável, em comparação à obtida por investidores de renda variável.
Não é por acaso que o Ibovespa (Índice das Ações Brasileiras) atingiu o patamar mais baixo desde a crise de 2008. Afinal, com a renda fixa remunerando tão bem, quem iria se aventurar nos investimentos em bolsa?
Após 2016, tivemos importantes melhoras no cenário político e econômico do país, a inflação recuou, o PIB voltou a subir, o dólar que chegou a mais de 4 reais voltou a ceder, permitindo que a taxa pudesse aos poucos ser controlada e voltar a patamares mais interessantes para se investir em renda variável.
A pandemia do COVID, que se espalhou mundo afora no início de 2020, trouxe muitos problemas econômicos e incertezas para empresas e governos. Com o objetivo de minimizar danos e incentivar a economia, uma das saídas foi a diminuição da SELIC. No Brasil, o BACEN (Banco Central Brasileiro) espremeu a taxa SELIC a patamares inéditos e, em agosto de 2020, o COPOM (Conselho de Política Monetária), responsável pela definição da taxa de juros país, reduziu a taxa para 2% ao ano.
A redução da SELIC trouxe diversas oportunidades de investimentos em renda variável, o clássico CDB bancário de novo, voltou a render quase nada.
Essas oportunidades fizeram com que o número de investidores na bolsa de valores do Brasil (B3) dobrasse desde 2020, atingindo atualmente 4 milhões de pessoas. Com a renda fixa rendendo menos que 0,15% ao mês, o mercado de ações recebeu de braços abertos esses investidores, que foram induzidos a realizar investimentos de risco, na tentativa de melhorar a rentabilidade de seus investimentos.
Em março de 2021, com o objetivo de controlar a inflação e o dólar que voltaram a subir forte, o governo, por meio do Bacen, iniciou ciclo de majoração da taxa Selic, que saiu de 2% aa para 7,75% aa, na última reunião do COPOM, realizada em outubro. Haverá novo encontro em dezembro e o mercado já precifica como certa uma alta de pelo menos mais 1%.
Esse cenário de incertezas trouxe de volta, um grande aliado dos investidores brasileiros, a renda fixa. Com um mercado mais maduro e de fácil acesso, os investimentos que ofereciam resultados que antes só grandes volumes conseguiam alcançar, hoje estão disponíveis em todas as corretoras a partir de R$ 1.000,00.
O investimento que melhor retorno ofereceu neste complexo ano de 2021?
Títulos indexados à inflação, que em alguns casos a rentabilidade atingiu mais de 15% ao ano.
E o que vem por aí, dado o cenário de incerteza nos campos político e econômico? Incerteza em dose dupla!
Em 2022 teremos eleições federais e estaduais no país, o que deve trazer ainda mais volatilidade para o mercado e oportunidades para os investidores de renda fixa.
É a hora de surfar na tormenta no mundo da renda fixa e garantir investimentos seguros e com taxas atrativas.
Ubirajara de Lima Ferreira Junior
Administrador pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec – RJ)
AAI – Agente Autônomo de Investimentos junto à XP Investimentos
Sócio-Diretor na InvestSmartXP – GO
Palestrante nos mercados de Renda Fixa e Variável