Todos os anos, expositores participam da Aldeia Multiétnica com a expectativa de comercializar seus produtos e gerar renda para suas famílias, o que torna o evento uma importante data para o calendário econômico dos participantes. Neste ano, a Feira de Experiências Sustentáveis do Brasil, que é um projeto patrocinado pelo SEBRAE que acontece dentro da Aldeia, é a responsável por fortalecer as comunidades tradicionais por meio da valorização das práticas e saberes indígenas. A feira propõe uma imersão na cultura dos povos originários e comunidades tradicionais participantes a partir do comércio dos produtos da sociobiodiversidade.
A Feira de Experiências Sustentáveis do Brasil se iniciou na Aldeia Multiétnica, no dia 13 de julho, e continua até 27 de julho, encerrando no XXIV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. Uma minuciosa curadoria reuniu os expositores, que levou em consideração o quanto os produtos proporcionam uma aproximação aos conhecimentos tradicionais, ancestrais, produzidos de maneira sustentável, celebrando a sociodiversidade e apoiando a economia da floresta em pé. A primeira etapa, de 13 a 20 de julho, reúne 12 de algumas das 25 associações, comunidades e artesãos que fazem parte da Rede Multiétnica, um projeto de fortalecimento da economia produtiva de povos indígenas.
A expectativa não é contribuir somente com a geração de renda, mas também com objetivos estruturantes de toda a cadeia produtiva, gerando impactos positivos para as comunidades e fortalecendo a rede de valorização da economia da sociobiodiversidade. Neste ano, o patrocínio do SEBRAE possibilitou a oferta de oficinas de capacitação como Gestão do Artesanato e Marketing e Comunicação. O intuito é desenvolver as capacidades dos participantes. Em 2024, também foi possível conquistar avanços para o projeto em termos de infraestrutura, qualificação dos estandes e comunicação.
O coordenador da Feira de Experiências Sustentáveis do Brasil, Leonardo Porto, explica que a feira é uma grande oportunidade para os não-indígenas que frequentam a Aldeia Multiétnica desenvolverem conhecimentos acerca dos processos produtivos artesanais. “Quem vem à feira pode conhecer e adquirir produtos de diversas regiões do Brasil, conhecer pessoalmente algumas das pessoas que os produzem, conhecer suas histórias e processos criativos”, comenta.
A Aldeia Multiétnica
Mais do que um evento, a Aldeia Multiétnica é um projeto sociocultural que desde 2007 atua no fortalecimento das culturas e lutas políticas de grupos de mais de 10 etnias indígenas de todas as regiões e biomas brasileiros. Algumas delas: Kayapó/Mebêngôkré (PA); Avá Canoeiro (GO); Krahô (TO); Fulni-ô (PE); Guarani Mbyá (SC); Xavante (MT); Povos do Alto Xingu (MT); Kariri Xocó (AL/DF); e Karajá (TO). A XVI Aldeia Multiétnica é patrocinada pela Embratur.
No evento, que este ano chega à 16ª edição, indígenas de todas as regiões do País se reúnem para apresentar seus saberes, modos de fazer e usos e costumes de diversas maneiras (cantos, dança, gastronomia, pinturas corporais, arte); compartilhar as lutas por seus direitos originários e para manter suas culturas e territórios tradicionais; e debater com indígenas e não-indígenas as temáticas a respeito da realidade nas aldeias, por meio de rodas de conversa e da convivência diária com os participantes.
Mais de 10 mil indígenas de todas as regiões do Brasil já participaram da Aldeia Multiétnica. A participação se estende a pesquisadores, indigenistas, biólogos e especialistas em diferentes áreas referentes aos povos indígenas e comunidades tradicionais, que agregam às discussões e proposições da programação do projeto. Fora o evento no mês de julho, a articulação junto aos povos participantes acontece ininterruptamente ao longo do ano na Chapada dos Veadeiros, em Brasília e nos territórios indígenas.
A Aldeia Multiétnica é realizada pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge em parceria com o Centro de Estudos Universais – AUM, entidades privadas sem fins lucrativos. Os preços dos pacotes da vivência são cuidadosamente calculados pela equipe, que organiza o evento desde 2007. Esses custos incluem alimentação para cerca de 300 pessoas, contratação de profissionais para todas as fases do evento, transporte e alimentação dos grupos indígenas de suas aldeias e manutenção da infraestrutura do
espaço. As vendas dos pacotes e entradas diárias cobrem as despesas e garantem a continuidade do projeto.
A programação completa está no site www.aldeiamultietnica.com.br.
As informações sobre a vivência podem ser acessadas no site: https://www.aldeiamultietnica.com.br/vivencias/xvialdeia/.
Ingressos para visitação diária e noturna estão disponíveis em:
https://www.sympla.com.br/evento/xvi-aldeia-multietnica—visitacao2024/2513348
A cada ano, um show encerra a edição. Além da programação com diversos artistas e músicos indígenas contemporâneos, como Tainara Takua, Cafurnas Fulni-ô, Lappa Yawalapiti, Heloisa Kariri Xocó e Owerá MC, já subiram ao palco Mateus Aleluia, Ponto de Equilíbrio, Ponto BR, Maria Gadú e Cordel do Fogo Encantado. Nesta edição, o encerramento fica por conta de Zeca Baleiro, que recentemente criou a trilha sonora do filme “De longe toda serra é azul”, sobre a vida do indigenista Fernando Schiavini, um
dos idealizadores da Aldeia Multiétnica, que também será lançado na ocasião.
Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla.
Onde acontece
A Aldeia Multiétnica está localizada em uma área de preservação ambiental do Cerrado de altitude com plantas endêmicas a 20 km de Alto Paraíso de Goiás/GO, no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
O espaço segue o formato tradicional das aldeias Jê e atualmente tem oito casas indígenas construídas por representantes dos povos Kayapó/Mebengôkré (PA), Krahô (TO), Fulni-ô (PE), Guarani Mbyá (SC), Xavante (MT), Kariri Xocó (AL/DF), Alto Xingu (MT), Yanomami (AM) – esta última, no centro da Aldeia, foi desenhada por Davi Kopenawa, importante liderança, especialmente para o projeto, e é um lugar de trocas e encontros entre todas as etnias. Um circuito cultural único, a oportunidade de conhecer a arquitetura tradicional e os modos de vida desses povos a apenas 220 km de Brasília.
Fora isso, três cachoeiras fazem parte do espaço e estão inclusas na experiência: Almécegas I, Almécegas II e a recente Almécegas III, exclusiva da Aldeia Multiétnica. Uma praia do Rio dos Couros completa as opções do atrativo.
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