Por Vinicius Rios Bertuzzi
Nos últimos dias, diversos veículos de comunicação informaram o fechamento de mais de 100 lojas da varejista Polishop, estando ela sofrendo com dezenas de processos de despejo e execuções que ultrapassam a ordem de R$ 9 milhões. Tal situação implicou na redução do quadro de funcionários e das lojas físicas para a metade do que tinha no início deste ano.
Por sua vez, o fundador e CEO da Polishop, João Appolinário afirmou que o fechamento das diversas unidades físicas foi necessário para a reestruturação do negócio, ante o momento atual do mercado de varejo, preparando-se para a expansão do mercado de franquias nos próximos meses.
Fato é que isso tudo é reflexo do varejo pós-pandemia, que não se recuperou e ainda vai demorar a se recuperar. Houve uma retração no mercado de consumo e as linhas de crédito com juros cada vez mais altos fizeram com que as dívidas crescessem e a capacidade de pagamento do varejo caísse. A conta não fecha (para o varejo) e ela sempre chega.
Por muito menos, empresas pedem recuperação judicial e chama atenção na fala de João Appolinário o intuito de reestruturar seu negócio, cenário este que passa, necessariamente, por um processo de renegociação de suas dívidas, ambiente que apenas um pedido de recuperação judicial, leia-se reestruturação, proporciona em sua plenitude. Em outras palavras, a luz no fim do túnel muitas vezes passa por um processo de renegociação coletiva bem feito.
Se a Polishop pedirá recuperação judicial, nós não sabemos ainda, mas é inegável que está em um cenário propício para tanto e equivoca-se quem acha que o momento correto para esse tipo de decisão é apenas quando falta dinheiro no caixa, pois a crise de liquidez é simples reflexo da necessidade de se pedir recuperação judicial.
Quero dizer que a lógica, por mais difícil que seja, deve ser inversa, visto que o pedido de recuperação judicial torna pública sua dificuldade econômica, de modo que boa parte da operação empresarial se dará à vista, tornando compras a prazo cada vez menos frequentes, por exemplo, de modo que o caixa precisa estar em equilíbrio.
Portanto, se você, empresário, está com dificuldades de caixa na sua empresa, talvez já esteja passando da hora de avaliar a possibilidade de pedir recuperação judicial, pois esta serve, ao contrário do que muitos dizem, para reestruturar seu negócio.
Até a próxima!
Vinicius Rios Bertuzzi
Sócio e coordenador jurídico do escritório full service Aluizio Ramos Advogados Associados, Administrador Judicial pela Escola Superior da Magistratura do Estado de Goiás (ESMEG) em conjunto com a Escola Superior da Advocacia (ESA-GO), possui LL.M (Master of Law) em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ) e atua em processos de recuperação judicial, falência, renegociação de dívidas e execução